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quinta-feira, setembro 29, 2022

ZEZUS E O MÚSICO

Era Kasimbu (cacimbo). No Reordenamento do Rangel, Mangololo tinha um descampado que juntava anos, se calhar décadas, sem uma capina sequer.

Como se aquilo parado lhe desse dinheiro, passava dias sim, semanas sempre, debaixo do arvoredo, contando os aviões que sobrevoavam o bairro e matando kas(s)umuna também.
Quando se ausentava, os cabritos todos do bairro faziam-lhe a vez, pastoreando, e fazendo do rossio um logradouro colectivo e campo para o futebol dos anandenge.
Por razões que apenas disse "familiares e urgentes", Mangololo se tinha ausentado por largas semanas.
Ninguém sabia aonde fora, tirando a mulher e o Kavumbu, amigo dele "das confianças".
À chegada, regado de primeiríssima da Ki(s)ama, Mangololo foi tomado por um misto de alegria e dor.
O terreno devoluto estava transformado em um autêntico campo, sem relva e sem vida que tinha aos olhos do dono.
E, de espanto em espanto, Mangololo não tinha medida para surpresas. Até Kandonika, a mulher, que, "na hora do vamos ver", interjectiva "ai mô homi", estava a verbalizar "ai Zezus, ai Cristo!".
Será que o melhor do Petro Atlético e o músico tiraram uma peladinha no campo dele?
Voltou a Ndemba Xyu, Kis(s)ama, para procurar pela casa de adivinho secular.
Será que você o ajuda a esclarecer o que terá acontecido?
Mahezu, ngana!

quinta-feira, setembro 22, 2022

DESAPARECEU O BOI MAGRO À BEIRA DA ESTRADA

Munhino/Kapangombe, perto de cem quilómetros, contados de Moçâmedes, a caminho da Bibala. O verde trazido pela chuva faz esquecer, por enquanto, a tristeza da seca que, por essas terras, não é novidade. Seca quase sempre e chove quando o intangível quer!

Vi, nas suas acções espontâneas, homens, árvores e animais a festejarem a água vinda dos céus. É como se "o mundo não tivesse leste"!
Desapareceu, à beira da estrada, o capim seco, a árvore sem folhagens e o boi magro: uns fertilizam hoje a terra, outros engordaram sobrevivos em terras distantes do centro e norte de Angola, ao passo que os resilientes ocupam-se do pasto, sem concorrência, do capim verde e fresco que a chuva trouxe!
Entre a alegria trazida pelo renascer da vida, entristeceu-me o corte de árvores raras para o carvão que grelha o peixe e a carne nas cidades e leva à fervura a água do pirão nos bairros periféricos. Na embala, sabe-se, é mesmo a lenha miúda, seca pela desistência do galho à vida, que valoriza a cozinha fumegante. E a humanidade segue o seu rumo milenar, sem atropelos e nem agressividade à paisagem!
Dos vários encantos visuais, retive o relevo esculpido pelo criador da natureza: a cadeia montanhosa e recortada que circunda o Munhino, abrindo um desfiladeiro que conduz os audazes à Bibala, por um lado, ou fria Humpata por outro caminho. É Bibala, é Lubango, é terra distante além monte!

Munhino, 20 de Abril de 2022
Texto publicado pelo Jornal de Economia & Finanças de 15 de Maio de 2022

sábado, setembro 17, 2022

CERÂMICA DA MUNENGA: QUEM SE LEMBRA?


Morreu lentamente
até que o ataque da Unita à Munenga, em Fevereiro de 1984, serviu de machadada final. As imagens mostram o que resta da Cerâmica da Munenga.
Se ela existisse até hoje, teria grande serventia à população, operadores sociais e empreendedores que enfrentam enormes dificuldades em adquirir blocos de cimento. Muito provavelmente a Munenga e arredores tivessem menos construções precárias, feitas de adobes e pau-a-pique, o que diminuiria consideravelmente a deslocalização permanente das aldeias.

Os amigos do dinheiro fácil estão a desmontar o que resta da história para vender aos catadores de ferro.
Um dia alguém poderá acusar-nos de "inventores" de uma cerâmica "que nunca existiu" por falta de provas físicas.

