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sábado, maio 31, 2014

ACONTECEU HÁ 23 ANOS: ACORDO DE BICESSE ESQUECIDO(?)

- Já foi uma marco incontornável da nossa história político-militar, durante anos, até que se rubricaram os acordos de Lusaka, 20 de Novembro de 1994, e depois o Protocolo do Luena (Luanda 04.04.2002), adenda ao de Lusaka, que permitiu a paz que hoje vivemos em Angola. 
Aconteceu há 23 anos. No dia 31 de Maio de 1991 o Governo angolano, liderado pelo MPLA e seu Presidente José Eduardo dos Santos e a UNITA assinou, liderada pelo seu então líder Jonas Malheiro Savimbi, assinaram o Acordo de Bicesse, em Portugal (ler mais em: http://rubelluspetrinus.com.sapo.pt/bicesse.htm ).
Depois de Bicesse veio a "mini-paz" que permitiu um retorno tímido aos campos, desminar e reparar o que era possível (pontes e algumas estradas para permitir a famigerada "livre" circulação de pessoas e bens), realizar as primeiras eleições em Setembro de 1992, mesmo sob suspeições e ameaças. Mas a guerra voltou depois das eleições, cujo resultado foi rejeitado pelo maior partido da oposição, submetendo os campos, as vilas e as cidades inteiras de Angola a um clima de medo e terror, imposto pela máquina militar da UNITA que não se tinha desarmado conforme preceituado no acordo de Bicesse.
Seguiram-se entendimentos diplomáticos em Abidjan, Namibe e Lusaka onde Venâncio de Moura (à data Ministro das Relações Exteriores de Angola) e Eugénio Manuvakola (Secretário-Geral do partido do Galo Negro) tiveram de apertar as mãos, a 15 de Novembro, porque, "na hora H", Jonas Savimbi o líder guerrilheiro decidiu em não comparecer para eventualmente não se comprometer com um acordo de paz que não lhe interessava, contando que ocupava, à data, cerca de 2/3 do território nacional (Angola tem de extensão 1246700km2).
Com base no "Protocolo de Lusaka" (ler mais em: http://www.embaixadadeangola.org/acordos.htm), mediado pelo maliano Maitre Alioune Blondin Beye, o governo do MPLA criou o GURN (Governo de Unidade e Reconciliação Nacional), outro vocábulo muito falado e que se foi gastando aos poucos. Hoje já ninguém "Gurna" e os mais novos quase desconhecem esse acrónimo.
"Gurnou-se" até 2008, altura das segundas eleições em Angola, com todos os partidos que tinham representação parlamentar a fazerem-se presentes no Governo sob direcção do MPLA.
Os acordos de Lusaka, 2004, escritos as lápis, rapidamente passaram ao esquecimento, gritando mais alta a voz dos morteiros. Cidade e campos sofreram as maiores agruras e maiores privações. A rebelião chegou às portas de Luanda estação de energia eléctrica, em Viana, foi danificada pela rebelião que atacou a capital do Bengo, a escassos 60 km de Luanda. Reportei para a Comercial a chegada de deslocados de Caxito a Cacuaco.
O Acordo de Bicesse, o primeiro passo para a paz real que já se vive há 12 anos em Angola, foram rubricados há 23 anos.
Estará hoje a media angolana a recordar este importante marco da pacificação do país?

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