Era tempo da pandemia de Covid-19. O meu estimado amigo Tino Cardona contactou-me para informar que já dispunha dos quatro pés de bananeiras — de mesa e de pão — que lhe havia solicitado. Pedi-lhe a localização por GPS, e a tecnologia, em seus avanços recentes, conduziu-me até à sua residência. Levava comigo uma jovem cajamangueira.
"MESU MAJIKUKA"
= INFORMAÇÃO & CONHECIMENTO =
Desde 29/Abril/2005
Abordando FACTOS e IDEIAS
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terça-feira, julho 08, 2025
A REDENÇÃO DA PALMEIRINHA
sexta-feira, julho 04, 2025
UMA TERRA "SEM POVO" PARA UM "POVO SEM TERRA"?
Esse era e continua a ser o Slogan dos sionistas que dizimam os palestinianos (e outros povos do Médio Oriente) para se acapararem de suas terras natais.
Vejamos os factos históricos:
1. Os sionistas começaram a comprar terras na Palestina no final do século XIX, com o objectivo de estabelecer um lar nacional para os judeus, especialmente como resposta ao antissemitismo na Europa.
2. Os sionistas não eram nativos da Palestina, mas sim um movimento (de povos nascidos na Europa) que buscava a criação de um estado judeu naquele território (Palestina).
3. O Estado de Israel, ao ser estabelecido em 1948, não retoma o território do antigo reino bíblico de Israel em sua totalidade.
4. O movimento sionista, liderado por figuras como Theodor Herzl, surgiu como resposta ao crescente antissemitismo na Europa no final do século XIX. O objetivo central do sionismo era estabelecer um estado nacional para os judeus, e a Palestina era vista como o local ideal, onde o povo judeu tinha laços históricos e religiosos.
5. A compra de terras na Palestina por sionistas começou no final do século XIX e continuou durante o período do Mandato Britânico, com o objectivo de aumentar a presença judaica e expandir a propriedade territorial colectiva.
6. O Fundo Nacional Judaico e a Associação de Colonização Judaica da Palestina foram duas das principais entidades responsáveis pela aquisição dessas terras.
7. O movimento sionista, ao buscar a criação de um estado judeu na Palestina, enfrentou resistência e conflitos com a população árabe local, que já habitava a região.
8. Os sionistas frequentemente viam (e vêem) a população árabe como um obstáculo ao seu projecto nacional, utilizando slogans como "uma terra sem povo para um povo sem terra" para justificar as suas acções.
9. A chegada de mais e mais judeus à Palestina, impulsionada pelo sionismo, gerou tensões e conflitos com os palestinos, culminando na criação do Estado de Israel em 1948.
10. As fronteiras actuais de Israel são resultado de guerras, acordos e ocupações que se seguiram à sua criação. A disputa por território e o controle da região continuam a ser fonte de conflito entre israelitas e palestinianos, com diferentes interpretações sobre o direito à terra e às fronteiras.
11. A questão da Nakba (a "catástrofe" palestina, gerada pela expulsão e fuga de centenas de milhares de palestinianos após a criação de Israel) é um ponto central nas tensões entre as duas partes.
12. Quem é o intruso na Palestina?
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Fontes bibliográficas
1. Edward Said – A Questão da Palestina.
A obra desconstrói o discurso sionista e analisa criticamente o slogan em questão. Said argumenta que a frase nega a existência do povo palestino e serve como ferramenta ideológica de colonização.
2. Nur Masalha – Expulsion of the Palestinians: The Concept of "Transfer" in Zionist Political Thought, 1882–1948.
O historiador palestino documenta como o deslocamento dos árabes palestinos foi planeado e legitimado por discursos como o do “povo sem terra”.
3. Ilan Pappé – A História da Palestina Moderna: Uma Terra, Dois Povos.
O historiador israelita, oferece uma leitura crítica do sionismo e da fundação de Israel, incluindo a análise do slogan e da Nakba.
4. Rashid Khalidi –
Palestinian Identity: The Construction of Modern National Consciousness.
Explora como a identidade palestina se formou em resposta ao colonialismo e ao sionismo, com destaque para a resistência à narrativa de “terra vazia”.
