O sol de Novembro prestava-se mais a beijar o mar do que torrar os corpos expostos na areia luzidia da praia. Mesmo assim, eram muitos os que vinham da baía, cônscios, semi-cônscios ou apoiados em algum ombro amigo quando não fosse em um tronco.
- Essa juventude, a beber assim desse jeito, pensa que vai para algum lugar? - Interrogou-se uma idosa, aparentemente de outra cidade, ao ver uma jovem, mais nua do que vestida, sendo carregada aos ombros por causa da surra etílica que apanhara em plena luz solar.
Foi nesse ambiente que chegamos ao Port’Amboim e fomos ter ao restaurante costeiro em que Adão Alberto é garçon.
Culto, humilde, delicado e dedicado no que faz ( fá-lo com entrega e prazer), o jovem recebeu-nos com um sorriso rasgado. É de comunicação fácil. Daqueles que vale apenas ter em seu estabelecimento comercial e ou hoteleiro, como foi o caso.
- Sejam bem-vindos. Temos xis, ipsilon, kapa. As bebidas são agá, vê, dê e a praia é lida e linda... – marketizou.
Quando interrogado se podia fazer uso do “meu produto”, Adão foi diligente perguntar à patroa se autorizava que eu bebesse o meu vinho.
- Só se não tivermos na casa, caso contrário, tu, Adão, pagas uma garrafa. - Transmitiu, constrangido mas sempre bem disposto.
- Faço questão de atender bem os clientes porque nunca se sabe se um dia podem vir a ser meus patrões. – Explicou.
- Seja bom no que fazes para que um dia sejas investidor no sector. - Falei-lhe baixinho.
Já a despedir-nos, Beto Spina e eu, "pança feita", sorrisos rasgados e abraços trocados, o jovem pergunta se qual seria o nosso destino. Expliquei que éramos procedentes de Benguela (nova) aonde fora fazer uma palestra literária aos jovens de uma escola secundária. Ouvido isso, Adão Alberto que é um jovem natural de Quilenda, município kwanza-sulino criando em 1965, encravado entre Quibala, Ebo, Amboim, Porto Amboim e Kissama, abrandou a nossa marcha e fez questão de pedir um livro.
- Vou ler e repassar a um meu amigo que gosta muito de literatura. - Informou depois de ganhar um autógrafo.
- O Port'Amboim já tem ensino superior. No ano que vem vou propor convidá-lo para fazer também uma palestra sobre "A importância da leitura no desenvolvimento académico".
Anui e partimos para Luanda onde tudo e todos nos aguardavam saudosos.
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