A Camponesa é uma "tasca de esquina" (Av. 5 de Outubro, 347, 1600-035, Lisboa), cuja sinalética aponta como sendo "Pastelaria, Cafetaria e Snack Bar". Localizada em Entre Campos, a casa está sempre apinhada, apesar de ter (diga-se) espaço de acolhimento interior minúsculo (para o número de frequentadores), mas sempre bem arrumado de forma a poderem nele caber mais pessoas sentadas.
À entrada, no largo passeio a olhar para a estação de comboios, um sombreiro acolhe os utentes que preenchem outras mesas com cadeiras. É, normalmente, aqui que se sentam os fumadores e aqueles que ficam por uma bica.
À entrada, no largo passeio a olhar para a estação de comboios, um sombreiro acolhe os utentes que preenchem outras mesas com cadeiras. É, normalmente, aqui que se sentam os fumadores e aqueles que ficam por uma bica.
Mas quem faz "A Camponesa" encher o recinto e os bolsos?
Há uma jovem que trata todos os angolanos que adentram o espaço por tio. A jovem simpática que corre de um lado ao outro, conversando e atendendo com mestria, é Oriana e é angolana. Ela sabe quando intervir e quando deixar os clientes em paz. Conhece as dores e, às vezes, age como bálsamo.
Diz que "ganha pouco" mas a sua simpatia cativante, que faz o espaço encher, proporciona-lhe alguns cêntimos de euros que, ao longo do dia todo, podem pagar uma refeição.
Quando perguntada "se não se cansa e não tem tido dias tristes", Oriana apenas responde:
- Gosto do que faço e com o sorriso que vocês dizem que esboço encapuzo as minhas mágoas.
Essa jovem angolana, há mais de 15 anos em Lisboa, habituada a ter o cliente como a razão do seu trabalho e de seu sustento, bem podia ser modelo para muitos empregados em hotéis, restaurantes e similares em Angola, que fingem trabalhar ou que erradamente pensam que fazem favor ao utente/cliente. É uma pena que Lisboa "fica longe" e a Oriana uma apenas, embora se possam encontrar em Portugal outros bons profissionais do ramo da hotelaria, idos de Angola, dada a vocação turística do país.
Pessoas como a Oriana devem ser contratadas para formar (formal ou informalmente) angolanos que trabalhem no nosso país nesse segmento de negócio, de modo a conferir qualidade ao serviço que as nossas casas prestam. É que há muito a ciência empresarial comprovou que para ter uma boa clientela (grande e regular) não basta a qualidade inferida do produto. O serviço tem de ser de elevadíssima qualidade, sendo que esse desiderato é atingível apenas com pessoas que tenham vocação, formação, que gostem do que fazem e que estejam comprometidas com o trabalho.
A Oriana mostrou que um bom atendedor de cafés pode, ao fim da jornada, ganhar mais do que um Ministro ou Deputado à Assembleia do Povo!
Publicado no jornal Nova Gazeta de 25.04.19 e JA de 19.05.19
Há uma jovem que trata todos os angolanos que adentram o espaço por tio. A jovem simpática que corre de um lado ao outro, conversando e atendendo com mestria, é Oriana e é angolana. Ela sabe quando intervir e quando deixar os clientes em paz. Conhece as dores e, às vezes, age como bálsamo.
Diz que "ganha pouco" mas a sua simpatia cativante, que faz o espaço encher, proporciona-lhe alguns cêntimos de euros que, ao longo do dia todo, podem pagar uma refeição.
Quando perguntada "se não se cansa e não tem tido dias tristes", Oriana apenas responde:
- Gosto do que faço e com o sorriso que vocês dizem que esboço encapuzo as minhas mágoas.
Essa jovem angolana, há mais de 15 anos em Lisboa, habituada a ter o cliente como a razão do seu trabalho e de seu sustento, bem podia ser modelo para muitos empregados em hotéis, restaurantes e similares em Angola, que fingem trabalhar ou que erradamente pensam que fazem favor ao utente/cliente. É uma pena que Lisboa "fica longe" e a Oriana uma apenas, embora se possam encontrar em Portugal outros bons profissionais do ramo da hotelaria, idos de Angola, dada a vocação turística do país.
Pessoas como a Oriana devem ser contratadas para formar (formal ou informalmente) angolanos que trabalhem no nosso país nesse segmento de negócio, de modo a conferir qualidade ao serviço que as nossas casas prestam. É que há muito a ciência empresarial comprovou que para ter uma boa clientela (grande e regular) não basta a qualidade inferida do produto. O serviço tem de ser de elevadíssima qualidade, sendo que esse desiderato é atingível apenas com pessoas que tenham vocação, formação, que gostem do que fazem e que estejam comprometidas com o trabalho.
A Oriana mostrou que um bom atendedor de cafés pode, ao fim da jornada, ganhar mais do que um Ministro ou Deputado à Assembleia do Povo!
Publicado no jornal Nova Gazeta de 25.04.19 e JA de 19.05.19
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