Quando me disseram, "director, vamos também à Angop apanhar o jornalista que irá à Kitota" não me ocorria encontrar um "irmão".
Sendo próximo, preferi marcar passos até à sede da Agência Angola Press, bater à porta, apresentar-me e expor o assunto da visita "madrugadora".
- Pum, pum, pum (batimentos ligeiros à porta). Com licença!
- Quem é? - Interrogou-se de dentro.
- Soueu!
Fiquei, por alguns instantes, a pensar na resposta que dei "soueu". E se me retorquisse que "soueu" não é nome? Felizmente, não veio essa frase.
Ouvi, de seguida, passos vindos de dentro, em direcção à porta, larga e com pintura nova. Aliás, o edifício é velho mas a pintura geral denuncia obras recentes.
Olhei para a pessoa que abriu à porta, antes mesmo que nos cumprimentássemos, e veio-me à memória o Eurico (da Munenga) que foi meu colega na quinta classe (em Kalulu), quem todos os colegas pensavam ser meu irmão, pois éramos parecidos.
Já em Luanda, em 1992, a Marta, uma colega com quem terminei a oitava classe, no Ngola Mbandi, ficou com a foto do Eurico para o seu autógrafo, jurando que era minha.
Cumprimentámo-nos e expus o que me levara à Delegação da ANGOP, sem que fizéssemos alusão a "parecências".
Foi já em Cacuso, onde pedi uma paragem para dar água, bolachas e refrigerantes à equipa de jornalistas, que um deles não se conteve.
- Epá! Já viste? São parecidos. - Dizia para os outros.
- Quem? Kenhê? - Indagou um dos jornalistas.
- O Director e o Delegado. - Respondeu o primeiro.
Todos os olhos ficaram divididos entre eu e o meu "irmão/sósia", como quem controla peixe na grelha: um olho ao peixe e outro ao gato.
A vida tem dessas. Foi uma manhã e tarde de trabalho bem passadas e os colegas, quando se referissem a nós, só diziam "os irmãos".
Pela próxima faço foto com o Delegado da ANGOP em Malanje que é de uma grande simpatia.
Soberano Kanyanga
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