Solicitaram-me alguns amigos jornalistas, habituados a ler os meus comentários nesta altura da atribuição do Prémio Maboque de Jornalismo, que debitasse algumas palavras ao último Prémio. Disseram ter estranhado o meu silêncio no dia 08 Setembro, tendo-o como sinónimo de concordância total com os critérios de atribuição do galardão e galardoados.
Abro aqui um parágrafo prévio para dizer que não sou: nem contra o prémio e nem contra aqueles que o venceram e ou venham a vencer, tal como sou inadimplente a tal prémio por me encontrar, há muito tempo, a assistir o “jogo pelas bancadas”. Sou, entretanto um “puto” que começou a exercitar o jornalismo em 1996, que esteve no campo como jogador, e agora como um experiente adepto e espectador. É nesta condição que me atrevo a debitar ideias sobre o jornalismo que se exercita no país e os prémios a ele relacionados.
No ano passado (2012), um dia como hoje, quando expressei o meu assentimento sobre os critérios e os eleitos do Prémio Maboque de Jornalismo, fui brindado com algumas intimidações, umas mais públicas e outras sub-reptícias endereçadas à minha almofada.
Defendi, na altura, a revisão/clarificação do regulamento do prémio e a observância do código de deontologia e do Estatuto do Jornalista Angolano. Fui mal compreendido.
O pronunciamento, nesta edição, do patrono do Prémio Maboque de Jornalismo, segundo o qual, "A partir do próximo ano, o prémio vai sofrer ligeiras alterações no seu regulamento. Vamos propor ao futuro corpo de jurado algumas alterações. Gostaríamos que pudesse demonstrar, do ponto de vista técnico, o porque de alguém ganhar, em detrimento de outro", surge como "pedra no charco" que a classe esperava e que vem clarificar que nem tudo vai bem no PMJ. Aliás, Armindo César vai mais longe ao afirmar que "Nomear jornalistas por apenas nomear não é justo nem é bom. Sei que aqui há entidades da classe que discordam de algumas decisões do júri que deve procurar aclarar essas nuvens cinzentas, dúvidas, tornando o prémio transparente".
Para mim, ou o regulamento está desajustado, e aqui se torna urgente a sua conformação com a realidade, ou o júri confunde o exercício anual com a carreira dos artistas. Só assim se pode entender que o prémio maior seja entregue a profissionais com carreira irrecusável mas que pouco fizeram no período sujeito a premiação ou que há muito se encontram na bancada ou na condição de incompatibilidade.
Sendo comum, em situações como essas, o coro de prós e contra, e não sendo poupados aqueles que se mostrem desconfortados com os critérios de premiação, espero que, desta vez, haja coragem de se criticar Armindo Cesar, presidente do Grupo Cesar e Filhos, promotor da iniciativa, que quer ver o regulamento revisto.
É que, a meu ver, o grupo do empresário César muito bem podia atribuir a distinção a quem queira, podendo também mudar a designação para “Prémio Maboque de Reconhecimento à Melhor Carreira Jornalística” mas, atento ao que se passa, ano após ano, o patrono quer que o prémio vá ao melhor jornalista do ano ou que a sociedade saiba por que foi atribuído ao Mutaleno e não ao Mutambuleno.
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