Vejamos:
Quem quer poder devia saber que, se lá chegar, precisará de tudo isso para governar: estradas e pontes para ele e seus governados se locomoverem. O atalho desenhado na mata pela mesmice do pé humano não será mais o caminho;
Precisará de escolas para eles mesmos, seus filhos e os governados se formarem. A ausência delas seria um retrocesso, pois as cabanas improvisadas ou a sombra de árvores no meio da selva deixam de ter serventia, sendo os laboratórios um aditivo imprescindível para garantir praticidade aos conteúdos teóricos;
As suturas realizadas sobre a pedra e os curativos apressados com iodo e mercúrio devem dar lugar a uma assistência médica e medicamentosa de qualidade e em instalações apropriadas, assim como toda a administração e o exercício do poder faz-se em instalações com o simbolismo e comodidade adequados. Aliás, sempre assim foi e, em África, é exemplo a tomada de antigos palácios coloniais;
Numa cidade, e para quem toma e exerce poder, a luz ténue do luar, das estrelas e dos notívagos pirilampos cede lugar à iluminação eléctrica, assim como a água barrenta, em que javalis e homens se revezam para afugentar a sede, é substituída pela água potável e de distribuição canalizada.
Por que será que amputaram Kalulu e outras vilas e cidades angolanas daquilo que lhes faria falta postos na situação de governo? Só pode haver uma razão: sabiam que nunca ascenderiam a governo. Agiram como se fossem estrangeiros que pretendiam impingir um sofrer eterno aos kalulenses e de cujo veneno nunca beberiam. Só pode ser!
Esses degraus (imagem 1) é o que sobrou do Laboratório de Biologia e Química da Escola Preparatória de Kalulu, rebatizada por Kwame Nkrumah no pós independência de Angola. Aqui passaram quadros do Libolo e do país. Um laboratório de Biologia, num município agropecuário como o Libolo faz uma incomensurável falta e diferencia a formação. Infelizmente, dele resta apenas o chão que acolhia as paredes.
Que razão levaria quem quer ascender ao poder destruir um laboratório escolar?
Nas suas investidas de 1983, 1989 e no pós eleições de 1992, entre minagens e dinamitações, os homens das selvas também deitaram abaixo a conservatória do registo civil. Provavelmente se tivessem e estejam ainda a gabar dos actos destruidores praticados, gritando aos quatro ventos que foi obra.
Sim. Obra de diabos!
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