(IN MEMORIAM)
Economista bem posicionado no BNA onde foi sub-director de Emissão e Crédito e presidente do Sindicato dos Empregados bancários, António Branda ou simplesmente Man-Tony, para os de casa, foi um homem que conheci por força da vizinhança, no Rangel, e por ser irmão e primo de meus amigos de adolescência: Simão ou Tio, Zazá e Didi.
Simples, apesar de ser doutor e bem posicionado social e economicamente, Man-Tony construiu a sua humilde casa no bairro Precol onde nos recebia a todos como irmãos. Não distinguia os irmãos dos amigos destes. Era, por isso, o nosso kota, o Man-Tony.
Sempre que, por razões por nós desconhecidas fossemos mal recebidos pela esposa, Man- Tony dizia-nos: "não linguem, môs kandengues, são questões políticas".
Ele não era dado a conversar questões de fórum partidário mas alegava "questões políticas" o que nos deixava confusos.
Hoje, crescidos e amancebados, compreendemos o que ele nos estava a transmitir, o que considerava serem "questões políticas". Na verdade, eram assuntos que a nossa idade e estado civil não permitiam entender. Questões difíceis de gerir que obrigavam-no à gestão política da situação. Man-Tony não era homem de entrar em gritaria com a parceira aos nossos olhos, por mais coberto de razão que estivesse. E geria tudo de forma política, a arte do equilíbrio, do win-win. Pura verdade!
Estamos nós (Didi, Puna, Amany, Canhanga, Zazá, Beto Spina e outros amigos de então), também hoje a gerir muitas vezes situações "políticas" incalculáveis há 20 anos.
E, dizia-nos mais: "Môs kandengues, não se apressem em ter dama. Casa temos, mas o pitéu é complicado". Na nossa inocência sempre pensávamos que fosse mais difícil ter-se casa do que comida. Vemos hoje que, embora cerca de metade do que se cozinha vá ao lixo do que ao estómago, é por causa da comida que mais se encontram clivagens entre parentes.
Oiço, vezes sem conta, que o fulano não dá assistência alimentar, deixou o filho e não deixou a comida, etc. Coisas sem cabimento. Mas, mais uma vez dou razão ao Man-Tony.
"São questões políticas, môs kandengues, não liguem"!
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