Lê-se na notícia
que Bornito de Sousa, o Ministro, falava durante um encontro com jornalistas e
esclareceu que o seu Ministério vai adoptar novas grafias para algumas
províncias, tendo exemplificado a retirada da letra “k”
e a introdução do “c”.
O Ministro
informou ainda, cito o Jornal de Angola, que os topónimos para as comunas,
municípios e localidades “têm como base a grafia em português, a língua oficial”.
Uma fonte
conhecedora do assunto escreveu (F.B., 26.02.2014) que o que o MAT orientou aos
media para aplicação rigorosa é “uma Portaria de 1971, de 12 de Fevereiro,
sobre a Divisão Administrativa e Toponímia da então Província Ultramarina de
Angola, a fim de buscar uma harmonização da grafia”, sendo que, segundo ainda a
mesma fonte, “o MAT está a querer ser apenas rigoroso e agir em conformidade
com o que está legislado”.
Na busca de uma Lei
nova que esteja adequada com a nossa realidade actual, com a nossa cultura,
segue a fonte, o MAT está a preparar o projecto de Lei sobre a Toponímia que
será trazida a debate público para as contribuições de todos e, desta forma, em
conjunto, encontrar-se a melhor solução para este problema.
Três perguntas:
- Por que foi “impingida” aos órgãos da comunicação social a
aplicação rigorosa de uma lei de 1971 que corrige para pior determinados
topónimos surgidos ou já rectificados no pós-independência? Coloco aqui o
exemplo do Kuando Kubango e Kwanzas Norte e Sul.
- Afinal de
contas, que documento o MAT pretende levar ao poder legislativo? O projecto de
lei ainda desconhecido ou a Portaria de 1971 que não admite a utilização das
letras K, W e Y (constantes dos alfabetos convencionados pelo nosso Governo
através da Resolução 3/87 de 23 de Maio, do Conselho da República)?
- Na
eventualidade de se pretender levar ao Parlamento ou a uma consulta mais
alargada uma nova proposta de lei, com que contribuições, dos mais distintos
círculos da sociedade angolana, conta o MAT na fase de elaboração do documento?
Pedido aos ilustres representantes do povo à
Assembleia Nacional
Senhor
Deputado, a grafia das cidades vai ao parlamento. A decisão está no seu voto.
Kumbi lyu tunga
zemba lyu xika mwixi! (O dia de construir o palácio é o de assobiar!). Não se
pode perder uma oportunidade singular.
Se você é
um deputado defensor dos valores africanos de origem bantu, defensor das nossas
origens, da grafia dos nossos nomes de acordo aos significados que encerram e a
nossa identidade cultural, sei que vai votar CERTO.
Basta
reflectir no seguinte: o nosso maior rio de Angola que dá nome à nossa moeda
deve escrever-se com CU ou com KW?
· Espero
que até à chegada da proposta de lei ao poder legislativo, os representantes do
povo consultem sociólogos, linguistas, antropólogos e historiadores, para que o
trabalho de casa esteja feito. Que os deputados da maioria e da minoria não
cumpram apenas a "disciplina Partidária”. Estudem o assunto, busquem
consultoria, façam o “dever de casa” e votem em consciência representando os
vossos eleitores.
Até
lá, até que se esclareça se o que vai ao Parlamento é a Portaria de 1971 ou uma
Nova Lei, espero que consigamos (opinion
makers) influenciar os Governantes e Legisladores, discutindo e opinando de
forma aberta, alargada e desapaixonada. Vamos buscar consensos. Vamos buscar
posições que não nos levem a mudar de leis quando um dia vierem outros homens a
governar Angola. O Partido pode ser o mesmo mas os homens e as mentalidades,
tenho certeza, serão diferentes.
Seja o que for e venha o que vier. É preciso investigar, idoneamente!
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