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quarta-feira, agosto 29, 2018

A HISTÓRIA QUE (NÃO) SE APAGA


A caminho da sede do Sporting de Luanda, que já foram Leões no Girabola, há uma amostra da antiga ferrovia que saia do Mbungu, espraiava-se pela Marginal e rasgava a cidade baixa até à Mayanga. Outro ramal, saído do Porto, ia "visitar" a Ilha de Luanda. São tempos que apenas a idade avançada dos que o viram descreve ou os livros quase já sem cor.
Outra rota, não menos importante, passava pela Boa Vista e rumava à Funda. Pelas bandas da Petrofina ainda conheci, nas traquinices dos anos oitenta, os carris que, aos poucos, foram sendo recolhidos para suportar as coberturas de casas precárias.
Da Estação do Museke, entre Rangel e Kazenga, partia um outro ramal que seguia ao Kikolo, sendo o seu término a moagem de trigo. Nesse comboio, com suas carruagens de madeira, ainda viajei variadas vezes em busca de "sabão cocó", restos da Induve que os aldeões (à data) recolhiam, fundiam e acrescentavam um pouco de água para conferir-lhe uma forma mais aquosa. Chegou a ter vedação até à cervejeira do " cuco". Porém invadido pelos deslocados , em 1992 e anos subsequentes, foi completamente desmantelado, dando lugar à casebres e edifícios no seu traçado. Não resta sequer história para contar aos filhos de hoje.
Entre o nó rodoviário Ndalatandu-Ngulungu partia outro ramal. Tinha como vocação o transporte, essencialmente, de café que se colhia a toneladas vastas por aquelas paragens.
À semelhança do homólogo Caminho-de-ferro do Amboim, que partia do Porto Amboim à Gabela, o ramal do Ngulungu vai desaparecendo do mapa visual. Hoje, os carris e travessas são, semanas sim meses também, roubados para suportar os tectos das mabatas e ou vendidos aos sucateiros de Luanda. Daqui a nada, se nada mais se fizer, para impedir que a história se apague, nada sobrará, à semelhança dos ramais do Kikolo, Mayanga, Ilha de Luanda e Funda.
Uma atenção é reclamada ao oficialmente extinto Caminho-de-ferro do Amboim (ainda constava dos manuais do ensino primário da década de oitenta), cuja visita e retrato me estão na vontade e pela garganta.

Publicado pelo jornal Nova Gazeta a 02/08/2018 e Jornal de Angola de 26/08/18

quarta-feira, agosto 22, 2018

PUMBA: ARTEFACTO DE CAÇA ENTRE AMBUNDU DO KWANZA-SUL

Um dos artefactos de caça usado pelos angolanos das aldeias interiores é a pumba. É à volta da lavra, para impedir a invasão de pacas, coelhos javalis e outros animais devastadores, que se coloca(va) uma cerca, normalmente feita de galhos de árvores. As pumbas eram/são colocadas em aberturas deixadas a propósito, como portas de entrada, transpondo a cerca.
 
Essas armadilhas também pod(iam)em ser montadas em caminhos habituais dos animais. São construídos com pedaços de troncos de árvores dispostos paralelamente, suportando uma carga que é detonada pela piscadela dos animais num gatilho colocado à superfície. O kabolo, entre os ambundu do Libolo e Kibala (pumba) não escolhe o animal alvo. Basta exercer pressão sobre o gatilho. O cão pode ser vítima. A cobra também. O termo "unyuna" significa visitar as armadilhas, algo que normalmente acontece manhã cedo. É uma tarefa diária que envolve percorrer a fronteira sertaneja da lavra para visitar todos os artefactos. E quando a colocação de artefactos/armadilhas vai para além das cercanias do campo cultivado, a visita é mais extensiva e demorada. E há/havia dias excelentes em que a kizaka (folhas de mandioqueira) ficava aposentada por alguns dias ou mesmo semanas.
 