Na ausência de quem queira erguer uma nova cerâmica no local da que foi destruída, será que a autoridade competente pode cercar o espaço e preservar o que resta?


quinta-feira, setembro 15, 2022

E SE FOSSE GUERRA? - PERGUNTA MANGODINHO

Pela primeiríssima vez na sua vida,  Mangodinho foi, de verdade, convidado a assistir à cerimónia de posse de um presidente.

A manhã, de 15 de Setembro, era de frio trazido pela chuva que acompanhou o alvorecer.
- Amanhã, todos devem chegar ao ponto de encontro às sete da manhã e irmos em autocarro até ao Memorial do Camarada Neto. - Recomendara, de véspera, o assistente sénior do boss.

Mangodinho, cumpridor de orientações, não queria mostrar-se atrasado e muito menos faltoso. Programou o despertador para as cinco da manhã e fez-se ao local combinado às seis e meia. Trinta minutos antes.

Mangaram-lhe (no coração) o fato goiabeira azul-escuro que vestia  enquanto todos pareciam que iriam à gala vespertina com casacos opacos, sapatos castanhos e camisas cor-de-neve, engravatados. Ele não. Simples e com o boné de cronista-comunista. O seu íntimo dizia-lhe de instante a instante: vai fazer calor. E fez até fazer secar as cadeiras de polietileno inundadas pela chuva madrugadora.

No bloco J da Praça da República, Mangodinho assistiu a tudo: a chegada do povo-em-geral como ele, dos nguvulu do Estado, dos nguvulu de outros países convidados (e eram muitos), a chegada dos empossados (João Lourenço e Esperança Costa) até ao desfile de tropas e meios. É sobre essa parte, quase final, que antecedeu ao disparo de vinte e uma bujardas que Mangodinho decidiu cronicar.

Tinha desfilado toda a técnica da polícia, infantaria e marinha (essa ultima via Tv). Faltava a da força aérea. O mestre de cerimónia anunciou que passaria primeiro o B777 civil, da TAAG, e depois a técnica da Força Aérea.

O pessoal vergou o pescoço. Olhos para o ar. Um, dois, três, cinco, sete, nove minutos. Nada!
Um mais velho, já barba rija e cabelo pintado de negro, acalmou os mais expectantes:
- Vocês que estão a roer as unhas pela passagem tardia do avião civil, alguma vez viram a TAAG a cumprir horário?
- Não! - Responderam os que lhe inclinaram ouvidos e olhos, seguindo-se um curto riso generalizado. Curto como rajada de AK-47.

Contaram-se mais alguns minutos e lá vinha, lento, lento mesmo, o Boeing civil, ao que se seguiram aviões de asas rotativas e asas fixas da FAN, alegrando os presentes com as cores da bandeira angolana deixadas na atmosfera.

Mangodinho olhou para o relógio e lembrou-se das súplicas do povo, nos ataques da Unita à Munenga (1984) e Kalulu (1989). Veio-lhe a pergunta daquela idosa desconhecida que gritava desesperada, em 1989, em Kalulu, pedindo a aviação para ajudar os LCB.
Foram horas e horas à espera, até se anunciarem nos ares de Kalulu, levando todos a se questionarem:
- Por que a aviação só chegava quando o fogo já estivesse apagado e as cinzas frias?
Foi o que lhe veio à consciência.
- Com esse atraso dos aviões, o que aconteceria ao povo se tivessem sido chamados para acudir a infantaria em situação de desvantagem?! - Perguntou o mais velho de cabelo preto pintado de negro, um antigo FAPLA.

quinta-feira, setembro 08, 2022

UMA PARAGEM NO "BAR" DO NGANA MBUNDU¹

O seu nome de registo era algo como Walter Kruk. O alemão, de origem judia, terá chegado a Angola no final da II Guerra Mundial, instalando-se na comuna da Munenga. Tinha, na margem do rio Mukonga, EN 120, uma "Estalagem" e um restaurante, sendo paragem "obrigatória" de autocarros e outros veículos que trafegavam naquela rodovia, quer fossem ao sul, oeste ou nordeste. Nas margens do rio Muxixi, próximo de Kizanga, tinha a fazenda (que ainda não visitei). O meu tio Ernesto da Silva "Kapitia" serviu como motorista do alemão até à sua reforma.

