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sábado, abril 22, 2017

CHORANDO POR ALGO ALHEIO


Conheci Panguila no início da primeira década do séc. XXI.

Primeiro, foi para alimentar a curiosidade de conhecer o famigerado Kifangondo, onde "os mercenários zairenses e outros tantos angolanos que pretendiam impedir a proclamação da independência, pelo MPLA, a 11.11.1975, foram travados". Depois, foram as "cacussadas" que o meu amigo AML me proporcionava de vez em quando, e ainda idas à CAOP para ver os pais do meu compadre Martins.

O momento mais marcante dessas idas a Cacuaco, Kifangondo, CAOP e Panguila foi quando a UNITA ATACOU Caxito. Eu tinha acabado de receber o telefone "Repórter LAC". Xê, só banga?! Não vale a pena!! Acabei fazendo um directo e exclusivo para o noticiário das 12 e 30. Parece que uns tinham receio de informar o sucedido para não amedrontar o povo de Luanda. As pessoas chegavam ao Panguila exaustas, sem saber dos seus familiares e haveres. O clima era de medo e preocupação. Falei com alguns deles. A má-nova não tinha ainda sido veiculada na emissora pública. Liguei ao Director de Informação, "Zé Roda", e fiz o directo. Foi um "show". Às vezes, "a inocência do repórter e a ousadia do chefe" resultam em bons trabalhos. Fomos os primeiros a informar Luanda e arredores daquele bárbaro ataque.

Nos últimos 15 anos, visitei o Panguila (aldeia) só mais duas ou três vezes: o bairro em construção, onde esperava por uma mão caridosa e um tecto (enquanto não tive casa, qualquer servia) e visita a um casal amigo que lá mora.

Em abono da verdade, nunca tinha adentrado o bairro. Nunca fui às zonas mais profunda daquela "urbanidade"(?!), como o Sector Sete (de baixo e de cima), Sector Oito, entre outros mais distantes da estrada Cacuaco-Caxito.

Se o mercado que acolhe os vendedores do antigo mercado Roque Santeiro é um encanto, o mesmo não se pode afirmar, com todas as letras, quanto ao bairro interior. Algumas casas a despencar por causa da erosão da argila, traçados para ruas repletos de capim, lodo e buracos se revezando aí onde se circula, etc.

Acho que o Panguila é uma "urbanidade" muito nova para ficar do jeito em que os meus olhos o enxergaram. É também muito próximo de Luanda e não devia se transformar numa aldeia rural (que pode vir a ser, caso aquele estado se mantenha progressivo).

Texto publicado no Semanário Nova Gazeta.

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