5. Anita Shapira – Israel: A History.
Embora seja historiadora sionista, Shapira reconhece que o slogan foi amplamente usado no final do século XIX e início do século XX por sionistas europeus.
6. Nina Galvão – “Slogans da Memória: Pertencer e (R)existir na Palestina Histórica” (ANPUH, 2019).
Artigo acadêmico que analisa o slogan como dispositivo de memória e disputa simbólica entre sionistas e palestinos. [Leia o artigo completo aqui](https://www.snh2019.anpuh.org/resources/anais/8/1564758095_ARQUIVO_Artigofinal.pdf).
7. Walid Khalidi – All That Remains: The Palestinian Villages Occupied and Depopulated by Israel in 1948.
A obra documenta as aldeias palestinas destruídas durante a Nakba, desmentindo a ideia de “terra sem povo”.
8. Benny Morris – The Birth of the Palestinian Refugee Problem, 1947–1949.
Morris fornece dados empíricos sobre a expulsão dos palestinos, ainda que sua interpretação seja criticada por autores como Pappé e Masalha.
9. Artigo da Wikipédia – “Uma terra sem povo para um povo sem terra”.
Embora não seja uma fonte primária, o artigo oferece uma excelente compilação de usos históricos do slogan, desde o século XIX até os dias atuais, com referências cruzadas. [Leia o artigo](https://pt.wikipedia.org/wiki/Uma_terra_sem_povo_para_um_povo_sem_terra).
10. Artigo da Globo Educação – “Conflito entre Israel e Palestina”.
Apresenta uma visão didática e cronológica dos eventos históricos que culminaram na criação de Israel e na resistência palestina. [Leia o artigo](http://educacao.globo.com/geografia/assunto/atualidades/conflito-entre-israel-e-palestina.html).
terça-feira, julho 01, 2025
TOMBE: ENTRE NDALA E NGULUNGU
Já uma furna é uma cavidade natural em rochas ou montanhas, podendo variar em tamanho e forma. Essas formações ocorrem devido a processos geológicos como erosão e desgaste ao longo do tempo e podem ser encontradas em diferentes tipos de rochas, podendo apresentar-se em formações como estalactites e estalagmites.
Outras furnas conhecidas e visitadas em angola são:
Furnas do Sassa: localizadas na província do Kwanza Sul, são também conhecidas como Grutas da Santa. Elas estão situadas perto da Aldeia da Pomba Nova, a cerca de 5 km a sudeste da cidade do Sumbe.
Furnas de Pungo Andongo: situadas na província de Malanje, são famosas por suas formações rochosas impressionantes e são um destino popular para turistas que apreciam a natureza e a história.
Furnas do Zanga: localizadas na província do Kwanza Norte, são um destino popular para turismo ecológico.
Furnas e Omaho: situadas no município do Tômbwa, comuna do Iona, fazem parte de complexos turísticos que oferecem um ambiente paisagístico rodeado de montanhas e diversos animais.
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Publicado no Jornal de Angola a 29.06.2025
quinta-feira, junho 26, 2025
ISRAEL vs EUA: QUEM MANDA EM QUEM?
Historicamente, os EUA têm sido o principal financiador militar e diplomático de Israel, fornecendo bilhões de dólares em ajuda anual (em grande parte militar) e defendendo Israel em fóruns internacionais como o Conselho de Segurança da ONU.
domingo, junho 22, 2025
NECESSÁRIAS OU ULTRAPASSADAS PELO TEMPO?
Quem circula(r) por estradas angolanas encontra(rá) muitos escombros destas antigas casas que foram de reconhecida serventia às equipas de manutenção das estradas nacionais.
A Casa do Cantoneiro era uma estrutura utilizada para alojar trabalhadores responsáveis pela manutenção das estradas, conhecidos como cantoneiros.
Em Angola, as casas dos cantoneiros serviam como pontos de apoio para os cantoneiros, que realizavam reparos, limpeza e conservação das vias públicas, garantindo a segurança e trafegabilidade das estradas.
Essas casas geralmente pertenciam a instituições ligadas à administração rodoviária, como os antigos serviços de obras públicas ou departamentos de infraestrutura viária.
