São 7h e 21 de Domingo, dia 23 de Setembro. Naquele tempo era o período da retomada das aulas no ensino geral (primário). E lembro-me do ingresso na OPA que era simultâneo à entrada na escola do povo. Minha estreia (na pré-kabunga) foi em 1981. E cantávamos.
- Bom dia camarada professor. Pioneiro de Agostinho Neto na Construção do Socialismo, Tudo pelo povo.
E eram bons tempos para aquela infância despreocupada. Sem Games, tão pouco Ply stations e outros inventos de agora. Computador? - Quem ouvia falar nisso?- Ninguém (na buala).
E vieram em 1983 os confrontos entre os Cdas das Fapla e a unita. E fomos recuando, recuando. Antes só se recuava não haviam deslocados como se diz agora. Éramos recuas. Acompanhávamos os (des)avanços das gloriosas Faplas.
Tanto recuamos, minha mãe, minhas três irmãs e eu (pois já éramos órfãos de pai desde 1982) que chegamos a Luanda. Cidade grande e alheia. Tínhamos que ser "baptizados". A mãe nos negócios do género (comida da loja), eu o mais velho a ajudá-la e às vezes fazendo o meu próprio negócio para suportar a compra de cadernos e roupa. Mais à vontade as minhas irmãs, "zerando", ou seja, jogado ao zero.
E voltei para a escola. Sem documentos tive de recomeçar na segunda classe, quando no Libolo já trilhava a terceira. -Que fazer???
Estávamos em Setembro de 1984. Entrei na Sala 18 da escola 518 do Rangel. Era professor da turma o meu primo Arnaldo Manuel Carlos. Enquanto professor (da brigada Comandante Dangereux) tinha conseguido se reenquadrar em Luanda, pois, naquele tempo se dizia "O Professor é um combatente da linha da frente para acabar com o obscurantismo e criar o homem novo". Hoje é Primeiro Superintendente da Polícia.
No Baptismo os bandidinhos de Luanda não deixaram de exercer sua influência. E na Quarta classe perdi os documentos ficando sem realizar o exame final. O Destino foi um avanço. Regresso à terra para ganhar juízo. E ganhei. O meu regresso à "Metrópole", em 1990 já era um adolescente e com a sexta feita e foi motivado por um outro recuo. A guerra piorou. Os professores doutras terras tinham ido embora e não haveria em 1990 o terceiro nível na Escola Nkuame Krumah.
Posto em Luanda, já não éramos nós que nos despedíamos com o _ Até manhã Cda professor, se Deus quiser amanhã viemos mais... eram outras crianças. E o ciclo estava no fim.
Olhando para a degradação de valores em todo o país, penso hoje que tipo de homens constitui a minha geração. O Homem novo sonhado ou um homem até um pouco ultrapassado?
- Bom dia camarada professor. Pioneiro de Agostinho Neto na Construção do Socialismo, Tudo pelo povo.
E eram bons tempos para aquela infância despreocupada. Sem Games, tão pouco Ply stations e outros inventos de agora. Computador? - Quem ouvia falar nisso?- Ninguém (na buala).
E vieram em 1983 os confrontos entre os Cdas das Fapla e a unita. E fomos recuando, recuando. Antes só se recuava não haviam deslocados como se diz agora. Éramos recuas. Acompanhávamos os (des)avanços das gloriosas Faplas.
Tanto recuamos, minha mãe, minhas três irmãs e eu (pois já éramos órfãos de pai desde 1982) que chegamos a Luanda. Cidade grande e alheia. Tínhamos que ser "baptizados". A mãe nos negócios do género (comida da loja), eu o mais velho a ajudá-la e às vezes fazendo o meu próprio negócio para suportar a compra de cadernos e roupa. Mais à vontade as minhas irmãs, "zerando", ou seja, jogado ao zero.
E voltei para a escola. Sem documentos tive de recomeçar na segunda classe, quando no Libolo já trilhava a terceira. -Que fazer???
Estávamos em Setembro de 1984. Entrei na Sala 18 da escola 518 do Rangel. Era professor da turma o meu primo Arnaldo Manuel Carlos. Enquanto professor (da brigada Comandante Dangereux) tinha conseguido se reenquadrar em Luanda, pois, naquele tempo se dizia "O Professor é um combatente da linha da frente para acabar com o obscurantismo e criar o homem novo". Hoje é Primeiro Superintendente da Polícia.
No Baptismo os bandidinhos de Luanda não deixaram de exercer sua influência. E na Quarta classe perdi os documentos ficando sem realizar o exame final. O Destino foi um avanço. Regresso à terra para ganhar juízo. E ganhei. O meu regresso à "Metrópole", em 1990 já era um adolescente e com a sexta feita e foi motivado por um outro recuo. A guerra piorou. Os professores doutras terras tinham ido embora e não haveria em 1990 o terceiro nível na Escola Nkuame Krumah.
Posto em Luanda, já não éramos nós que nos despedíamos com o _ Até manhã Cda professor, se Deus quiser amanhã viemos mais... eram outras crianças. E o ciclo estava no fim.
Olhando para a degradação de valores em todo o país, penso hoje que tipo de homens constitui a minha geração. O Homem novo sonhado ou um homem até um pouco ultrapassado?
Na foto o meu filho Luciano Delfim Canhanga. Juntamente com o Fernando, a Argemara e o kota deles Mociano espero que sejam os "homens" novos.
4 comentários:
Caro Canhanga,
Venho agradecer-lhe a sua visita ao meu blog. Se deu uma volta pelos meus posts deve ter percebido que a cultura da zona onde vive (Cokwe) é o meu terreno de investigação por excelência.
Um abraço.
:) mais uma vez aqui estou... sendo jornalismo ou amadorismo... o importante por vezes é dizer ou escrever o que se sente e da maneira que melhor se conseguir exprimir... tudo isso faz sempre parte de uma notícia, aquela que nós queremos partilhar com os outros.
Em relação ao artigo... o Homem novo é uma incognita para nós... existe muita coisa hoje nesta sociedade que faz uma transformação enorme nos valores humanos.
jinho e aparece sempre, sabes isso.
Olá, irmão. Seu comentário no meu blog motivou-me a cá vir ter. sou daqueles q acham q muita coisa sobre nossa cidadania (cultura, inclusa) merecem ser buscada e publicada - cada um na base do que sabe e pode. Força.
Gociante Patissa (www.angodebates.blogspot.com)
enquanto o sonho comandar a vida...
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