Para além da pumba, existem um outro artefacto maior e com mesmas funções. É a chamada "kindamba". É quadriculada, mais larga e com mais peso. Colocada onde normalmente os animais vão roer terra por alegadamente conter NaCl (sal). O artefacto quadriculado suportado por uma baliza (dois paus verticais e um transversal com duas varas que se estendem da "baliza" ao gatilho, na parte inferior traseira. 
 
Para que a frequência dos animais não cesse, normalmente os mais velhos costumam deitar água salgada ou mesmo sal nos locais onde os animais vão roer terra, alegadamente por conter sal. O engatilhamento é semelhante ao da pumba.

Texto publicado pelo jornal Nova Gazeta de 25.10.2018



 

quarta-feira, agosto 15, 2018

DELEITANDO A PAZ DE KILOMBO

"Mana Minga mukulu mwengi, mana wavala mona omusasa..!"
Na paz proporcionada pela exuberante vegetação, no jardim botânico de Kilombo, Ndalatando, todos cantam e dançam. As árvores, nos reencontros facilitados pelo vento, cantam uns gemidos e dançam, soltado folhas-estrume que as alimentam e dão de comer a outras nascentes.
A água, cálida, límpida, descendo preguiçosa, mas sempre vistosa, canta seus versos nos reencontros intermináveis com as pedras em pequenas cascatas.
Os bichos, os insectos, apito na boca, piiiiiiii, piiiii. Um interminável coro, às vezes chegando à orquestra.
Os pássaros, senhores das copas e dos ramos intermédios, um chilrear sem fim. O botânico do Kilombo é uma festa. Será por isso que "Mano António dya Mulawla" gostava de visitar o espaço em suas férias presidenciais? E tinha suficiente razão. Precisavam os akwaxi em gozo de férias de ir à metrópole beber vinho quando o maluvu do Kilombo é dos mais doces e gaseificados?
Voltemos à música. Kujiza vinha da lavra, Kilombo afora. Kinda à cabeça onde carregava pepino silvestre, batata, vassoura e outros mimos para os twana em casa. No sangue carregava assinaláveis ml de álcool. Kapuka ou maluvu não se descortinou.
- Mano meu nome é Kujiza. Você está a se fotografar, me fota também.
Enquanto rolava a prosa, da kinda ainda na cabeça veio um som. O rádio que carregava entre os mantimentos decidiu tocar e de lá saiu uma música das terras vizinhas de Malanje:
"Mana Minga mukulu mwengi, mana wavala mona omusasa" (mana Minga antigamente era diferente quem fazia filho criava-no).
E como o Kilombo é uma festa, saiu uma masemba até a música deixar outro recado.
"Mukulu, kuvala kitadi, lê-lo ke Kima" (antigamente, devido à lavoura, quem mais braços tivesse mais cresceria a sua lavra, os filhos eram por isso tidos como dinheiro, hoje não têm o mesmo valor, façam-se, portanto, poucos filhos, para que possam ser criados com dignidade). Quem não ouviria e cantaria uma mensagem assim?
De regresso, ainda no centro do Kilombo, um artesão faz dinheiro com bambus, fazendo lindos vasos e levando souvenirs à casa dos que se fazem ao botânico. Rosas de porcelana ou um broto da planta para decorar o quintal e nunca mais faltarem rosas também há. Diligentes, os guardas e os agro-gerentes estão sempre prontos.
- A rosa, cem kwanzas. A roseira, quinhentos. O vaso e os jarros de bambu variam de quinhentos a mil. - Anunciam.
Já á porta, prontos para o bye bye, de novo outro segurança.
- Gostou, mukwaxi? Volte sempre. Pela próxima venha acompanhado, assim demora e desfruta mais. Não deixe de falar sobre as belezas do Kilombo e aconselhar visitas. A entrada, como viu, custa apenas cem kwanzas!