Em muitos países, a função dos cantoneiros foi absorvida por empresas privadas ou modernizada com novas tecnologias.
Um exemplo de país que ainda mantém o conceito de cantoneiros é Portugal, onde algumas regiões preservam a tradição dos cantoneiros para a manutenção de estradas secundárias e rurais.
Em certos casos, as antigas casas do cantoneiro foram restauradas e reaproveitadas para outros fins, como turismo rural ou centros comunitários.
Em Angola, as casas dos cantoneiros eram pertença da JAEA (Junta Autónoma de Estradas de Angola) e, nos anos do meu despertar (início da década de 80 do século XX), eram usadas pelo pessoal afecto ao MCH (Ministério da Construção e Habitação).
A intensificação da guerra, o descaso e pilhagens, nalguns casos, levou à destruição total das casas dos cantoneiros que conheço.
Você que leu o texto e/ou conhece algumas, o que acha?
_ São para reabilitar ou para deixar como estão?
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Foto editada: DR
quarta-feira, junho 18, 2025
A PRIMEIRA VÍTIMA DA GUERRA
"Os bandoleiros a mando do imperialismo atacaram uma aldeia inocente, tendo sido energicamente rechaçados pelas nossas gloriosas forças armadas. Na sua retirada, assassinaram cinco mulheres e nove crenças, roubando 15 cabeças de gado bovino".
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Faixa de Gaza |
Textos escritos ou oralizados como este (acima) eram comuns no tempo da guerra civil angolana e o discurso mecanizava-se de cabeça a cabeça, de adultos para crianças que o carrega(v)am para toda a vida ou até quando descobrirem a diferença entre propaganda e jornalismo, duas ferramentas de comunicação.
Fiquei ontem a "discutir" com o Copilot, uma ferramenta de IA desenvolvida pela Microsoft, uma empresa americana.
A causa foi o facto de esta ferramenta me ter apresentado como vítimas israelitas (apenas) mulheres e crianças, assim como na Ucrânia também só se fala de mulheres e crianças como vítimas.
Quando perguntei se os mísseis e drones iranianos só escolhiam mulheres e seus filhos menores, a aplicação não respondeu. Fiquei a resmungar, o que levou a mulher a dar-me como enlouquecido.
_ Como te prestas a discutir com uma aplicação digital? _ Questionou.
Hoje, depois de mais uma pesquisa a várias fontes sobre as causas históricas, as acções e a escalada iniciada a 13 de Julho, perguntei ao meu "ajudador" se os media têm sido equidistantes. Veja a resposta (as partes entre parêntesis são meus acréscimos).
_ A equidistância dos media é um tema delicado. Em geral, os veículos ocidentais tendem a enfatizar o direito à autodefesa de Israel e a ameaça representada pelo programa nuclear iraniano (assim como restringir as vítimas a mulheres e crianças); as fontes iranianas e aliadas destacam as vítimas civis, a soberania nacional e denunciam o que chamam de “agressão sionista”; as agências internacionais como Reuters, BBC ou Al Jazeera tentam manter um tom mais neutro, embora estas sejam frequentemente acusadas de parcialidade — dependendo de quem lê (quem escreve e quem comenta). Ou seja, a percepção que os media nos dão é moldada por filtros culturais, políticos e editoriais. A realidade no terreno é sempre mais complexa do que qualquer manchete.
"Nunca se mente tanto como em véspera de eleições, durante a guerra e depois de uma caçada" (Otto Von Bismark). É verdade! "A verdade é a primeira vítima em uma guerra".
domingo, junho 15, 2025
O KOKOTO[1] QUE DIZIMOU PIOLHO
Um conterrâneo da Kibala, recuando no tempo, narrou episódios da nossa infância que é transversal a uma geografia que envolve os municípios à volta do Libolo e Kibala e num tempo que, se calhar, morre em 2000, podendo prolongar-se em algumas aldeias recônditas. É o nosso feudalismo que pouco há de escrito, dada a fraca imersão na nossa etno-sociologia e etnografia.
Quando nos debruçamos a estudar a história clássica e medieval de Roma e Grécia, recaímos, invariavelmente, em episódios angolanos do Séc. XX, em nossas aldeias interiores.
