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segunda-feira, outubro 17, 2005

Hojé é hoje

É hoje, é hoje, é hoje!

Já ninguém pensa em mais nada há pelo menos 8 dias! Ruanda X Angola na passada para o Mundial.
Nem me aguento de expectativa. De repente todos os elementos que para cada um de nós querem dizer “País” sem sequer darmos conta disso, ficam muito fortes! Já comprei uma T-Shirt com a bandeira nacional, acordo a cantar o “Angola tu és capaz”, e até fervo de vontade de ir ao Ruanda ver o jogo…Como se o facto de estar mais perto a gritar “Força Palancas”, mudasse alguma coisa.
Bom, para além da ansiedade podemos fazer pouco mais a não ser controlá-la o que é difícil se tudo os que nos rodeia diz que é preciso “ganhar ou ganhar”.Tentamos, Nelson
Traquina com o livro “A tribo dos jornalistas” tem ajudado; Beto e Cigala, um DVD chamado “El negro e el blanco”, que junta um pianista Cubano e um vocalista espanhol, enche as noite de muita qualidade musical e dá para relaxar. A Internet…também ajuda.
Em pleno surf cibernáutico, apanhámos a onda do “olho atento”, com informação sobre Angola. (http://olhoatento.blogspot.com/)
Se quiserem considerar publicidade, estejam à vontade.Nas calmas pois conhecíamos pouco as ondas em que navegávamos, fomos lendo o que nos davam de informação mas, sobretudo, de opinião. Temas para debate que, me parecem, fazem falta.
Encontrei um questionamento interessante sobre os critérios de noticiabilidade, ou seja, a eterna pergunta sobre o que transforma um facto em notícia.
Os argumentos podem ser debatidos sob novos pontos de vista, questionáveis, aprofundados mas a conclusão é a que nos é dada pelo b-a –bá do jornalismo: “O interesse do público sobre um determinado assunto transforma-o em notícia.”Pelo menos, dizem os livros, é assim que deve ser.
Bom, queríamos apenas situar a conversa em torno da obra de Wiza! Ao que tudo indica o cantor está na moda e, como estamos numa coluna de opinião, podemos acrescentar “ainda bem”!Pelo que pudemos perceber lendo o “olho atento” deve andar por aí um diz-que-diz-que sobre o sucesso de Wiza.
O articulista do blog, questionava no seu artigo se se pode considerar que a projecção de Wiiza se deva à ” máquina promocional da Maianga produções, ao fanatismo dos jornalistas ou ao interesse que o público tem pela originalidade e diferença de sua música?” e dava a resposta concluindo que por muita forma que tenham as máquinas promocionais ou os jornalistas é “o interesse que a originalidade e a qualidade da música despertam no público (...) é o próprio público que o valoriza. Os jornalistas neste caso apenas seleccionam e oferecem ao público aquilo que este quer ouvir ou gostaria de ouvir. “Exactamente.Perdoem esta conversa tão cheia de citações mas de facto pareceu-me importante partilhar o que li no “olho atento” (ouvido atento também, pelos vistos).
É que em todos os países do mundo se fala muito na “construção das mentalidades” que os meios de comunicação social acabam por fazer. E é, em grande medida, verdade. Noam Chomsky, um autor norte-americano, linguista que se dedicou também a analisar os fenómenos da comunicação, proporcionou-nos, há muitos anos atrás, um documentário intitulado “manufacturando o conhecimento”.
Nesse documentário defendia-se o argumento de que a comunicação elaborada pela imprensa acaba por ter um efeito de construção de uma maneira de pensar! Dependendo do tipo de sociedade em que vivamos, constrói-se uma ideia de certo e uma ideia de errado e ficam de lado as imensas hipóteses alternativas de raciocínio. A comunicação social acabaria por resultar mais condicionadora que libertadora das mentalidades.
Uma tese interessante e com a qual concordamos embora este espaço de conversa seja curto para aprofundarmos o debate. Mas em paralelo a esta perspectiva, recordo também Pinto Balsemão, um nome conhecido pelo império de comunicação social que ergueu em Portugal. Professor, há uns anos atrás na Universidade Nova de Lisboa, Balsemão defendia que contra a tirania dos média, a liberdade do receptor está no telecomando, ou seja, no seu poder de decisão.
É verdade que, no que à televisão diz respeito, as opções em Angola são nenhumas, mas se falarmos de rádio e jornais a decisão final é, realmente, do público. Não tem qualidade? Muda de frequência, ou de semanário! Parece fácil demais e poderíamos agora entrar em considerações sobre o nível de formação desse público, uma formação que o torna mais ou menos poderoso em relação ao conceito de qualidade das suas opções.
Deixamos isso para outras conversas.Hoje por hoje o aplauso ao “olho atento”, que nos proporciona o debate e nos deixa mais uma vez claro que no fim, por muito que se procure “construir uma maneira de pensar”, é sempre o cidadão que escolhe. Wiza tem qualidade e por isso o aplaudimos também.E já agora proponho que oiçamos com mais atenção a voz de Jandira.
A Pérola anda por aí, tem um disco gravado ao qual nunca tinha restado muita atenção mas quando a pude ouvir cantar, ao vivo, senti “temos futuro”. Se a Pérola quiser, claro, e não se deixar cair nas malhas da venda fácil de discos iguais que vendem muito por um tempo e depois deixam no esquecimento o nome de quem os gravou.
Nunca reparámos quanta atenção os jornalistas ou as máquinas de propaganda deram à Jandira, mas quando a garganta de Jandira solta e se arrisca, está aqui uma jornalista que sentiu que aquela voz é o facto pode vir a ser notícia. Só depende da cantora.…Pronto…agora, se nos leu antes do jogo, leia mais e controle a ansiedade.
Até p’ra semana.
BY: Paula Simons in "A CAPITAL"
tchilunga@yahoo.com

