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quinta-feira, setembro 22, 2022

DESAPARECEU O BOI MAGRO À BEIRA DA ESTRADA

Munhino/Kapangombe, perto de cem quilómetros, contados de Moçâmedes, a caminho da Bibala. O verde trazido pela chuva faz esquecer, por enquanto, a tristeza da seca que, por essas terras, não é novidade. Seca quase sempre e chove quando o intangível quer!

Vi, nas suas acções espontâneas, homens, árvores e animais a festejarem a água vinda dos céus. É como se "o mundo não tivesse leste"!
Desapareceu, à beira da estrada, o capim seco, a árvore sem folhagens e o boi magro: uns fertilizam hoje a terra, outros engordaram sobrevivos em terras distantes do centro e norte de Angola, ao passo que os resilientes ocupam-se do pasto, sem concorrência, do capim verde e fresco que a chuva trouxe!
Entre a alegria trazida pelo renascer da vida, entristeceu-me o corte de árvores raras para o carvão que grelha o peixe e a carne nas cidades e leva à fervura a água do pirão nos bairros periféricos. Na embala, sabe-se, é mesmo a lenha miúda, seca pela desistência do galho à vida, que valoriza a cozinha fumegante. E a humanidade segue o seu rumo milenar, sem atropelos e nem agressividade à paisagem!
Dos vários encantos visuais, retive o relevo esculpido pelo criador da natureza: a cadeia montanhosa e recortada que circunda o Munhino, abrindo um desfiladeiro que conduz os audazes à Bibala, por um lado, ou fria Humpata por outro caminho. É Bibala, é Lubango, é terra distante além monte!

Munhino, 20 de Abril de 2022
Texto publicado pelo Jornal de Economia & Finanças de 15 de Maio de 2022

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