Como locutor atento de kimbundu (Lubolu) vou notando que muitas palavras utilizadas hoje para designar ideias, coisas e sentimentos/estados não existiam há trinta anos, assim como algumas que ouvi pronunciar na infância estão hoje no armário.
Isso acontece com todas línguas vivas. Há gírias, calões e neologismos que quando popularizados são inseridos "naturalmente" no léxico e outras que, caindo em desuso, se tornam de uso restrito/erudito ou passam para o arquivo.
Palavras como mwangope (alusão à capital angolana Luanda), kangonha (lyamba), kimanda (carabina), ngongwenha (fadinha y'ukange nyi suka), sambwambwa (dilaji), kitata (ndumbu), etc. foram/são utilizadas em kimbundu para designar seres, coisas/objectos e ideias. Umas tornaram-se parte do léxico comum da língua kimbndu, outras não se puderam manter no léxico e algumas são usadas em círculos muito restritos ou por falantes de “fina expressão”.
Este pequeno exercício surge a propósito de uma jovem universitária que estuda "as intrusões de linguas bantu na L.P. em Angola" ter escolhido como obra para análise (o meu) "O Sonho de Kauia", livro rico em expressões kimbundu, umbundu e cokwe.
Perguntava-me se qual era a origem de uma lista de palavras retiradas do texto, mesmo aquelas que têm significado em rodapé.
Depois de uma analise, a conclusão só podia ser esta: alguns lexemas constantes do referido livro e apontados pela estudante foram emprestados/tomados do kimbundu mas são gírias e calões daquela língua, podendo, por isso, ser desconhecidos por alguns falantes do kimbundu noutras regiões.
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