A primeira vez que fui ao "bar" do Ngana Mundu - o povo chamava a instância de bar - terá sido em 1978. Era garotinho ainda. A minha mãe tinha viagem para Luanda e eu fora o escolhido para a acompanhar naquela que seria a minha primeira ida à capital, de onde só me vinham cenas de ouvir contar. Lembro-me que ainda não frequentava a escola.
Postos na instância de Ngana Mbundu, encontrámos um grande frenesim. Muitos autocarros da EVA, da ETIM, da ETP e outros veículos. Vi pessoas que nunca me tinha ocorrido imaginar: altos, gordos, baixos, magros, mulatos, brancos - designados colonos - e empregados.
Passado algum tempo, senti vontade de urinar, porém, não vendo mata por perto - na aldeia, é p'ro mato que as pessoas se dirigem para desanuviar a bexiga -  urinei nos calções. Tal irritou a minha mãe que suspendeu a viagem, voltando à fazenda Israel (próximo de Pedra Escrita) onde vivíamos, depois de meus pais terem abandonado o Kitumbulu (fazenda do meu avô paterno). Na semana seguinte, ela viajou com a Júlia, a minha irmã mais nova. Tal xixi adiou, até 1984, a minha ida a Luanda que aconteceu por imperativo da agudização dos ataques da UNITA.
Bem, em Fevereiro de 1984, a UNITA atacou a sede comunal de Munenga (4 Km da instância de Ngana Mbundu). Pilhou a comuna e, em saída, pilhou também a hospedaria, o restaurante e tudo quanto pôde, tendo como mulas os aldeões raptados de Munenga e aldeias ao entorno. Walter Kruk e sua tia "dona Lina", também conhecida como Senhora Kasenda, esta com idade muito avançada, foram raptados e nunca mais voltaram à família. Nem as ossadas foram devolvidas. Consta que as filhas se tinham deslocado até à África do Sul (tempo do apartheid), buscando socorro para que a UNITA libertasse os dois alemães idosos. Debalde!
As guerras sucessivas, até 2002, transformaram o lugar, que fora de elevada qualidade e hospitalidade, em escombros. Nos anos que se seguiram à paz de 2002, uma das filhas tentou reabilitar a herança,  porém, seria ceifada, ela e o filho, por um acidente de viação.
Um empresário natural do Libolo reabilitou, nos últimos anos, a Estalagem e o restaurante, sob a marca RITZ. Por curiosidade, passei por lá, no dia 20.08.2022. Gostei do acolhimento e do almoço. Calculo que, com mais publicitação e melhoria de alguns serviços, a instância pode resgatar a áurea dos anos 70 e início da década de 80 do século XX. O restaurante tem TPA e multi-banco (multi-caixa). Os quartos rivalizam com muitos hotéis de sedes provinciais.
=
¹ Senhor Nuvem.

Texto publicado pelo Jornal Cultura de 12.10.22

sábado, setembro 03, 2022

ODISSEIA À NDALA KAXIBO

Estrada Nacional 120, a meio caminho do segmento Lussusso-Kibala, encontramos a aldeia de Kizowo. Atentos, vemos, à direita, uma picada aberta em terra seca e poeirenta. É a que nos conduz à Ndala Kaxibo, comuna da Kibala.

