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terça-feira, outubro 01, 2019

O QUE O VENTO PÕE À MOSTRA

Moda é  moda e sempre houve em todos os tempos, levando-me a crer que venha a haver para todo o sempre. Especialistas na matéria apontam que ela se renova e recupera exemplares do passado a cada dez ou vinte anos, com alguns acréscimos e ou decréscimos.
Por outro lado, diferente dos animais irracionais que já nascem vestidos de abundantes pelos, escamas  ou penas, o homem veste-se para realização púdica e alimentação egoística. 
Quem se veste, qualquer que sejam os trajes, quer cobrir o corpo, para que "zonas proibidas" não  sejam vistas, mas quer também mostrar-se ou pôr à mostra o que adquiriu e está a usar, quanto pode e até onde chega o seu bolso. Por este facto, uns, os mais vaidosos, nem sequer se prestam a bisar roupas, gastando fortunas para alimentar esse ego. Alguns (como o autor dessa prosa) fica-se pelo cobrir o corpo  de forma decente e/ou combinar algumas cores, evitando um carnaval de duração anual.
Aos que conjugam o verbo ter, às roupas fazem acompanham uma série de adereços complementares (e pinturas noutros casos), colocando-nos, às vezes, mais próximos de "pessoas esculpidas/trabalhadas" do que de simples seres humanos (mortais) com corpos cobertos por têxteis.
Nos dias que correm, vejo frequentemente senhoras (de baixa, média e outras de alta idade) a usarem saias e vestidos curtos, apertados na zona da cintura (normalmente junto ao umbigo) mas excessivamente largos na zona baixa e propensos a ser levantados pelo vento. E, quando tal (o inesperado?) acontece, fica tudo à mostra.
Umas mais avisadas, embora vaidosas, usam uma "preservante" cinta ou minúsculos  colants para manter a guarda. Outras, mais ousadas, usam tais sainhas e vestidinhos como se estivessem a usar calças ou vestidos longos, numa espécie de "veja tudo" o que quiser. Há quem ainda use em adição blusinhas de alcinhas ou as do tipo "deixa cair".
E quando o vento sopra, cuecas (novas e rotas) é só ver. E os jovens da kangonya que até  pedem para que o vento não dê tréguas?! Bué de cinema sem bilhete!
Por que será?
Será intencional ou as modas são incontornáveis?
Publicado no jornal Nova Gazeta de 06.06.19 

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