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quarta-feira, maio 15, 2019

OS NINGOÇUS À VOLTA DE UM NEGÓCIO

Considero negócio a actividade formal cuja prática, em local apropriado, é reconhecida, geradora de emprego, sustento e imposto para o Estado.
Ningoçu é toda a cadeia informal de negociatas e biscates que possam surgir à volta de uma actividade formal.
Assim, tendo decidido ir desmaiar a fome no "restaurante aberto" da Chicala, ao istmo de Luanda, onde se vende peixe fresco e grelhado, notei, com atenção, a quantidade de pessoas que se movi...mentam naquele espaço, procurando levar "pão para casa" ou, no mínimo, saciar vícios resistentes, mesmo em tempo de crise financeira reconhecida e assumida.
Dentre as "ningocistas", pude anotar: a senhora da jinguba e a do jola myongo; o moço dos discos de música, pen drive, acessórios eléctricos, etc; o rapaz que lava o carro; a interceptadora de possíveis clientes dos "restaurantes"; a mamã do Tpa (sobre ela já dediquei uma crónica); o tio do mictório; o vendedor de kangonya aos pescadores, lavadores de carros e estivadores; a mana que vende bebidas que nada têm a ver com a vendedora do almoço; o rapaz das recargas telefónicas e da graxa para que o funcionário público (normalmente bangão e com ares de bem remunerado) chegue ao local de trabalho com sapatos feitos espelho, dando a entender que sai de um dos restaurantes mais chiques da cidade... São "n" NINGOÇUS.
Feita a observação, algumas perguntas não se fazem calar.
- Por que também não se transformam esses ningoçus em negócios, abrindo esses pequenos serviços periféricos onde se fundem os negócios típicos da cidade?
- Por que não ter um parque para estacionamento e lavagem automóveis em que se pague pela limpeza e segurança?
- Por que não se colocam espaços para a venda estacionária e não ambulante de souvenirs e acessórios diversos?
- Por que não se instalam, mesmo que em regime de franchising, quiosques representando as empresas de telecomunicações ou, no mínimo, seus produtos?
- Por que não se aglutinar aos "restaurantes de peixe" tabacarias, cafeterias e demais serviços úteis?
Teriamos pessoas a se orgulharem de ter um emprego ou de ser empresário, estadas mais cómodas para os frequentadores, mais impostos para o Estado e garantia de um futuro melhor para todos.
São apenas ideias de leigo.


Publicado pelo jornal Nova Gazeta, 31.01.19
 

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