É exemplo a mãe que "cata" piolhos ao filho, aproveitando adormecê-lo, podendo usar duas fórmulas: cantando e catando.
Vivi esse tempo. Algumas mães, no escuro da noite, sem saber se o achado por seus dedos entre o cabelo alto e sujo é ser vivo ou grão de areia, levavam-no ao dente e largavam depois, um rio de saliva.
Vivi ainda o tempo da bitacaia[2], pulga de javali ou porco doméstico que adentrava os terminais de nossos dedos e calcanhares. A comichão, lenta e incómoda, resultava em dor da ferida escancarada, depois de extraído o animal hóspede oportunista com a ponta de um alfinete ou de um pau aguçado.
Mas o meu conterrâneo contou mais e recordou-me o seguinte:
Noite sem luar na Kibala ou outra aldeia do circuito ambundu kwanza-sulino. Nas terras mais a sul e ou norte o cenário também pode ser idêntico.
O archote é lamparina na cozinha escura. A kizaca, peixe de água doce ou carne de caça ferve na panela de barro. Há fumo largado pela lenha que reclamam por mais dias de seca ao sol. Mas quando a lenha seca rareia em tempo de chuva é a semi-seca que se leva à fogueira. No escuro e fumegante da cozinha a mãe pede:
_ Mwiha mwombya (alumia para a panela)!
Na atrapalhação, o rapaz tanto alumia como deixa cair na panela a ponta do archote ardido, já em forma de cinza.
_ Nzayá, matubá, matondoá![3] -Dispara a mãe impaciente, complementando a emenda com um valente "coco" que mata uma dúzia de piolhos e lêndeas na cabeça do infante.
_ Kwolule (não grita). _ Adverte a mãe, prevenindo para que não se acabem, de uma só vez, os piolhos todos na cabeça com outros kokoritos.
Terminada a confeção do "kondutu"[4], é a vez da panela do funji/pirão. O cuidado é redobrado. Em fuba branca, a cinza preta do archote é vinho tinto em toalha imaculada.
_ Mwiha kyambote. _Volta a advertir a progenitora.
E o infante, com um grito adiado ou reprimido da primeira pancada, lágrimas do fumo nos olhos, comichão na cabeça dos piolhos famintos de sangue, acende, de novo, o archote que aproxima delicadamente à panela de barro para a qual o fogo chia.
_ Mwiha!
_ Ñyi mwiha, a mama!
_ Mwiha kyambote
Depois o repasto: as meninas na cozinha ou fora dela, no terreiro da casa, com a mãe, quando há luar. Os homens na sala ou no njangu. Rapazes juntos.
O rapaz quando não vai à escola da vida, o njangu, volta a reclamar o carinho materno, "lambicando" como cão que se deita sobre a cinza quente da fogueira recente. Dobra-se à frente da mãe que "jijina"[5] lêndeas, piolhos ou grãos de areia escondidos no cabelo a reclamar por uma tesoura.
Contando anedotas, ou canções do seu tempo de menina, a mulher afugenta os males e a infra vida que a pobreza impõe, adormecendo o infante para uma nova aurora e lavoura.
Tal como a geração do último quartel do Séc. XX, as nossas crianças continuarão a ler a história clássica e o feudalismo greco-romano. Quanto às nossas vivências, que são recentes, restarão poucas crónicas!
sexta-feira, junho 13, 2025
ISRAEL BÍBLICO E O ESTADO DE ISRAEL MODERNO
(Fé, história e geopolítica)
A distinção entre Israel bíblico e o Estado moderno de Israel é fundamental para compreender as complexas relações entre religião, identidade e política no Oriente Médio. Israel bíblico refere-se a um povo e a um território descrito nas Escrituras hebraicas, cuja origem remonta aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, e que se consolidou como reino unificado sob Saul, Davi e Salomão por volta do século X a.C. Após a divisão do reino e sucessivas invasões, o povo judeu foi disperso em diásporas, mantendo, contudo, uma identidade religiosa e cultural centrada na Torá e na esperança messiânica.