quinta-feira, outubro 06, 2005

Crónicas para minha Mana I

Crónicas para minha Mana

Kota. Perguntaste-me na tua mensagem como estávamos.
‘Tamos a viver. Com os nossos mortos que choram todos os dias, menos chuva que lhes molha e menos gatunos que lhes roubam os caixões e até vestimentas.

‘Tamos também a trabalhar com toda danificação possível da alma e do espírito. Parece que me enganei. Não são mesma coisa alma e espírito. Sei que a kota entende.

Aqui em Luanda José Educa já disse ao Soma kurva "fica só calmo põe mais mulher na lista e vou já tirar Libertina Ama kuacha da Nguvulação". José Educa disse também no Soma kurva para não lhe “ameaçar” mais porque vai já remodelar outros kwachas que não lhe estão agradar mais no poder.Então, ou Soma kurva aumenta mulher na lista para José educa tirar Ama kwacha da saúde ou no gurn da UNITA não se toca mais.

Na UPA também o velho Colder ‘tá pedir mais dinheiro. É isso mesmo, mais massa, kumbú.
Quer já pensão vitalícia para não se meter mais no “viva, viva ou abaixa, abaixa”. Parece vai mesmo se retirar. O comité nuclear dele já elegeu também o burro-ó político. E Sanzala é chefe de Educação e quadros. Há outros nomes desconhecidos.

Mana também ainda não te contei que o irmão do mano Samuel Avenida me ameaçou.
Entrujaram-me que ele viria para ler o comunicado da diáspora e quando um Fenula desconhecido estava já a ler com bué de palmas que lhe estavam a bater, fui perguntar ao Velho Paulo quem era. Ele mentiu-me mais que era o Samuel Avenida. Foi aí que irmão dele que ouve a nossa rádio mais do que a directora, ficou já foribundo porque meteram nome do kota dele na confusão. Até escapou mesmo já se meter no ringue com Kizembo. Mas era só no telefone. Quando cheguei contei-lhe toda verdade verdadeira do entrujamento que me meteram no congresso do "bilo" e ele ficou manso, mansinho, calmo que nem cãozinho com frio. Era só truque dele.

