A "Lusophone Society of Goa" é uma media digital e imprensa que visa o fomento da lusofonia no mundo.
"Econtrado" nas redes sociais, fui convidado a conceder-lhes uma entrevista, em português e inglês, que abaixo reproduzo.
O jornalismo é um sonho de há muito que se materializou com formação neste campo. O exercício da assessoria de Comunicação Institucional em Catoca é a exploração do outro lado da minha formação em Comunicação Social. É uma nova experiência prazerosa a qual procuram chegar grande parte dos jornalistas angolanos, depois de muito tempo a trabalhar em noticias diárias ou periódicas. Quanto à literatura, é apenas um complemento do meu ser. Na verdade, prefiro que me considerem como um "anotador ou contador de cenas", pois estou a entrar na literatura por mero acaso, como extensão do jornalismo que nunca deixei de exercitar, pois o jornalismo, para mim, é como se fosse um vício.
Os povos que tiveram um longo período sem o registo escrito faziam a sua História e preservavam a sua cultura através da oralidade. Fui influenciado, na minha infância, pelas estórias e história que ouvia contar dos mais velhos. Decidi levar parte desta oralidade para a literatura, como forma de legar aos mais novos as experiências e vivências que me foram transmitidas na infância de forma oral.
Hoje, são poucas as famílias que conservam o hábito de cantar para embalar uma criança ao sono ou contar uma estória. Já que a juventude hodierna não tem registos orais para reproduzir aos seus filhos, os livros podem ajudar a cumprir esta missão.
1 - Estreou na Literatura angolana em
2010, com o "Sonho de Kauía" e como jornalista profissional é
responsável pela comunicação institucional da maior empresa diamantífera
angolana, a Sociedade Mineira de Catoca. O que significa para si ser jornalista
e escritor ao mesmo tempo?
Ser jornalista e escritor é uma combinação
harmoniosa a que me entrego com prazer, já que o jornalista e o escritor
habitam o mesmo corpo.O jornalismo é um sonho de há muito que se materializou com formação neste campo. O exercício da assessoria de Comunicação Institucional em Catoca é a exploração do outro lado da minha formação em Comunicação Social. É uma nova experiência prazerosa a qual procuram chegar grande parte dos jornalistas angolanos, depois de muito tempo a trabalhar em noticias diárias ou periódicas. Quanto à literatura, é apenas um complemento do meu ser. Na verdade, prefiro que me considerem como um "anotador ou contador de cenas", pois estou a entrar na literatura por mero acaso, como extensão do jornalismo que nunca deixei de exercitar, pois o jornalismo, para mim, é como se fosse um vício.
2-O seu livro "Manongo
Nongo", lançado em 2012, é um conto infanto-juvenil. Qual a razão de se
virar para os mais novos?
-
Na verdade, tratam-se de vários contos (fábulas). Uns já ouvidos na infância e
recontados com novos cenários e personagens, outros são de minha criação. Os povos que tiveram um longo período sem o registo escrito faziam a sua História e preservavam a sua cultura através da oralidade. Fui influenciado, na minha infância, pelas estórias e história que ouvia contar dos mais velhos. Decidi levar parte desta oralidade para a literatura, como forma de legar aos mais novos as experiências e vivências que me foram transmitidas na infância de forma oral.
Hoje, são poucas as famílias que conservam o hábito de cantar para embalar uma criança ao sono ou contar uma estória. Já que a juventude hodierna não tem registos orais para reproduzir aos seus filhos, os livros podem ajudar a cumprir esta missão.
3- Porque é que se considera "anotador ou contador de
cenas" e não gosta de se denominar escritor?
Considero
que os escritores, digno desse nome, são aquelas pessoas que se cultivam para o
ser. Que escrevem com profissionalismo e que vivem a fazer ficção. Eu sou um
jornalista que, com alguma folga de tempo, vou procurando transcender do
jornalismo à literatura. Por outro lado, eu não faço uma literatura clássica.
Sou um repórter de vivências e que me sirvo da literatura para representar a
realidade. Apesar de tenderem para a ficção, os meus escritos têm uma vertente
vivencial. Se houvesse um meio termo entre o jornalismo e a literatura, a
crónica por exemplo, é neste género que melhor me situo. Sou um cronista.
4 - Como caracteriza actualmente a literatura angolana?
O
lado criativo está no bom caminho. Há maior liberdade de os escritores
escreverem e publicarem sem qualquer forma de censura activa ou passiva.
Regista-se também o surgimento de muitos novos escritores. Apenas há
dificuldades em publicar, visto que não há uma grande cultura de leitura e, por
este facto, vendem-se poucos livros. Os livros em Angola são também
relativamente caros, pois não temos uma industria de papel e impendem sobre os
livros publicados fora do país elevadas taxas aduaneiras. Isso faz dos
escritores autênticos mendigos à procura de patrocinadores para as suas
criações artísticas. Muitas vezes os escritores têm de suportar os gastos com a
edição, como é o meu caso.
5-Quais são os seus escritores angolanos preferidos e
porquê?
O
primeiro livro que li foi "Vozes na Sanzala" de Uanhenga Xitu. Gostei
do livro, gosto da sua bibliografia e da sua forma de escrever. Também admiro a
escrita do Ondjaki, um escritor jovem e bastante produtivo, como admiro Jacinto
de Lemos, Jofre Rocha, Roderick Nehone, Izaquiel Cori e Ismael Mateus. Há mais
nomes mas prefiro citar apenas esses. Todos eles têm uma literatura cativante e
tenho-os também como contadores de cenas. Uns, Uanhenga Xitu que é uma figura
incontornável da literatura angolana, demonstram mais preocupação com o
conteúdo do que com a forma de exposição e, às vezes, eu sigo-lhe o exemplo.
6-Acha que vale a pena incutir o espírito
lusófono nos países e regiões de língua portuguesa?
A lusofonia é uma cultura. É algo existente,
independentemente da dispersão dos falantes pelo mundo. Goa e Timor não estão
nem próximos dos outros países lusófonos nem distantes. Estes territórios estão
aí onde Deus e a aventura humana quiseram que estivessem, conservando uma
cultura e língua já seculares. A língua estará lá para sempre como permanecerá
em África e na América do Sul. É também importante ter em conta que a
globalização aumenta a diáspora lusófona. Logo, é de incutir o espírito
lusófono nos países e regiões que se expressam em português, e também noutros
que queiram adoptar ou comunicar-se nesta língua. É o caso da Guiné Equatorial
que vem reclamando o estatuto de membro efectivo da CPLP. Quanto à questão
linguística, sou um expansionista. Venham mais falantes!
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