Já o Estado de Israel foi fundado em 14 de maio de 1948, como resultado do movimento sionista, que buscava estabelecer um lar nacional judeu na Palestina histórica. Essa fundação foi impulsionada por fatores como o antissemitismo europeu, o Holocausto e o apoio político de potências como o Reino Unido e os Estados Unidos. A criação do Estado gerou conflitos com a população árabe-palestina local e com países vizinhos, inaugurando uma série de guerras e tensões que perduram até hoje.
No campo religioso, o judaísmo e o cristianismo compartilham raízes comuns, mas divergem em pontos centrais. Ambos são monoteístas e reverenciam o Antigo Testamento (ou Tanakh, no judaísmo), mas o cristianismo acrescenta o Novo Testamento, centrado na figura de Jesus Cristo, considerado o Messias e Filho de Deus. Para os judeus, Jesus não é o Messias prometido, e a espera por esse redentor ainda permanece. Essa diferença teológica é o principal divisor entre as duas tradições.
Os livros sagrados refletem essa cisão: o judaísmo baseia-se na Torá (os cinco primeiros livros de Moisés), nos Profetas e nos Escritos — conjunto conhecido como Tanakh — enquanto o cristianismo adota a Bíblia, composta pelo Antigo e pelo Novo Testamento. A Bíblia cristã reorganiza e interpreta os textos hebraicos à luz da vida e ensinamentos de Jesus.
Quanto aos profetas, Moisés é a figura máxima do judaísmo, considerado o legislador e mediador da aliança com Deus. No cristianismo, Jesus é o profeta supremo, mas também o Messias e Salvador. Ambos reconhecem profetas como Isaías, Jeremias e Elias, que são figuras comuns às duas tradições, embora interpretadas de formas distintas.
As convergências entre judaísmo e cristianismo incluem a crença em um Deus único, a valorização da ética, da justiça e da oração, além da origem comum no Oriente Médio. As divergências, por sua vez, envolvem a cristologia, a doutrina da Trindade, os sacramentos e a escatologia. O cristianismo se expandiu como religião universalista, enquanto o judaísmo manteve-se como uma fé étnico-religiosa.
O Estado de Israel, desde sua fundação, tem recebido apoio político, militar e científico de diversas nações, especialmente dos Estados Unidos, que se tornaram seu principal aliado estratégico durante a Guerra Fria. A aliança inclui cooperação em defesa, tecnologia, inteligência e diplomacia. Israel também desenvolveu uma indústria militar e científica robusta, com destaque para a cibersegurança, a agricultura de precisão e a medicina. A fundação do Estado foi aprovada pela ONU em 1947, com a proposta de partilha da Palestina em dois Estados — um judeu e um árabe —, mas a rejeição árabe à partilha levou à guerra de independência de 1948.
A doutrina do Estado de Israel é moldada por uma combinação de princípios democráticos, identidade judaica e segurança nacional. Embora se defina como um Estado judeu e democrático, essa dualidade gera tensões internas, especialmente em relação aos direitos da minoria árabe-palestina e à ocupação dos territórios palestinos. O sionismo, em suas diversas vertentes, continua a influenciar a política israelense, ora como nacionalismo secular, ora como messianismo religioso.
Assim, a compreensão das diferenças entre o Israel bíblico e o moderno, entre judaísmo e cristianismo, e entre fé e política, revela não apenas as raízes de conflitos contemporâneos, mas também os desafios de coexistência e diálogo entre tradições que compartilham uma origem comum, mas trilharam caminhos distintos.
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Coligido por Soberano Kanyanga (com suporte do Copilot)
domingo, junho 08, 2025
CRIANDO SOBRE A CRISE
Conversavam sobre o futuro da gestão dos seus lares, agora que a economia do país enfrenta dificuldades. Zara e Kuka são comadres e colegas de trabalho.
_ Kuka,sabes quais são os princípios que uma boa administradora de casa precisa ter para cuidar bem das finanças pessoais e educar os de casa? _Questionou Zara que frequentara um curso de economia doméstica.
_ Não, colega Zara. Podes explicar-me?
Kuka estava expectante, ante as conversas que ouvira durante o percurso de casa ao local de prestação de serviços.
