Mabubas da minha infância. Nunca te vi ainda. Só te conheço
pelo que de ti ouvi contar.
Algumas vezes desisti de estudar por causa da tua energia.
Sempre que os “carcamanos e kahuhus” minassem e rebentassem os postos de
energia de alta tensão da linha de Kambambe, era o fruto das tuas turbinas que
iluminava Luanda. Na altura não era ainda tão "arcada e parabolizada"
como hoje mas ja era a maior entre os kimbus de Ngola.
Tua pequenez a lutar contra a grandeza de Luanda fazia com
que as lâmpadas apresentassem apenas o filamento aceso, apresentando uma luz
amarelenta sem força para mostrar aos olhos o quanto a ausência do Sol esconde
aos homens.
Mabubas do meu
kimbundu e correntezas do luz e tano estrangeiro! Que é feito de ti, hoje?
Kambambi anunciou férias pequenas para aumentar produção nos
dias que vêm. Ver-te-emos invadir novamente nossas casas? É tempo de frio. Teus
inimigos aparelhos de frio estão em gozo de férias merecidas.
Mabubas! Estudei-te na Geografia da quarta classe. Já
estiveste entre as sete
"maiores" hidroeléctricas de Angola, ombreando com Kambambi, Biópio,
Lomaum, Matala, Luachimo e Ruacaná. Ngove, Kapanda e Chicapa são kanukas desses
tempos. Laúca nem “pai e mãe” se conheciam ainda.
No discurso megalómano doutros tempos até a açucareira Heróis de Kaxito, tua vizinha, era
"capaz de fornecer o produto a todo continente africano".
Grandes tempos, minha Mabubas...
Obs: Texto escrito a 20.07.2014. Nesse dia houve corte geral de energia eléctrica em Luanda, motivado por trabalhos de manutenção na hidroeléctrica de Kambambi (Kwanza-Norte).
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