É domingo, estou na Igreja e assisto a uma discussão, com nervos à flor da pele. Um dos irmãos que é responsável distrital pelo canto (música religiosa) fez, há uma semana, correcções que caíram mal a um grupo doutros irmãos locais (naturais daqui). O homem que fez a sugestão para a mudança de alguns procedimentos, que na sua visão não se encaixam no Manual da Doutrina Metodistas, tem outras experiências, outros conhecimentos e práticas do Metodismo vindo da América com William Taylor (18.03.1885)... Mas os outros não o perceberam e fizeram outras analogias com países que ficam a Leste de ANGOLA onde os cultos se parecem a shows musicais...
- "É a nossa cultura em evidência. Os do Leste festejam, cantam e dançam... mexem o corpo. Alegram-se. Os cultos são demorados. Sempre fomos assim. Etc. Etc..." Só faltou dizer que a "Igreja é nossa" ou que "aqui mandamos nós" e os nossos hábitos...
Pior de tudo foi que o homem julgado em plena junta estava ausente, sem se poder defender das inúmeras acusações que lhe eram feitas... Olhando para os que não se expressam em português, a língua deixada pelo colono em Angola para fazer do país nascente uma Nação, fica-se sempre com a falsa ideia de se estar perante estrangeiros, mas a coisa pode não ser bem assim. Em território "Leste", pude ver que estrangeiro sou eu. Eu que também pensei um dia, tal como o meu irmão malanjino, na uniformização da doutrina e rituais de culto dos Metodistas Unidos, ignorando os hábitos e diferenças culturais dos povos do leste/nordeste de Angola onde a falta de bibliografia devia apenas levar à tradução de livros, mantendo-se tudo como é em Luanda, no Huambo, no Namibe, em Catete, e noutros pontos onde se olha para a pauta antes de se entoar o hino…
Notei que muitos se sentem (re)colonizados pelos ambundu e estão dispostos a salvar a honra com tungos e tufos, se for possível... Outro chegou mesmo a sugerir que o pastor dirigisse dois cultos: um para os do Leste (locais) e outra para os vindos doutras paragens (ambundus e ovimbundu) que defendem o Metodismo segundo a doutrina.
E quem fala abertamente em tungos fala (pensa) em surdina em muito mais. Senti que apesar de uns estarem a favor desta ou daquela forma de cantar todos são um corpo etnico que se expressa na mesma língua para que outros fiquem a "ouvir navios"… Porquê se em português todos nos entendemos?
... E, mais uma vez se provou que é mais estranho o ambundu do que o Zairense com quem se partilha a língua local, ou seja; a língua local é mais unificadora do que a portuguesa, mesmo que sejam pessoas de países diferentes (Angola e RDC).
Vamos procurar um metodismo à medida das ovelha!
Que vivamos unidos na diversidade, com nossas diferenças...
Que Deus nos ilumine!
AMEN!