Aconteceu há 23 anos.
No dia 31 de Maio de 1991 o Governo angolano, liderado pelo MPLA e seu
Presidente José Eduardo dos Santos e a UNITA assinou, liderada pelo seu então
líder Jonas Malheiro Savimbi, assinaram o Acordo de Bicesse, em Portugal (ler mais em: http://rubelluspetrinus.com.sapo.pt/bicesse.htm ).
Depois de Bicesse veio
a "mini-paz" que permitiu um retorno tímido aos campos, desminar e
reparar o que era possível (pontes e algumas estradas para permitir a
famigerada "livre" circulação de pessoas e bens), realizar as
primeiras eleições em Setembro de 1992, mesmo sob suspeições e ameaças. Mas a
guerra voltou depois das eleições, cujo resultado foi rejeitado pelo maior partido da oposição, submetendo os campos, as vilas e as cidades inteiras de Angola a um clima de medo e terror, imposto pela máquina
militar da UNITA que não se tinha desarmado conforme preceituado no acordo de
Bicesse.
Seguiram-se
entendimentos diplomáticos em Abidjan, Namibe e Lusaka onde Venâncio de Moura (à data Ministro das Relações Exteriores de Angola) e
Eugénio Manuvakola (Secretário-Geral do partido do Galo Negro) tiveram de apertar as mãos, a 15 de Novembro, porque,
"na hora H", Jonas Savimbi o líder guerrilheiro decidiu em não
comparecer para eventualmente não se comprometer com um acordo de paz que não
lhe interessava, contando que ocupava, à data, cerca de 2/3 do território
nacional (Angola tem de extensão 1246700km2).
Com base no
"Protocolo de Lusaka" (ler mais em: http://www.embaixadadeangola.org/acordos.htm), mediado pelo maliano Maitre Alioune Blondin
Beye, o governo do MPLA criou o GURN (Governo de Unidade e Reconciliação
Nacional), outro vocábulo muito falado e que se foi gastando aos poucos. Hoje
já ninguém "Gurna" e os mais novos quase desconhecem esse acrónimo.
"Gurnou-se"
até 2008, altura das segundas eleições em Angola, com todos os partidos que
tinham representação parlamentar a fazerem-se presentes no Governo sob direcção
do MPLA.
Os acordos de Lusaka,
2004, escritos as lápis, rapidamente passaram ao esquecimento, gritando mais
alta a voz dos morteiros. Cidade e campos sofreram as maiores agruras e maiores
privações. A rebelião chegou às portas de Luanda estação de energia eléctrica,
em Viana, foi danificada pela rebelião que atacou a capital do Bengo, a
escassos 60 km de Luanda. Reportei para a Comercial a chegada de deslocados de
Caxito a Cacuaco.
O Acordo de
Bicesse, o primeiro passo para a paz real que já se vive há 12 anos em Angola,
foram rubricados há 23 anos.
Estará hoje a media angolana a recordar este importante marco da pacificação do país?