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quarta-feira, agosto 08, 2018

ÑANA KAKUNGU E ÑANA ÑUNJI

Afluente Kasonge dirigindo-se ao Longa rasgando zona plana
Reza a oratura que ... Existiu em terras de Kuteka, Lubolu (Libolo), entre os anos 1870 - 1930, um cidadão de nome Kabanga "Soba Ñana Kakungu", originário de Banza de Mukongu, de onde fora enviado para a região de Ndala-ya-Xipo (Dala-Caxibo), Kibala, onde desencadeou lutas expansivas do "reino" e contra a presença europeia. Esse, sempre que voltasse vitorioso, trazia como trofeu uma esposa. Era, por isso, senhor de muitas mulheres e muitos filhos.
Quando se dá a sua morte, por traição, na comunidade de Mbanze-yó-Teka (Banza ou capital de Kuteka), Munenga, as suas várias esposas foram distribuídas pelos sobrinhos (kulundula ou levirato), para que dessem continuidade à criação dos irmãos (primos) e à sua campanha expansionista e defensiva em relação ao branco. A tradição oral narra que a sua cabeça foi decapitada e levada por militares portugueses à Fortaleza de Luanda. Soba Ñana Kakungu ou Kabanga tem muitos homónimos (consanguíneos ou não) sendo alguns de sua descendência António José Cabanga (ex-árbitro de futebol em Luanda) Jacinto Abreu "Cabanga", o Cabanga que é soba da aldeia de Muxinda, em Malanje, entre outros homónimos de ascendência libolense.


Kilombo Kye'Tinu, filha de Ñana Ñunji
Antes da sua aventura militar, pelo Kuteka (comuna de Munenga), Ñana Kakungu trabalhou como contratado na fábrica de pólvora, em Luanda, cuja experiência permitiu-lhe fabricar armas rudimentares (kanyangulu) com que procurou contrapor a ocupação colonial e estender a sua influência (dos Lubolu) na região de Ndala-ya Xipo.
Enquanto pertencente ao grupo de ascendência Ngola, a história de Ñana Kakungu assemelha-se à dos Reis Nzinga e Ngola Mbandi. Portanto, não se trata de um soba qualquer.
Kitinu Kanyanga ou Ñana Ñunji (o Senhor Suporte/Guardião), seu sobrinho, substituiu-o no trono em Mbaze-yó-Teka (capital de Kuteka), vindo a dirigir aquele povo até vésperas da Independência de Angola.
Inicialmente, era uma espécie de substituto imediato na "gestão administrativa" do território quando o tio se ausentava. "Provou do poder e não mais o quis perder. Inaugurou o sobado em Mbangu-yó Teka (Mbangu de Kuteka), aldeia que era dependente de Kuteka, onde o tio era Senhor. Por essa façanha, conta-se, inicialmente mal interpretada, tio e sobrinho estiveram temporariamente de relações azedas, normalizando-as com o passar do tempo e verificação da fidelidade de um para com o outro. A morte do tio elevou Ñana Ñunji à cadeira de Kañane |uyala uñana| (rei) da região de Kuteka". Morreu em 1974 (seu neto Soberano Kanyanga nasceu enquanto decorria o óbito).

Sobas de Mbangu-Kuteka

» Ñana Phutangongo (originário de Mbangu-ya Koma)
» Ñana Kisabo Mungohuta (rainha gigante e destemida)
» Ñana Ndombo
» Ñana Luxande (Alexandre) Kingonde: pai de Januário Raúl e Makongo Kambundu)
» Ñana Ndemba
» Ñana kyombe: pai de Karyiongo ka Kyombe, Fernando Kwanza e Raúl Kita
» Ñana Kimbombo: pai de Alberto Matabicho
» Soba Kiñendu (Quinhentos): avô materno de Gilson Bondondo
» Soba Xika Yango/Manuel Carlos da Silva ou ainda Raimundo: pai de Arnaldo Carlos
» Soba Tumingu (Domingos) Mungongo: Pai de Rodrigues Mungongo
» Soba Manuel Nganga

MBANZE DE KUTEKA (KAÑANE)
 » Ñana Kakungu
» Ñana Ñunji: avô materno de Luciano Canhanga
» Ñana Ngolombole Kakulu:
» Ñana Kibele : pai de José Gabriel
 
Fonte: Recolha oral na região de Kuteka com José Kilombo Albano/2018
Obs:
1- Texto em permanente actualização
2- Ñana=Ngana: título nobilístico entre os ambundu, atribuído aos reis e ou equiparados, abaixo destes está o soba.3- Uyala uñana= entronizar-se rei.

Publicado (parcialmente) pelo jornal Nova Gazeta, 6/9/18
 

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