_ Olha bem! _ Começou Zara. _ Mapear os alvos, as metas e a missão é de extrema importância. A isso se junta a visão que aponta o que queremos ser ou fazer e a disciplina que nos permite estarmos focados naquilo que idealizámos. É preciso também coragem e generosidade. _ Explicou à amiga que seguia com atenção.
Zara, percebi algumas coisas, mas, que tal se me deres mesmo uma lição. Sei que és mais ou menos entendida nessas coisas de economia doméstica. – Solicitou Kuka.
_ Planeamento é projectar, tencionar ou elaborar um o plano. Por exemplo, queres diminuir as compras porque a receita ou o que recebes no fim do mês baixou ou o valor nominal se mantém, mas o poder de compra baixou. Nesse caso, tens de fazer um projecto de contenção de custos e eliminação de gorduras e desperdícios.
Zara ainda ia a discorrer, mas a curiosidade de Kuka era tanta que voltou a interromper.
_ E quê isso de gordura?
_ Gordura é tudo o que é a mais e pode ser eliminado nas nossas compras. Se um par de sapatos na caixa custarem mais do que deixar caixa e na mesma ter os sapatos, é um exemplo. Mas temos vários outros. É preciso gastar menos do que se ganha ou ter um equilíbrio entre o que se ganha e o que se deve gastar. Olha que o planeamento financeiro pessoal é um plano de acção que deve acompanhar a vida das pessoas em tempos como os que se avizinham.
_ Já viste, Zara? Estou a compreender aos poucos. Quer dizer que temos de pensar de forma antecipada e pensar melhor no que devemos gastar e como gastar? Devemos ser pessoas organizadas para ter sucesso financeiro na vida? Devemos fazer mais em menos tempo? Devemos obter mais gastando menos e evitar tudo que seja desperdício? _ O interesse e as perguntas de Kuka pareciam não ter fim.
_ Sim. É isso mesmo comadre Kuka. _ Confirmou Zara. _ Planear é administrar com excelência. Para começar, precisamos de colocar numa folha de Excel todos os nossos rendimentos mensais e listar todas as nossas necessidades que envolvam dinheiro e distribuir em percentagens, sem nos esquecermos de uma reserva para as imprevisões. Eu já tenho a minha folha e estou a exercitar a sua implementação. _ Explicou Zara.
_ E qual pode ser o efeito imediato disso, Zara? _ Voltou a indagar Kuka já mais familiarizada com o assunto.
_ Você vê, por exemplo, que só tem dez mil Kwanzas ao mês para a formação do seu menino. Com a distribuição de parcelas do orçamento por rubricas, terá de encontrar um serviço compatível com o dinheiro que tem. É mais um exemplo. _ Reforçou Zara. _Imagine que em sua casa vivam cinco pessoas e que bebam cinco garrafas de gasosa que custam mais do que um pet de litro e meio. Se comprar o pet fica mais em conta. Já viu?
_ Olha, colega, não precisas de ir mais longe na explicação. Obrigada pela aula. Vou começar por cortar os nossos dois nomes: Irei cada vez menos à Zara e usarei cada vez menos a Kuka. Os apadrinhamentos, as festas, os amistosos do seu compadre ficam todos com rubricas e só acontecerão esporadicamente, caso haja cabimentação. Também vou começar a procurar produtos alternativos para aqueles que estejam muito caros ou que sejam de duração muito reduzida. Sabes que barato, às vezes, também sai caro, nê?! _ Ironizou Kuka que estava muito feliz e pronta a transmitir os conhecimentos que obtivera às demais colegas de trabalho e à família.
_ É isso mesmo, Kuka, em tempos de crise nada melhor do que criar. É só retirar o "S". Comigo é: se há CRISE, CRIE! _ Disse Zara, já a entrar para o seu gabinete.
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Publicado pelo Jornal de Angola a 01.06.2025
domingo, junho 01, 2025
ALDEIA VIÇOSA: ONTEM E HOJE
A ttopografia de altitude com vales aonde se fundam as aguas pluviais. A estrada parece rasgar um sopé. As casas foram esplendorosas num tempo que só os idosos sabem contar. Para as criancas e jovens deste tempo, Viçosa parece parada ou a andar (ainda) a passo de camaleão.
