Sem as obras invasoras de um terreno que devia ser reserva da cidade ou tampão e sem o táxi colectivo azul-e-branco, o percurso da mae e seus quatro filhos podia enquadrar-se em um "caminho do mato" onde o atalho estreito não permite andar lado a lado.
A rua em referência (na imagem) é paralela à Principal do Zango 5, como é tratada.
Não pude ver o rosto da senhora, senão a silhueta captada distante pela objectiva do meu telefone.
Fez recordar-me a avó Kilombo, nos anos 80 do século XX, após perder o marido numa batalha contra uma doença de fórum respiratório. Tinha quatro filhos, sendo que uma estava à guarda de um "irmão", em Luanda, vivendo com o 1°, a última e mais uma.
Sem marido e sem ninguém adulto para cuidar dos outros, durante suas ausências de curta duração, a avó Kilombo, ao tempo ainda trintona, "viajava" com seus três filhos, sempre que tivesse necessidades. E o cenário era exactamente como mostra a foto: a kasula no colo e outros dois irmãos se revezando em pegar o pano da mamã.
Caminhavam. Ela com uma kimbamba à cabeça e a kasule ao colo. Os infantes, cada com o seu peso: afome, a sede, a distância, a ferida do sapato apertado ou pé descalço, uma galinha para ofertar o anfitrião, uma garrafa de água ou kisângwa ou outra coisa útil à viagem. Também podiam ser dez ou mais quilos de macroeira à cabeça do filho primeiro.
A "mamã do campo" não só me levou ao Libolo dos anos 80. Fez-me também viajar pela Lunda e pelo aforismo "kusema ca ndemba", onde o galo fecunda e vai cuidar unicamente de si, enquanto a galinha, coitada da "calhi", cuida dos pintainhos!
E, vamos ainda tendo o "mato" a viver na cidade, dada a prevalência dos hábitos e costumes campestres de pessoas forçadas a viver na grande cidade!..
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