Ndala Kaxibo é a terra da minha avó Juliana Kihuhu, mãe do meu finado pai António Fernando Ndambi. Os povos que fui encontrando pela picada lembraram-me a imagem e propensão profissional do meu progenitor: caçador e agricultor, servindo-se de instrumentos rudimentares.
Seguindo a rodovia, iam jovens, adultos e adolescentes à caça colectiva, empunhando como armas zagaias (arcos) e flechas. Magros cães, postos à prova de fome para que farejassem e corressem valentes atrás de pacas, coelhos, corsas e veados, seguiam-nos excitados para saciar a fome. Mas as presas teriam único destino: os homens caçadores e suas famílias. Os canídeos aguardariam umas bolinhas de funji e ossos que resistissem à gula dos dentes. Nessas caçadas, o que se consegue é repartido por todos, o que as torna em jornadas prazerosas e sempre produtivas.
Aos olhos do aventureiro, que se põe no interland desconhecido, a picada era acidentada, poeirenta e íngreme. As montanhas e colinas dificultavam visualizar o que se podia encontrar à frente, tirando ligeiros recortes de picada a contornar o intervalo entre gêmeas montanha, o sopé de uma delas ou a atravessar rio abaixo, momentos visuais raros e aprazíveis para quem se dirige ao desconhecido.
Uns vinte e cinco minutos se haviam gasto quando cruzámos com o primeiro veículo. A camioneta, a quem a poeira roubava a brancura e a pureza, ia carregada de gentes, imbambas e um cão.
- Bom dia, mano! - Cumprimentei o condutor.
- Bom dia, chefe!
- Vamos à Ndala Kaxibo. É a primeira vez. Pode dizer se já estamos a meio caminho ou se falta muito?
- Está já no meio. Mais à frente, a estrada está mais melhor. - Respondeu sorridente o motorista, ao que agradeci revigorado.
Limpei os óculos que me comunicavam uma sensação de que estariam empoeirados. Era apenas ilusão óptica. Quem reclamava limpeza era o para-brisas. Enquanto as mãos mostravam destreza em puxar o volante ora à direita, ora à esquerda, o pé direito era artista: momentos no travão e outros no acelerador. Preguiçoso ia o esquerdo, inactivo.
Não tardou surgir uma aldeia que se estendia pelos dois lados da rodovia. Fazia vento e este arrastava a poeira. A picada tinha sido alargada. Árvores do muxitu¹ que a ladeavam tinham sido afastadas. A terra humificada estava sendo seccionada pelo crescente passar de carros e motas, soltando do solo argilo-arenoso partículas de ínfima densidade que acompanham o vento no seu voo.
- Que aldeia é essa? - Indagou Beto Spina?
- Não sei. Vamos abrandar e perguntar. - Respondi-lhe.
Dois makwenze² que vestiam camisolas vermelhas com propaganda do MPLA "fabricavam" adobes. Se calhar um deles estava a preparar-se para "amigar" ou aumentar a casa, se fosse já "casado".
- Bom dia, Camaradas!
- Bom dia.
Foi uma resposta sem vida. Se calhar, misturada em desconfiança, como normalmente acontece em aldeias que viram pessoas desaparecer em tempos que a memória ainda conserva.
- Que aldeia é essa? Chega ainda aqui, se faz favor. - Pedi-lhes.
- Aqui é Sector de Hanza. - Respondeu o que se achava mais próximo.
- E, Mbwexi onde é?
- É depois daquela baixa que tem bambus.
- Para a sede ainda falta muito? - Voltei a atirar.
- Daqui para lá, o que vocês andaram é mais do que o que falta. É já perto e a estrada está mais melhor!
A resposta encheu-nos de ânimo. Fui ao porta-bagagens para extrair algum material de "evangelização" e reforçar a mensagem de que "na quarta-feira, 24, o Xis deve ser no VIII".
À medida em que a nossa conversa se tornava mais amena, outros aldeões se foram aproximando, inclusive senhoras com bacias à cabeça, saídas do rio.
Foi aí que me lembrei de conversas antigas entre a minha mãe e a sobrinha do meu pai, a prima Rosa, sobre a proximidade entre as aldeias de Hanza e Mbwexi.
- A mama, nga mwebo a Elisa Kasola. Wamwinjya?³ - Apresentei-me inquiridor.
A senhora, que parecia a mais velha do grupo, encetou uma viagem à memoria e, no fim da peregrinação, perguntou, fechando o campo.