_ Ó filho, a aldeia começou a surgir somente assim. Vinha colono e se instalava. Primeiro fazia fazenda. Ia buscar pessoal no sul para plantar café. Quando já tinha produção, ia buscar mulher e os filhos. Se fosse solteiro procurava já casar. Quando voltassem para a terrw deles vianham com mais alguem: o cunhado, o irmão, o primo, o condenado etc. Mas nós nãosabíamos isso de colonos condenados na terra deles que vinham aqui nos mandar como se fossem gente limpa. Só mesmo a cor deles de brancos é que nos atrapalhou até rebentar o sessenta e um. Como estava a explicar, a primeira casa era na fazenda. Começava pequena e depois fazia já grande, tipo no Puthu, com adobe quaimado e rebocado ou mesmo tijolos da cerâmica e telha por cima. Quando os filhos já não podiam ficar na fazenda, por causa do estuso, começaram a construir casa na aldeia civilizada, aqui já. Depois veio mais brancos, mais brancos, mais brancos até Viçosa ficar assim (aldeia grande). Até o próprio nome, eles é que deram. Parece que havia nome igual lá no Phutu.
O meu narrador é um idoso de aproximadamente 80 anos que jura ter visto a "Viçosa crescer" e os brancos a enriquecer.
A aldeia Viçosa fica no caminho da antiga Carmona, cidade do Uige.
Tirando tímidas novas edificações, ela está praticamente "tal qual o colono a deixou", o que não deixa de ser um elogio.
No dizer do mbuta munthi Mpevo, "muita coisa desandou e nem sequer as pinturas, janelas, torneiras ou os pavimentos das antigas casas bistosas foram conservados e ou repostos". Apenas a Total vistoriou a Vila comunal e ergueu, de raiz, um posto de abastecimento de combustíveis que reclama ainda por energia da rede pública para conter os gastos com o gerador de energia que acciona as bombas.
terça-feira, maio 27, 2025
QUANDO AS LÁGRIMAS NOS ACOMPANHAM
No dia 26 de Abril, duas situações de profunda comoção aconteceram e, a mim, não passaram despercebidas:
Depois de dez anos de vivência e cinco meses de ausência física, o Nelson ainda vivia [simbolicamente] em casa da Lena. Ao entregar os pertences de uso particular do esposo finado ela [viúva] estava a retirar de sua casa o que restava do marido. Era a desaparição total [física] do Nelson daquela casa [não da mente dela, isso leva tempo ou mesmo é impossível]. Por isso, a viúva entrou em prantos. Chorei com ela.
Infelizmente, manda a tradição que a viúva ou o viúvo deve apresentar/entregar aos parentes de sangue os pertences de uso pessoal do de cujus.
Quando chegámos ao Rangel, depois de reunir com a tia Maria [mãe do Nelson], o cenário repetiu-se.
A tia Maria nasceu em Luanda, mas glosa um refinado Kimbundu kibalista que provoca inveja a muitos que nasceram lá e se "calcinharam", misturando 70% de português e restos de palavras de que se recordam em Kimbundu kibalista.
Quando a convidei para ver as coisas do filho finado, resgatadas da casa da viúva, onde este morou durante uma década, a tia Maria exteriorizou:_ Omon'ami watoka'a kwamamô!
Essa expressão, para quem interpreta a língua [e não faz tradução linear] é muito profunda.
Estava a receber, espiritualmente, o filho peregrino.
O Nelson Ferreira Cabanga já não está entre nós desde 27 de Novembro de 2024. A recepção, pela mãe, dos seus antigos pertences foi como receber o que restava do filho. Daí o "watoka'a kwamamô [regressou à casa da mãe]. Foi tão profundo que as lágrimas não me avisaram e seguiram o caminho habitual da tristeza.
sexta-feira, maio 23, 2025
"ME TOCA SE ÉS PESSOA!"
Permita-me a confissão: aos 5 anos troquei os dentes. Dos dentes de leite passei à dentição definitiva e, de 18 passei a 32 dentes (quando me vieram os de ciso. Estava num processo de completamento. Assim, fui homem completo até aos 8 anos. Sim, até aos oito anos.