Publicado pelo jornal Nova Gazeta de 13 de setembro de 2018

quarta-feira, agosto 08, 2018

ÑANA KAKUNGU E ÑANA ÑUNJI

Afluente Kasonge dirigindo-se ao Longa rasgando zona plana
Reza a oratura que ... Existiu em terras de Kuteka, Lubolu (Libolo), entre os anos 1870 - 1930, um cidadão de nome Kabanga "Soba Ñana Kakungu", originário de Banza de Mukongu, de onde fora enviado para a região de Ndala-ya-Xipo (Dala-Caxibo), Kibala, onde desencadeou lutas expansivas do "reino" e contra a presença europeia. Esse, sempre que voltasse vitorioso, trazia como trofeu uma esposa. Era, por isso, senhor de muitas mulheres e muitos filhos.
Quando se dá a sua morte, por traição, na comunidade de Mbanze-yó-Teka (Banza ou capital de Kuteka), Munenga, as suas várias esposas foram distribuídas pelos sobrinhos (kulundula ou levirato), para que dessem continuidade à criação dos irmãos (primos) e à sua campanha expansionista e defensiva em relação ao branco. A tradição oral narra que a sua cabeça foi decapitada e levada por militares portugueses à Fortaleza de Luanda. Soba Ñana Kakungu ou Kabanga tem muitos homónimos (consanguíneos ou não) sendo alguns de sua descendência António José Cabanga (ex-árbitro de futebol em Luanda) Jacinto Abreu "Cabanga", o Cabanga que é soba da aldeia de Muxinda, em Malanje, entre outros homónimos de ascendência libolense.


Kilombo Kye'Tinu, filha de Ñana Ñunji
Antes da sua aventura militar, pelo Kuteka (comuna de Munenga), Ñana Kakungu trabalhou como contratado na fábrica de pólvora, em Luanda, cuja experiência permitiu-lhe fabricar armas rudimentares (kanyangulu) com que procurou contrapor a ocupação colonial e estender a sua influência (dos Lubolu) na região de Ndala-ya Xipo.
Enquanto pertencente ao grupo de ascendência Ngola, a história de Ñana Kakungu assemelha-se à dos Reis Nzinga e Ngola Mbandi. Portanto, não se trata de um soba qualquer.
Kitinu Kanyanga ou Ñana Ñunji (o Senhor Suporte/Guardião), seu sobrinho, substituiu-o no trono em Mbaze-yó-Teka (capital de Kuteka), vindo a dirigir aquele povo até vésperas da Independência de Angola.
Inicialmente, era uma espécie de substituto imediato na "gestão administrativa" do território quando o tio se ausentava. "Provou do poder e não mais o quis perder. Inaugurou o sobado em Mbangu-yó Teka (Mbangu de Kuteka), aldeia que era dependente de Kuteka, onde o tio era Senhor. Por essa façanha, conta-se, inicialmente mal interpretada, tio e sobrinho estiveram temporariamente de relações azedas, normalizando-as com o passar do tempo e verificação da fidelidade de um para com o outro. A morte do tio elevou Ñana Ñunji à cadeira de Kañane |uyala uñana| (rei) da região de Kuteka". Morreu em 1974 (seu neto Soberano Kanyanga nasceu enquanto decorria o óbito).

Sobas de Mbangu-Kuteka

» Ñana Phutangongo (originário de Mbangu-ya Koma)
» Ñana Kisabo Mungohuta (rainha gigante e destemida)
» Ñana Ndombo
» Ñana Luxande (Alexandre) Kingonde: pai de Januário Raúl e Makongo Kambundu)
» Ñana Ndemba
» Ñana kyombe: pai de Karyiongo ka Kyombe, Fernando Kwanza e Raúl Kita
» Ñana Kimbombo: pai de Alberto Matabicho
» Soba Kiñendu (Quinhentos): avô materno de Gilson Bondondo
» Soba Xika Yango/Manuel Carlos da Silva ou ainda Raimundo: pai de Arnaldo Carlos
» Soba Tumingu (Domingos) Mungongo: Pai de Rodrigues Mungongo
» Soba Manuel Nganga

MBANZE DE KUTEKA (KAÑANE)
 » Ñana Kakungu
» Ñana Ñunji: avô materno de Luciano Canhanga
» Ñana Ngolombole Kakulu:
» Ñana Kibele : pai de José Gabriel
 
Fonte: Recolha oral na região de Kuteka com José Kilombo Albano/2018
Obs:
1- Texto em permanente actualização
2- Ñana=Ngana: título nobilístico entre os ambundu, atribuído aos reis e ou equiparados, abaixo destes está o soba.3- Uyala uñana= entronizar-se rei.