- Kasola k'Aphuku?⁴
- Sim, mwene. Omon'ê Nvundi⁵. - Acresci.
Seguiram-se beijos e abraços. Eram descendentes de Alfredo Manda, tio do meu pai. Nisso tudo, o Beto, que conserva o domínio oral da língua, me foi assessorando, criando maior empatia.
Feitas as apresentações e fornecidas outras informações como o estado de saúde da única irmã sobreviva do meu pai, que procurei em casa sem a ter encontrado - vive adoentada em casa da filha, na vila - distribuímos o material do MPLA e pedi-lhes que votassem "no Partido em que estou eu, vossa família".
- Kekano kyambote. Papa mupaka Xis ou omunwe!⁶
- Embelá ximbu twamwinjya!⁷ - Disseram em coro, largando-nos mais satisfeitos ainda.
Partimos. Todos alegres. Trezentos metros depois, estava a aldeia de Mbwexi. Os imóveis estendidos paralelamente, à beira da estrada, feitos em tijolos, contam a história de uma antiga comunidade de prósperos fazendeiros, até à independência, em 1975.
Infelizmente, as guerras em que estivemos envolvidos fizeram com que as casas ficassem todas sem tectos, barrotes, portas e janelas. Alguns tijolos foram, inclusive, "enfeitar" campas que se acham próximas da aldeia.
Mbwexi estava vazia. Apenas um mestiço e mutilado com mais duas crianças se achavam à sombra de uma cubata. Os demais homens encontrámo-los em "pelotões" a caminho da caça. Parámos adiante para contemplar quão bela tinha sido aquela comunidade, no passado, com casas sumptuosas de colonos-fazendeiros que ali se haviam instalado para construir suas vidas à custa da exploração de suor alheio.
Já em picada larga e melhorada, chegar à sede de Ndala Kaxibo tornou-se imperativo.   Os postes de energia eléctrica e os fontanários indicam a entrada ao vilarejo, cujas casas se distribuem paralelamente.
Cumprindo formalidade, apresentámo-nos à esquadra da polícia onde explicámos os intentos daquela viagem ousada.
No rossio da área administrativa, foi ao nosso encontro a jovem Carla. Bem-falante, denunciando ter vivido em uma cidade e estudado acima do que seria o normal para uma jovem naquela terra. Tinha um boné do EME.
-  Bom dia, prezados senhores! - Cumprimentou-nos.
- Bom dia. A camarada é a administradora comunal adjunta? - Questionei-a.
- Não, camarada! Ainda sou muito nova para esse cargo. - Respondeu, num português fino, sem sotaque, nem abertura de vogais.
- Então é a segunda secretária do Partido. - Insisti, buscando associar uma função relevante ao seu estatuto social.
- Nem isso ainda. Sou CDA da OMA e também trabalho na Administração Comunal.
Soubemos, depois, que os pais são da vila de Kibala, mas ela nasceu e estudou em Luanda,  tendo, há onze anos, decidido ir trabalhar em Ndala Kaxibo.
- Tomara que mais jovens tomassem semelhante decisão. Há coisas que só avançam com juventude esclarecida e com conhecimento de outras realidades. - Soltou o Beto Martins "Spina".
Carla Filipe apresentou a pequena vila. Erguida num desfiladeiro ladeado por montanhas que fazem adivinhar, mais a oeste, um imenso campo aberto e plano onde se recuperam fazendas deixadas ao abandono na aurora da independência.
- Essa é a escola antiga, do tempo colonial. Estas duas escolas maiores são novas. Aquele é o centro médico, também novo. Atrás de nós está o "palácio" do administrador. Como vê, de cem a cem metros, temos fontanários nos dois lados da estrada e a energia é, hoje, um facto insofismável...
Carla Filipe fez as honras da comuna. Os responsáveis políticos e o comandante da polícia estavam ausentes. A "odisseia" terminou com a entrega de material de propaganda do MPLA.
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¹ Mata fechada, selva.
² Jovens.
³ Ó mãe, sou sobrinho de Elisa Kasola. Conhece-a?
⁴ Kasola filha de Kaphuku?
⁵ Sim. É ela. A filha dela é Nvundi.
⁶ Vejam bem. É aqui que devem colocar o Xis ou o dedo (impressão digital).
⁷ Conhecemos o MPLA há muito tempo.
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20.08.2022