Nisso de estar completo ou incompleto, não tenho contado o corte de unhas e cabelo, pois são permanentemente renováveis. Todavia, aquela cerimónia de integração social, chamada circuncisão, fez-me "homem incompleto", pois uma partícula do meu corpo foi removida. A isso se acresceu uma cirurgia ao baço, tendo sido removida parte do vital órgão, embora os médicos admitem a possibilidade de sua regeneração. Portanto, desde os meus oito anos que já não me encaixo na categoria de "homem completo".
Voltando à "vaca fria", não sendo "homem completo, desde cedo", de igual sorte desde muito cedo deixei de disputar completudes ou levantar a mão em querelas sobre quem mais grita ou quem tem a mão mais leve. Sempre que me foi endereçado o pedido "me bate se és homem completo", bati em retirada, preferindo ouvir impropérios como "boelo, fraco, incapaz" etc.
A expressão "me bate se és homem" é frequentemente usada em contextos de provocação ou desafio, geralmente em situações de conflito verbal. Ela carrega uma conotação de incitação à violência, desafiando a masculinidade ou coragem do interlocutor. Esse tipo de linguagem pode perpetuar estereótipos de gênero e incentivar comportamentos agressivos, o que é profundamente problemático.
É essencial repudiar o uso de expressões como essa, pois elas reforçam uma cultura de violência e desrespeito. Promover o diálogo respeitoso e a resolução pacífica de conflitos é fundamental para construir uma sociedade mais harmoniosa e igualitária. A violência, seja verbal ou física, nunca deve ser normalizada ou incentivada.
Por outro lado, "me bate se és homem" reflete e perpetua uma série de implicações sociais que são importantes assinalar e reflectir sobre:
A frase associa a força física à masculinidade, reforçando a ideia de que "ser homem" está atrelado à capacidade ou vontade de exercer violência. Isso não apenas distorce as expectativas em relação ao comportamento masculino, mas também contribui para a manutenção de papéis de gênero limitantes.
Ao desafiar outra pessoa à agressão, a expressão normaliza e banaliza os conflitos violentos, diminuindo a percepção das suas consequências. Essa atitude pode criar um ambiente em que a violência é vista como uma resposta aceitável ou até mesmo esperada.
O uso de expressões como essa desestimula o diálogo respeitoso e construtivo, promovendo confrontos ao invés de cooperação ou entendimento mútuo. Isso pode dificultar a criação de relações mais pacíficas e harmoniosas na sociedade.
Desafios dessa natureza podem pressionar indivíduos a agirem contra as suas crenças ou valores, apenas para se adequarem às expectativas sociais ou para evitar a percepção de fraqueza. Isso pode gerar stress emocional e até mesmo traumas, dependendo das circunstâncias.
A consciencialização sobre o impacto de expressões dessa natureza é essencial para combater a sua aceitação e incentivar práticas linguísticas mais saudáveis e respeitosas. Substituir provocações por diálogos empáticos ajuda a transformar o ambiente ao nosso redor.
É essencial repudiar o uso de expressões como "me bate se és pessoa", pois elas reforçam uma cultura de violência e desrespeito. Promover o diálogo respeitoso e a resolução pacífica de conflitos é fundamental para construir uma sociedade mais harmoniosa e igualitária. A violência, seja verbal ou física, nunca deve ser normalizada ou incentivada.
Já ouvi também homens: crianças, adolescentes, jovens e outros de barba rija e calvície denunciada a se dirigirem a mulheres com a expressão inversa, "me toca se és mulher completa!".
Já escrevi acima que não me considero e nem sou "homem completo". Para quê bater em uma mulher, mesmo que fosse homem completo?
Afinal, diz o ditado popular que "quem evita não é burro!"
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Publicado pelo Jornal de Angola a 25.05.25
segunda-feira, maio 19, 2025
IMORTALIZE-SE O TCHOIA!
quarta-feira, maio 14, 2025
AKUKU, MAKAYA YATEMA!
À mesa, um despertador, à corda, barulhava no seu tic-tac-tic-tac a cada segundo que passava. No fundo, ele era também um relógio destinado a marcar apenas a hora do almoço.
3 Kaporroto.
quinta-feira, maio 08, 2025
CONHECENDO VIZINHOS