Publicado (parcialmente) pelo jornal Nova Gazeta, 6/9/18
 

quarta-feira, agosto 01, 2018

EXAME COM FEITIÇO

Para os filósofos, a tentativa de buscar uma explicação sobre os fenómenos à volta do homem levou os pensadores clássicos a inventarem mitos ou primeiras tentativas de descrição e explicação racional. Mas não era ainda razão pura. Com os mitos, surgem também as crenças metafísicas, religiosas ou divindades. Umas monoteístas, como os Judeus e “maometanos”, e outros politeístas, como os helénicos. Mas não era ainda razão pura. O povo bantu transporta e conserva ainda (em certa dose) as crenças no além, mesmo entre os alfabetizados e diplomados. “A crença no feitiço (para os Tucokwe, por exemplo) é um dado da realidade material e espiritual: todo mal ou doença, toda morte tem como causa o feitiço (Manassa, 2011:54).

Conta-se que, numa aldeia de Kisama, margem esquerda do manso Kwanza. À direita Katete e seus verdejantes campos de sisal e algodão, no tempo de outra senhora. A frequência da escola se tinha tornado obrigação para os mancebos. A igreja protestante ali implantada apelava aos pais, dias sim, semana também, que “kubeza Nzambi nyi kudilongesa kutanga nyi kosoneka ufolo wakadyanga” (louvar a Deus e aprender a ler e a escrever é libertar-se).
Entre os instruendos havia os aplicados, já mais crentes em Deus do que em deuses e em feitiço. Miguel, porém, tardava em libertar-se do que os seus amigos chamavam crendice.
- O feitiço fala alto, até no silêncio das águas do Kwanza. - Dizia Miguel. Assim, enquanto seus amigos se aplicavam na escola, ele procurava por adivinhos e adorava amuletos, sendo o de sua preferência e a quem prestava cultos diários, o “deus da sabedoria". Atestava que “com um bom feitiço nenhum aluno precisaria de estudar para fazer o exame da quarta classe”. Assim pensou e assim procedeu.
Depois da quarta classe feita no posto de pregação da Igreja Protestante Americana, os rapazes foram todos instados a requerer o exame extraordinário ao Secretário de Educação da Província Ultramarina de Angola. Decorria o ano de 1959. A vila de Katete ficou pequena, ante a presença de jovens e adolescentes que procuravam pela quarta classe que os habilitaria a serviços menos penosos nas roças e nos serviços públicos.
- Ter quarta classe é ascender à vida de muitos brancos e poucos pretos.- Dizia-se. O individuo, num posto em que o administrador é semi-kifofo, é pessoa de respeito. Na roça, você já não apanha chicote de branco iletrado e nos serviços públicos, você é mesmo kilamba. Ter quarta classe é como atravessar o Kwanza a nado, sem precisar canoa. Dizia o missionário Tailor Mulawla.
Miguel, astuto, sempre entre a ciência dos missionários e o oculto dos avoengos das bwalas de Kixinge, também requereu o exame. Antes de amarrar a trouxa com os mantimentos e as roupas de saída que usaria no dia do exame, fez-se ao interior. Tinha parentes em Ndemba Xyo e Kixinje, velhos afamados em imobilizar leões e elefantes por força de feitiço.
- Meu avô fala e o mais feroz dos leões da Kisama se ajoelha, deixando-o passar. - Gabava-se. Foi por isso dormitar em casa do avô Kateko que lhe pediu uma lapiseira que passaria a noite nos mahamba. Era BIC azul.
- Mulawl’ami, ambule ngo (deixa só, meu neto). – Dizia ele no seu Kimbundu refinado. – Os outros vão fazer exame e vão xumbar. Esses brancos são malandros. Você não vai precisar se amassar. É só sentar, pousar lapiseira sobre o papel que te derem e as respostas virão com a força e o conhecimento dos nossos antepassados. A caneta é que se vai levantar e escrever sozinha.
