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terça-feira, novembro 01, 2022

A PEDOLOGIA E A AGRICULTURA

O kota André Buta, Geólogo PhD, é dos que indirectamente mais me dá "sangue" quando se trata de alimentar o meu hobby de plantar árvores e cuidar delas com recurso à ciência geológica.

Nasci numa aldeia interior e, até aos 10 anos, vi-me cercado por árvores nativas e plantadas por homens, os meus pais e parentes.
A cidade de Luanda, que encontrei em 1984, era ainda arborizada e com lavras à volta, o que fez com que, mesmo na cidade, "desconseguisse" retirar o mato de mim.
Trafegando entre Madrid e Sevilha, o meu espanto foi ver pinheiros, oliveiras e citrinos a crescerem saudavelmente por cima de pedras. Sim, isso mesmo. Pedras ou rochas.
- Kota André, já viu?
- O quê?
- As pedras e a agricultura. - Emendei.
- Pois é! O estudo e conhecimento da pedologia permitem. Basta fazer um sulco ou haver uma lâmina de terra e rega. O resto, a própria planta resolve em termos de enraizamento e sustentação.
- Assim vai me dizer que o "drilling" também é chamado na agricultura?
- Vê bem. Acima da rocha deve haver uma pequena canada que não suporta a aplicação profunda da planta. A solução, quando tal acontece, é mesmo perfurar a rocha e encaixar a planta em uma saqueta de plástico. Depois, a planta cuida de se adaptar, crescer e mandar as raízes se fixarem e buscarem o alimento aonde for possível.
- E nós, com tanta terra, tanta água e tanto sol, continuamos "preguiçosos" em plantar. Já viu, kota?!
- Pois é. Chamem os geólogos! - Fechou o capítulo da longa conversa sobre a geociência que ele bem domina.
- Vou insistir, tentando, mesmo que seja em solo arenoso/poroso e clima quente. - Falei para meus botões.
Sempre podemos alimentar a planta mesmo em terreno de elevada porosidade, em que a água arrasta para o fundo os nutrientes, deixando-a sem alimento.
Faça um sulco de 80 a 100 cm de diâmetro e igual medida em profundidade. Preencha o espaço com empréstimo (terra melhorada) ou adubo orgânico feito de restos de alimentos e terra (qualquer que seja).
Para fazer o adubo orgânico, tenha um balde de 20 litros ou outro maior, faça pequenos furos na base para drenar. Sempre que tenha restos de comida (carnes, vegetais, folhas, cereais, carnes, cascas de ovos, etc.) deite no balde e jogue uma pequena porção de terra e água, mantendo-o sempre tapado para evitar odores, se fizer este processo dentro do quintal.
Ao fim de sessenta ou noventa dias, depois de o balde estar cheio, terá a matéria orgânica decomposta e pronta para servir de nutriente às plantas. Esse composto alimentará, na proximidade, a sua planta (abacateiro, mangueira, safueiro, jaqueira, citrino, romãzeira, videira, maracujazeiro, goiabeira, figueira, nogueira, artocarpus altilis (fruta-pão), bananeira, ou ainda hortaliças como couves e repolho, etc.
Temos experimentado, há já algum tempo, com bons resultados (em Viana e Zango). Cada manga, mamão, banana ou quiabo que se colhe em casa são sempre alguns Kwanzas que se poupam, para além da alegria da criança que aprende o ciclo da planta, da estaca ou semente até à fruta.

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