E a propósito mana, esses irmãos da Fenula gostam mesmo do "bilo" Era todos dias. Porrada, mais porrada, até mesmo decisão não estavam a tomar bem. Até que Wilma Tontém da intermediação lhes propôs um Nguvulo só de dez meses para o Velho Colder e fazer outra reunião de eleição. Lucas Ngoné ficou Primeiro adjunto e Angola Kabou ficou segundo. No lugar de secretário-geral meteram lá Chico Mentes. Dizem que cargo dele era igual no governo de Lucas Ngoné. Este, continua mesmo bué Ngoné porque quer ganhar, mas parece estava para perder com aqueles velhos todos a seguir no rasto do Colder.

Perdeste, mana, esses bilos todos da Fenula, mas estás ‘mbora a ganhar com as ele-sons da América. Conta-me depois, mana.

Tchau e diz-me agora onde estás, mana, para eu saber também. E depois guarda esta carta para me dizer quê que a mana está a achar da minha brincadeira. Aliás, desculpa-me, mana, porque com kota não se brinca, a menos que a mana diga que posso brincar.

By: Soberano Canhanga
Novembro 2004

O QUE VENDE O JORNAL (Inflexao)


Muitos comerciantes se perguntam como é que suas lojas que possuem prateleiras melhor arrumadas e mais apetrechadas que outras registam menor clientela.
_Não será a forma como os proprietários e ou os funcionários soltam o pregão (1) a razão que as diferencia?

Há no comércio uma máxima que reza: “Vender todos podem, porém vender muito só os mais hábeis”. Tal acontece também com os órgãos da comunicação social.

Muitas rádios, muitos jornais, muitas televisões, mesmos assuntos de reportagem e ás vezes mesmos profissionais no caso das grandes empresas de comunicação (2) porém as vendas e as audiências são diferentes. Porquê?

Talvez disséssemos que os recursos humanos são peça importante. O grau de instrução, nomes ou não sonantes, experiência profissional, etc. _Mas que tal de mesmos profissionais que trabalham para mesma Holding?

_Quantas boas e grandes notícias ficam por ler ou ouvir porque foram mal tituladas? _Quantos jornais voltam à casa, para o museu ou arquivo não por serem mal escritos ou por não possuírem boas notícias, mas porque estas foram mal publicitadas?

A forma como veiculamos a notícia e como os órgãos se relacionam com o seu público constituem-se nos grandes pregões. São como a peixeira que lança o seu pregão e contacta todos os dias os seus clientes sobre eventuais necessidades. O cliente gosta de ser surpreendido com o que quer, mas é preciso saber anunciar o que se tem. -Diz um velho livro de marketing.

Em rádio bons títulos e bem geridos levam o ouvinte, por mais pressa que tenha, até ao fim do noticiário. Tal acontece também em televisão onde as imagens falam mais do que as palavras. Na imprensa um bom título ainda que isolado, oco ou mal suportado no seu interior vende o jornal.(3)

Titular, porém, não se afigura como tarefa fácil. Porque todos podem ser excelentes repórteres e exímios redactores, mas titular é uma especificidade do jornalismo moderno. Aqui são chamados ou deveriam ser chamados os mais hábeis e experimentados, já que “é o pregão mais forte quem mais vende”. Na ausência de especialistas, o ideal seria ouvir as sugestões do conjunto de jornalistas da redacção. _Quantas vezes um bom título é sugerido pelo motorista?

_Sem nos esquecermos da “relação de pertença ou de cumplicidade”(4) que se estabelece entre os órgãos da comunicação social e os seus receptores, ”Criar interesse e levar à acção”, como aconselha a publicidade, deve ser tarefa do indivíduo que titula. Se assim acontecer HÁ COMUNICAÇÃO.


1-Pregão é aqui entendido como a forma como são geridas as relações com o público e a forma como é feito o marketing.
2-Há conglomerados como a Media Capital ou Impresa em Portugal que por si só juntam rádio, imprensa e televisão, reproduzindo as mesmas matérias nos diferentes órgãos que compões a holding.
3- Há títulos únicos que vendem o jornal por inteiro. Também há títulos que falam mais do que as notícias e aqueles que não dizem o que anunciam.
Sobre estes dois últimos aspectos deve ler: o artigo “Títulos que dizem mais dos que as notícias” desta série.
4- É importante que órgão tenha o feedback e saiba na medida do possível satisfazer a expectativa dos seus ouvintes, leitores, telespectadores que são ao fim ao cabo os seus clientes.

Soberano Canhanga