Os coetâneos de Miguel esmeraram-se na preparação e responderam o que sabiam. Hora e meia para exame. Lá fora, a multidão assistia a todos. Pais, irmãos, tias expectantes, muita gente a assistir e proclamar aos seus, ávidos de que transitem para a categoria de “gente de respeito”. Outros continuariam na bwala a criar porcos, a apanhar chicotes na tonga. Uns poucos, os teimosos de sempre, preparar-se-iam, nos intervalos que o pouco tempo de um campestre não permite, para se mais um exame.
Miguel fez-se também à sala do exame. Calções limpos, brancos. Únicos de saída que não usava nem mesmo para o culto religioso em que era um pisca-pisca. Folha de perguntas por cima da carteira, o tempo foi passando por ele. Dez, vinte, trinta, sessenta minutos. Miguel nem letra A tinha rabiscado. Na cabeça apenas a recomendação do avô Kateko: “A lapiseira vai levantar para escrever as respostas na folha branca que te derem”. Esfregava as mãos como um envergonhado que busca pela coragem. Lá fora, expectantes, e vendo outros meninos já saído meio satisfeitos pelo desempenho, os parentes de Miguel gritavam.
- Escreve Miguel, escreve! Miguel soneka kya, itangana yala ubita (o tempo está a passar)!
Miguel deixou o tempo passar por ele. Era tanta a ansiedade que ficou sem as unhas de tanto as roer. Às tantas, ficou mesmo com a impressão de que a esferográfica se movimentava, aos poucos, saída da posição horizontal à oblíqua. Ledo engano. Apenas ilusão de óptica. Continuava estática, no lugar em que fora depositada. Quando pensou em desistir da possibilidade de o feitiço resolver as equações e inequações matemáticas, já nem dez minutos lhe restavam. Censurado por todos, apenas o pranto lhe fez companhia na travessia do Kwanza caudaloso. Tal como a bíblia cristã, que conhece, atesta que "... assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta" (Tiago 2:26), Miguel compreendeu que nenhum feitiço lhe valeria se não se aplicasse na revisão da matéria. Foi para casa, desolado e passou a prestar mais atenção à ciência que seus amigos e coetâneos haviam abraçado há tempo.
...
Uma semana depois, Miguel foi tirar esclarecimentos. Encontrou o avô Kateko abusivamente kapukado mas com a força do costume.
- Avô, porque me intrujaste com aquele feitiço de pimpa? Os outros se tornaram gente e só eu, em mesmo Miguel, é que fico já kinangambala?
- Estás falar quê, ó mulawla Miguel? 'Fitiço' num deu certo ou você é que num deu certo no estudo e na fé?  A culpa é tua, sô indisciplinado. Coisa de branco é de branco e de ambundu é de ambundu. Como é que você leva um segredo nosso, coisa que vêm desde os nossos trisavôs e conta a pessoas estranhas? Você creu pouco, destarte o brune encravou. A força do "fitiço" que entrou na lapiseira ficou congelada. Você nunca ouvir falar mundele nzambi? - Defendeu-se o velho, deixando o neto mais irritado ainda... Por pouco saia kibetu de chagar bichos, mas avisados pela fúria de Miguel e bebedice de Kateko que não poupava nos impropérios contra o neto, os aldeões, em geral, e os parentes, em particular, se fizeram cercar dos contendores e puxaram cada um ao seu canto até a ira se esfumar.
Adaptado de estória contada por Silva Candembo e publicado pelo Jornal de Angola a 15/07/18