A viagem, de automóvel, para Benguela, perto de 550 quilômetros, iniciou à hora do noticiário. As atenções daqueles dias estava virada aos Despachos presidenciais e às questões sociais que tinham regressado, sem censura, à media pública. Depois de transpostos os primeiros obstáculos mais ligados aos congestionamentos, era preciso fazer gosto ao pedal e redobrar a atenção necessária às condições da rodovia, prudência ou imprudência dos demais utentes da via e obviamente, ler as informações do painel de informações do veículo. Ás dezassete e trinta, estávamos no posto de abastecimento de combustíveis, à entrada do rio Kambongo, Sumbe. Carro abastecido e bexiga aliviada.
Quando nos preparávamos para deixar o recinto, eis que o
o jovem da loja de conveniência que atendera o meu companheiro de viagem, algo envergonhado, chama pelo Beto Spina, meu fiel compadre e confidencia-lhe algo que me é dado a saber momentos depois.
- Kota, desculpa, aquele mano é o escritor?
Palavra mais palavras, o Beto confirmou e abraçaram-se sorridentes.
- Epá, compadre, aquele puto disse que é teu admirador. Quero saber se tens um livro para ele.
Revistadas as portas, saiu um "Canções ao vento", poemário de 2015 que levei ao jovem natural de Quilenda.
- Kota, sou seu admirador. Acompanho os seus textos no Nova Gazeta, no jornal de Angola e no jornal Cultura. O kota é mesmo daonde? - Indagou Pedro Constantino a quem retribui a consideração com um "estrondoso" abraço.
- Sou do Libolo!
E foram necessárias mais cinco horas para vencer outros duzentos e poucos quilômetros de uma estrada que promete ser larga, cômoda e segura quando terminarem as obras que nos remetem mais à picada alternativa do que ao asfalto ainda resistente.
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