Um dos artefactos de caça usado pelos angolanos das aldeias interiores é a pumba. É à volta da lavra, para impedir a invasão de pacas, coelhos javalis e outros animais devastadores, que se coloca(va) uma cerca, normalmente feita de galhos de árvores. As pumbas eram/são colocadas em aberturas deixadas a propósito, como portas de entrada, transpondo a cerca.
Essas armadilhas também pod(iam)em ser montadas em caminhos habituais dos animais. São construídos com pedaços de troncos de árvores dispostos paralelamente, suportando uma carga que é detonada pela piscadela dos animais num gatilho colocado à superfície. O kabolo, entre os ambundu do Libolo e Kibala (pumba) não escolhe o animal alvo. Basta exercer pressão sobre o gatilho. O cão pode ser vítima. A cobra também. O termo "unyuna" significa visitar as armadilhas, algo que normalmente acontece manhã cedo. É uma tarefa diária que envolve percorrer a fronteira sertaneja da lavra para visitar todos os artefactos. E quando a colocação de artefactos/armadilhas vai para além das cercanias do campo cultivado, a visita é mais extensiva e demorada. E há/havia dias excelentes em que a kizaka (folhas de mandioqueira) ficava aposentada por alguns dias ou mesmo semanas.
Para além da pumba, existem um outro artefacto maior e com mesmas funções. É a chamada "kindamba". É quadriculada, mais larga e com mais peso. Colocada onde normalmente os animais vão roer terra por alegadamente conter NaCl (sal). O artefacto quadriculado suportado por uma baliza (dois paus verticais e um transversal com duas varas que se estendem da "baliza" ao gatilho, na parte inferior traseira.
Para que a frequência dos animais não cesse, normalmente os mais velhos costumam deitar água salgada ou mesmo sal nos locais onde os animais vão roer terra, alegadamente por conter sal. O engatilhamento é semelhante ao da pumba.
Texto publicado pelo jornal Nova Gazeta de 25.10.2018
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