Já ninguém pensa em mais nada há pelo menos 8 dias! Ruanda X Angola na passada para o Mundial.
Nem me aguento de expectativa. De repente todos os elementos que para cada um de nós querem dizer “País” sem sequer darmos conta disso, ficam muito fortes! Já comprei uma T-Shirt com a bandeira nacional, acordo a cantar o “Angola tu és capaz”, e até fervo de vontade de ir ao Ruanda ver o jogo…Como se o facto de estar mais perto a gritar “Força Palancas”, mudasse alguma coisa.
Bom, para além da ansiedade podemos fazer pouco mais a não ser controlá-la o que é difícil se tudo os que nos rodeia diz que é preciso “ganhar ou ganhar”.Tentamos, Nelson
Traquina com o livro “A tribo dos jornalistas” tem ajudado; Beto e Cigala, um DVD chamado “El negro e el blanco”, que junta um pianista Cubano e um vocalista espanhol, enche as noite de muita qualidade musical e dá para relaxar. A Internet…também ajuda.
Em pleno surf cibernáutico, apanhámos a onda do “olho atento”, com informação sobre Angola. (http://olhoatento.blogspot.com/)
Se quiserem considerar publicidade, estejam à vontade.Nas calmas pois conhecíamos pouco as ondas em que navegávamos, fomos lendo o que nos davam de informação mas, sobretudo, de opinião. Temas para debate que, me parecem, fazem falta.
Encontrei um questionamento interessante sobre os critérios de noticiabilidade, ou seja, a eterna pergunta sobre o que transforma um facto em notícia.
Os argumentos podem ser debatidos sob novos pontos de vista, questionáveis, aprofundados mas a conclusão é a que nos é dada pelo b-a –bá do jornalismo: “O interesse do público sobre um determinado assunto transforma-o em notícia.”Pelo menos, dizem os livros, é assim que deve ser.
Bom, queríamos apenas situar a conversa em torno da obra de Wiza! Ao que tudo indica o cantor está na moda e, como estamos numa coluna de opinião, podemos acrescentar “ainda bem”!Pelo que pudemos perceber lendo o “olho atento” deve andar por aí um diz-que-diz-que sobre o sucesso de Wiza.
O articulista do blog, questionava no seu artigo se se pode considerar que a projecção de Wiiza se deva à ” máquina promocional da Maianga produções, ao fanatismo dos jornalistas ou ao interesse que o público tem pela originalidade e diferença de sua música?” e dava a resposta concluindo que por muita forma que tenham as máquinas promocionais ou os jornalistas é “o interesse que a originalidade e a qualidade da música despertam no público (...) é o próprio público que o valoriza. Os jornalistas neste caso apenas seleccionam e oferecem ao público aquilo que este quer ouvir ou gostaria de ouvir. “Exactamente.Perdoem esta conversa tão cheia de citações mas de facto pareceu-me importante partilhar o que li no “olho atento” (ouvido atento também, pelos vistos).
É que em todos os países do mundo se fala muito na “construção das mentalidades” que os meios de comunicação social acabam por fazer. E é, em grande medida, verdade. Noam Chomsky, um autor norte-americano, linguista que se dedicou também a analisar os fenómenos da comunicação, proporcionou-nos, há muitos anos atrás, um documentário intitulado “manufacturando o conhecimento”.
Nesse documentário defendia-se o argumento de que a comunicação elaborada pela imprensa acaba por ter um efeito de construção de uma maneira de pensar! Dependendo do tipo de sociedade em que vivamos, constrói-se uma ideia de certo e uma ideia de errado e ficam de lado as imensas hipóteses alternativas de raciocínio. A comunicação social acabaria por resultar mais condicionadora que libertadora das mentalidades.
Uma tese interessante e com a qual concordamos embora este espaço de conversa seja curto para aprofundarmos o debate. Mas em paralelo a esta perspectiva, recordo também Pinto Balsemão, um nome conhecido pelo império de comunicação social que ergueu em Portugal. Professor, há uns anos atrás na Universidade Nova de Lisboa, Balsemão defendia que contra a tirania dos média, a liberdade do receptor está no telecomando, ou seja, no seu poder de decisão.
É verdade que, no que à televisão diz respeito, as opções em Angola são nenhumas, mas se falarmos de rádio e jornais a decisão final é, realmente, do público. Não tem qualidade? Muda de frequência, ou de semanário! Parece fácil demais e poderíamos agora entrar em considerações sobre o nível de formação desse público, uma formação que o torna mais ou menos poderoso em relação ao conceito de qualidade das suas opções.
Deixamos isso para outras conversas.Hoje por hoje o aplauso ao “olho atento”, que nos proporciona o debate e nos deixa mais uma vez claro que no fim, por muito que se procure “construir uma maneira de pensar”, é sempre o cidadão que escolhe. Wiza tem qualidade e por isso o aplaudimos também.E já agora proponho que oiçamos com mais atenção a voz de Jandira.
A Pérola anda por aí, tem um disco gravado ao qual nunca tinha restado muita atenção mas quando a pude ouvir cantar, ao vivo, senti “temos futuro”. Se a Pérola quiser, claro, e não se deixar cair nas malhas da venda fácil de discos iguais que vendem muito por um tempo e depois deixam no esquecimento o nome de quem os gravou.
Nunca reparámos quanta atenção os jornalistas ou as máquinas de propaganda deram à Jandira, mas quando a garganta de Jandira solta e se arrisca, está aqui uma jornalista que sentiu que aquela voz é o facto pode vir a ser notícia. Só depende da cantora.…Pronto…agora, se nos leu antes do jogo, leia mais e controle a ansiedade.
Até p’ra semana.
BY: Paula Simons in "A CAPITAL"
tchilunga@yahoo.com