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sexta-feira, dezembro 08, 2023

DO LARGO DO AMBIENTE AO SANA

(Sob cheiro nauseabundo e sol ardente)

A aurora contava ainda instantes, mostrando tetinhas de sol. Uma demanda profissional, “madrugadora” para os hábitos que se vão instalando em Luanda de chagada tardia aos eventos, levou-me a percorrer parte da Avenida Gamal Abdel Nasser (do Largo do Ambiente à intercessão com a Rua da Muxima e desta à intercessão com a Rua Direita de Luanda (junto ao Epic Sana).

Tal levou-me ao já longínquo ano de 1985, quando conheci a Missão Metodista e zona adjacente que percorríamos no final dos ensaios para a comemoração do Centenário da Igreja Metodista que aconteciam na Igreja Central ou Missão Metodista como também foi e é ainda conhecida.

Pude rever o Museu de História Natural e, na viagem ao passado, rememorar o seu interior, ouvir as vozes dóceis das guias, assim como galgar as escadas e aquela passagem inferior qur se diz(ia) "actuam no local, forças incógnitas que fazem os carros se movimentarem mesmo sem aceleração".

Entretanto, voltando ao mundo real, a transformação da área foi tão rápida, adversa e controversa que alguns iluminados ou afortunados acabaram por se apoderar e “concretaram” o horto botânico que se achava na zona do Kinaxixi, fazendo desaparecer toda aquela exuberância verde que hoje só há memória em livros do passado.

A calçada superior, da Avenida Gamal Abdel Nasser, apesar de ter ao lado vizinhos cujas moradias denunciam posses e esperando-se deles (e de seus dependentes) higiene, parece-se a um “montulho” de imundícies entregues a corvos e porcos.

Tudo quanto pude apreciar, ao longo da minha caminhada (ida e na volta com o dia já ensolarado), o comportamento dos residentes e frequentadores se resume no seguinte: abriu gasosa lançou à calçada; usou absorvente, atirou ao apeadeiro; descartou repolho, idem. Um descaso total e imundície sem igual em cidades dignas deste registo. 

A excepção são as três roullotes instaladas sobre a calçada que lutam, contra gigantes assépticos, deixando apresentável o estreito espaço à volta. Mas há um ar pesado e carregado de asco que polvilha o ambiente envolvente e afugentando qualquer requisição estomacal.

Até o lancil desabado da Gamal Abdel Nasser aguarda pelo tombo de um carro para despertar a atenção. Alguém viu aquilo a ruir por dentro?

Que cidade é essa em que dizemos viver e que citadinos são esses que não zelam pela urbe que dizem sua?

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