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quinta-feira, outubro 29, 2015

A HORA DA GOVERNAÇÃO ELECTRÓNICA

 
Era hora de almoço. No serviço, uma repartição pública da cidade alta do Huambo, Job Katende e seu amigo Manuel Duas Horas falavam sobre os avanços tecnológicos entre o cruzamento dos Séculos XX e XXI e as dificuldades e resistências que ainda se verificavam nas Organizações do Públicas e também em algumas privadas.
- As máquinas de dactilografia fizeram o seu papel, tornando legíveis, padronizados e ágeis processos de elaboração de documentos institucionais. Depois vieram as máquinas electrónicas, programáveis, rápidas e com um output mais vistoso. Quem não se lembra de como eram tão lindos aqueles documentos processados numa máquina movida a impulsos electrónicos e que ficava a meio caminho entre a velha máquina mecânica de dactilografar e a moderno computador? – Atirou  Manuel Duas Horas, com o garfo entre a boca e o prato de pirão.
Ainda hoje me fazem saudade. - Interrompeu Job Katende, regressando às memorias com já meio século de tamanho. O Governo Electrónico deve ser um caminho para ultrapassar os problemas que estamos com ele. Pode não ser longo, até porque hoje o maior inimigo do homem é o tempo e o melhor amigo é a tecnologia. – Reconheceu puxando o colega para mais dissensões a respeito do assunto em pauta. Era hábito entre os dois buscarem uma conversa inovadora e actual para regar os manjares.
- Pois é, mano Manuel, retomou Job Katende. A adopçao da Governação  Electrónica deve ser um plano institucional com etapas bem delineadas, com recursos, capacitação do capital humano em todas as frentes da pirâmide hierárquica, e sobretudo, exige mentalização do liderança da organização. Não pode ser chamada ou evocada apenas para fazer frente a falta de papel, tonel e tinteiros, quando as pessoas não têm computadores nem usam Outlook, quando algumas organizações correm para século XXII e umas ainda teimosas no século XX. Não se deve falar de Governo Electrónico quando na mesma organização uns navegam na internet e outros nem à velha máquina sabem dactilografar. É preciso saber que o governo electrónico das empresas requer uma mesa e uma cadeira por pessoa, uma máquina que se deprecia com o tempo, mesmo que aparentemente pareçam estar em condições. Essa crise que estamos com ela passa. A crise vamos combater com inteligência, chamando soluções adequadas a cada momento e circunstâncias. Porém, chamar soluções para as quais não se esteja estruturado pode ser paradoxal. 
 
