Lisboa, a segunda capital de um bom número de angolanos, alguns fingidos em bons patriotas, registou uma temperatura máxima de 27° na terça 26.10. Nesse período, Luanda e Lisboa são cidades quentes que impõe algumas necessidades comuns aos cidadãos residentes e visitantes, sobretudo os amantes da caminhada. Porém, uma das coisas que faz diferença entre as duas capitais é o facto de o caminhante lisboeta puder encontrar um bebedouro numa paragem de autocarro, numa estação de comboios ou num jardim.
Em Luanda, apesar de muitos não conferirem qualidade à água da rede pública, sabemos que a maioria da população a leva ao estômago sem outros tratamentos prévios como a decantação, fervura, desinfecção com iodo ou pastilhas, filtração ou adição. Essas pessoas, por serem as que menos dinheiro possuem, eventualmente, não se inibiriam em beber água da bica instalada no largo da Independência, da Mutamba ou na Marginal do Bispo.
O que vemos é que, enquanto avançamos em uma direcção com a reposição da água encanada (o que é a todos os níveis louvável) a extensão destas serventias ao espaço público vai demorando.
Em Lisboa, onde as pessoas preferem a água da torneira à engarrafada, é comum encontrar bebedouros públicos nas ruas e largos da cidade. Embora nãomais precisem de chafarizes, num largo da cidade do Porto encontrei um esguicho que tanto atende os que passam sedentos, como serve de memória colectiva, lembrando como a água chegava à comunidade antes de ser encanada para as residências.
Será que, por extensão, os angolanos negariam bicas nas ruas e largos das cidades e vilas?
Eventualmente alguém diga que a construção desses equipamentos enfrentaria o desafio da segurança, visto que cresce o vandalismo contra a coisa pública. Aqui, a solução é mesmo o uso de "mão de plumas e barrete de ferro" por parte da nossa polícia e dos órgãos de justiça. Automobilista que parta assentos públicos ou poste de iluminação deve repô-los, acrescido de multa exemplar, para além da responsabilização pelo acidente. Bandido que danifique ou roube bem público deve ser condenado à pena correcional e serviços comunitários. Quando isso acontecer, os bens e equipamentos públicos permanecerão perenemente e o seu usufruto alegrará gerações.
Já agora, que tal dos urinóis públicos que, sob gestão de jovens actualmente desempregados (através de parcerias-publico-privadas), podem conferir valor social, económico e ambiental às nossas vilas e cidades?
Penso que é chegado o tempo para voltarmos ao normal!
Publicado pelo Jor. Angola a 12.11.2023
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