Muitas vezes fui abordado, por cibernautas e amigos reais, por que
adoptei o pseudónimo literário de Soberano Canhanga?
Quanto à minha origem materna já escrevi e expliquei. Faltava o
lado paterno, pouco divulgada nos meus escritos.
A minha mãe (Maria Canhanga) conta que o meu avó Ñana Muryangu (Fernando Ndambi como ficou
registado no civil) era procedente de Karyangu, aglomerado populacional que conheci
aos 39 anos.
- Kukwi mungwa mbonge Yaryangu!- Diz sempre que questionada
sobre o assunto (vosso avô era procedente
da sede de Kariangu).
Lendo http://francismundo.comunidades.net/origem-dos-kibala-1sintese
(01.02.2017), sobre
a origem e alguns ritos dos povos Kibala, cheguei a algumas conclusões, não
pouco importantes, sobre aquele que terá sido Fernando Ndambi, bem como algumas
práticas por ele evidenciadas.
Vejamos:
“Sempre que um homem tomava uma mulher, era aconselhado ir viver num outro
ponto do território para terem filhos e formar uma família lá, criando tribos e
clãs com o prepósito de expandir o reinado de kipala o “Ñana Inene” e o
seu povo. Não há evidência de que este povo era tributário há um determinado
reino”...
Meu avô, já em terceiras núpcias, abandonou o seu homeland e
migrou para a região de Kuteka, onde já tinha alguns parentes também eles
migrados. Mas não se juntou na comunidade parental. Procurou um sitio com mata
serrada e água abundante, atraindo caça, local propenso ao desenvolvimento de uma agricultura que
propiciasse boas colheitas. Ao rio Kitumbulu, que encontro sem peixe, fez
questão de povoar, pescando no Sangana e descarregando os peixes à montante do
Kitumbulu.
“... Kipala Kia Samba teve 15 filhos, dos quais seis (06) eram com sua
primeira mulher “Nzumba Muriango, muñambo-a-Čipalá”. Cada filho ia
tomando a sua mulher conforme os rituais e a levava já concebida a uma
outra terra para formar a sua família... Depois da morte de seu marido passou a
ser chamada de Nzumba Čipalá, fazendo papel de rainha”...
O sobrenome Muriangu que configurava o título nobilístico de
meu avô, indicia ter descendido
directamente da linhagem de Nzumba Muryangu ou Nzumba-Epala (Nzunba-esposa de Cipala).
Pois o título nobilístico de Ñana Muryangu, nunca viria do nada e jamais lhe seria atribuído e
reconhecido, se não fosse do grupo dos herdeiros de Cipala kya Samba saídos do
ventre de Zumba Muryangu.
Portanto, sou um libolense, de Kuteka, onde meu avô materno, Ñana Ngunji,(Canhanga)
era o regedor (soba grande) do Kuteka (margens do Longa), e sou igualmente descendente da nobreza de Cipala
kya Samba (Kibala).
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