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sábado, maio 21, 2022

UM "PALÁCIO" INACABADO EM KALULU

Quem viveu/vive em Kalulu conhece esse inacabado. Desde 1987 que o vejo nas mesmas condições, ou melhor, a faltar, sequencialmente, um tijolo, uma abobadilha, um aramezito, até, se calhar, um dia ruir a estrutura (como já se vêm os estragos feitos pela oxidação do material ferroso e constante humidade causada pela chuva).

Voltei a passar por lá e os guardas do banco erguido paralelamente diziam ser "a melhor planta entre os edifícios construídos (projectados) na vila".
- Tem cave e vem até aqui. - Indicava um deles, posicionando-se no passeio.
Nos anos 80 e início da década de noventa do século XX, mesmo constando no léxico político angolano o axioma "partir os dentes à pequena burguesia", Miguel Neto era já um homem próspero, quando comparado a outros kalulenses de então, que professavam a pobreza da "ditadura do proletariado".
Ao que sei, não era dirigente político. Tinha camiões amarelos (Volvo) que circulavam, com algum à vontade, entre as comunas do Libolo e os municípios à volta, incluindo cidades como Sumbe e Luanda. No Lussusso, por exemplo, tinha um "bar" que pleiteava com o do Falcão e do Olímpio (já reabilitados e em funcionamento). Apenas o do Miguel Neto continua em escombros.
Com o fim da guerra (Acordos de Bicesse, 1990) e abertura do país à economia de mercado, quando se esperava que o homem prosperasse, vimo-lo erguer uma firma/sucursal na intercepção entre a Venida Lenine e a Avenida Rei Katyavala, transferindo-se, posteriormente, para o Kunene.
O que fazia e que lhe dava prosperidade em tempo de guerra e o que lhe aconteceu em tempo de paz para que não consiga sequer concluiu o que iniciou num tempo económica e militarmente difícil?
Dizem que "vive agora na África do Sul", deixando o seu "faustuoso" imóvel por concluir.
Até quando?

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