Revisitando a memória e o costume dos povos libolenses e circundantes, chega-se à conclusão de que o chamado "chá-de-panela" não é nada mais do que um peditório pré-matrimonial que visa dotar a pré-nubente de utensílios domésticos para colocar-se em condições de poder receber visitantes.
Tal peditório visa angariar, sobretudo, utensílios de cozinha, entre louça, talheres, toalhas de mesa e de loiça, fogão, bilha de gás e outros adereços.
Na tradição bantu-libolense o peditório tem o designativo Kimbundu de úbeka.
A pretendida (noiva), antes do kixobo**, passa pelas casas de tias e primas, já casadas, que oferecem tantas peças quantas possíveis do seu enxoval à futura "dona de casa". É um acto encarado com normalidade e naturalidade que não se submete à chacota.
Olhando para o moderno e urbano "chá-de-panela", trata-se tão somente da urbanização ou renovação de um hábito secular bantu que ainda tem pernas no interior libolense.
Ao inovador "chá-de-panela" segue-se o "chá-de-bebê" outro peditório que visa angariar de parentes e amigas chegadas roupas de recém-nascido que seus filhos tenham descartado.
É também assim no Libolo.
* Peditório
** cerimónia matrimonial
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