 
Mal Katende terminou o seu rosário, a sala viu entrar Nkosi Mwenaxi, especialista em tecnologias de informação a quem sempre se recorria quando o assunto fosse internet e conexos.
- Boa tarde Mano Nkosi, já sabe que andamos sempre a tertuliar para empurrar o pirão quando o almoço é em branco. Sinta-se convidado à nossa mesa e a água fica já sob nossa responsabilidade. ‘ Convidou Manuel Duas horas ávido de mais conhecimentos sobre Governo Electrónico que só há poucos dias começava a entender, deixando de o confundir com a estrutura política que rege a organização e gestão do Estado.
Atento e interessado no assunto, Nkosi Mwenaxi começou assim a sua preleção: numa era de carências, as mentes são chamadas à exercitação diária para afinar-se mecanismo e se encontrar vias expeditas que permitam o andamento da engrenagem administrativa. Sem recursos nalgumas organizações para a compra de insumos administrativos como papel, tonel, tinteiros, combustível e outros materiais de reposição permanente, a palavra Governação  Electrónica é evocada de hora a hora e sempre que os procedimentos tradicionais de elaboração e expedição de documentos se mostre impraticável.
O que é então governação electrónica e qual é a demanda da governação electrónica?
O bloguista moçambicano Viriato Caetano Dias, na sua pág: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos, afirma que a Governação Electrónica não é mais do que o uso das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no sector público e não só (...) para a melhoria de vida (das organizações) dos cidadão e do país em geral.
Segundo o mesmo autor, a aposta na Governação Electrónica, entre os mais diversos objectivos realizáveis, visa:
» Proporcionar o acesso universal à informação a todos os cidadão e funcionários  para melhorar o seu nível e desempenho profissional (administração, educação, ciência e tecnologia, saúde, cultura, etc.).
» Criar uma rede electrónica do Governo que concorra para aumentar a eficácia e eficiência das instituições do Estado e contribua para a redução dos custos operacionais e melhoria da qualidade de serviços prestados ao publico”.
Remete-nos também à ideia de facilitar o cidadão na interação com as instituições do Estado e outras, proporcionando informação adequada e actualizada aos contribuintes, disposição de bens e serviços aos utentes, através de redes cibernéticas ou portais que facilitam a informaçao, acesso aos serviços, usufruto e prestação de deveres e obrigações como o pagamento de coimas, escolha de representantes, constituição de organizações, etc.
Para a materialização dos pressupostos acima elencados torna-se necessário suprir quesitos como: equipamento, modernização, manutenção e capacitação do Capital Humano.
- O quesito equipamento remete-nos ao apetrechamento das instituições com tecnologia electrónica para dar vasão ou  fluidez aos processos. Computadores, impressoras, data shows, scanners, instalações para trafegar as informações, softwares, servidores, contas de e-mail corporativo (informação institucional não deve ser trafegada em caminhos alheios) entre outris, são imprescindíveis para que haja uma cultura de governação digital.
- A modernização tem a ver com a atualização dos equipamentos e programas cujo dinamismo de evolução não pode ser ignorado. Torna-se necessário que as organizações estejam a par da revolução tecnológica, não ficando distanciados dela, pois programas e máquinas em desuso podem complicar mais do que facilitar ao não corresponder com os exemplares modernos nem reagir no tempo e performances deles esperados.
- A manutenção é o pilar da durabilidade e fiabilidade: programas de combate às invasões virais, manutenção preventiva e reativa dos hardwares, testagens dos sistemas operativos, entre outros, devem ser permanentes para que não haja estrangulamento na recepção, processamento e saída de informações ou dados.
- Capacitação: para além da autossuperação, as pessoas e organizações a que o Capital Humano pertença têm de estar envolvidos em planos e programas de capacitação e refrescamento contínuos em TIC. Como conceber a Governação Electrónica numa organização em que haja pessoal administrativo sem conta de e-mail ou que ignore as vantagens da internet?
Podíamos elencar outros elementos, mas esses bem servem para uma reflexão preliminar. A todos eles se deve agregar o Capital Financeiro que é de extrema utilidade e condicionante.
Sendo que a necessidade nos impele a pensar fora do comum, uma vez aqui chegados, é tempo de despertar os assessores, consultores e orçamentistas para o exercício de uma magistratura de  influência positiva junto dos decisores de topo para um olhar mais atento e  agregador aos factores que podem ou não alavancar uma eficiente Governação Electrónica nas organizações públicas e privadas: é necessário investir em materiais informáticos, seguir a sua evolução, desmobilizar o  equipamento com vida útil vencida, investir em programas ou softwares de protecção, proceder as manutenções preventivas, actualizar os softwares, substituir os periféricos que se tenham avariado, etc. É desta forma que as organizações afectadas pela crise financeira ultrapassarão a crise de resultados laborais. Mesmo em agricultura, as boas safras muito dependem da forma como as campanhas agrícolas são preparadas e como o plantio foi seguido ao longo do seu crescimento. – Antes de terminar a sua preleção, Nkosi Mwenaxi que já tinha feito antever o fim, foi agraciado com uma estrondosa salva de palmas e assobios pelo auditório, ao que se despediu com um: Boa reflexão!

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