Translate (tradução)

quinta-feira, outubro 06, 2005

O QUE VENDE O JORNAL (Inflexao)


Muitos comerciantes se perguntam como é que suas lojas que possuem prateleiras melhor arrumadas e mais apetrechadas que outras registam menor clientela.
_Não será a forma como os proprietários e ou os funcionários soltam o pregão (1) a razão que as diferencia?

Há no comércio uma máxima que reza: “Vender todos podem, porém vender muito só os mais hábeis”. Tal acontece também com os órgãos da comunicação social.

Muitas rádios, muitos jornais, muitas televisões, mesmos assuntos de reportagem e ás vezes mesmos profissionais no caso das grandes empresas de comunicação (2) porém as vendas e as audiências são diferentes. Porquê?

Talvez disséssemos que os recursos humanos são peça importante. O grau de instrução, nomes ou não sonantes, experiência profissional, etc. _Mas que tal de mesmos profissionais que trabalham para mesma Holding?

_Quantas boas e grandes notícias ficam por ler ou ouvir porque foram mal tituladas? _Quantos jornais voltam à casa, para o museu ou arquivo não por serem mal escritos ou por não possuírem boas notícias, mas porque estas foram mal publicitadas?

A forma como veiculamos a notícia e como os órgãos se relacionam com o seu público constituem-se nos grandes pregões. São como a peixeira que lança o seu pregão e contacta todos os dias os seus clientes sobre eventuais necessidades. O cliente gosta de ser surpreendido com o que quer, mas é preciso saber anunciar o que se tem. -Diz um velho livro de marketing.

Em rádio bons títulos e bem geridos levam o ouvinte, por mais pressa que tenha, até ao fim do noticiário. Tal acontece também em televisão onde as imagens falam mais do que as palavras. Na imprensa um bom título ainda que isolado, oco ou mal suportado no seu interior vende o jornal.(3)

Titular, porém, não se afigura como tarefa fácil. Porque todos podem ser excelentes repórteres e exímios redactores, mas titular é uma especificidade do jornalismo moderno. Aqui são chamados ou deveriam ser chamados os mais hábeis e experimentados, já que “é o pregão mais forte quem mais vende”. Na ausência de especialistas, o ideal seria ouvir as sugestões do conjunto de jornalistas da redacção. _Quantas vezes um bom título é sugerido pelo motorista?

_Sem nos esquecermos da “relação de pertença ou de cumplicidade”(4) que se estabelece entre os órgãos da comunicação social e os seus receptores, ”Criar interesse e levar à acção”, como aconselha a publicidade, deve ser tarefa do indivíduo que titula. Se assim acontecer HÁ COMUNICAÇÃO.


1-Pregão é aqui entendido como a forma como são geridas as relações com o público e a forma como é feito o marketing.
2-Há conglomerados como a Media Capital ou Impresa em Portugal que por si só juntam rádio, imprensa e televisão, reproduzindo as mesmas matérias nos diferentes órgãos que compões a holding.
3- Há títulos únicos que vendem o jornal por inteiro. Também há títulos que falam mais do que as notícias e aqueles que não dizem o que anunciam.
Sobre estes dois últimos aspectos deve ler: o artigo “Títulos que dizem mais dos que as notícias” desta série.
4- É importante que órgão tenha o feedback e saiba na medida do possível satisfazer a expectativa dos seus ouvintes, leitores, telespectadores que são ao fim ao cabo os seus clientes.

Soberano Canhanga

1 comentário:

Anónimo disse...

Prezado Canhanga,
Apreciei tua reflexão.

É claro que não é fácil titular.

Aliás, na antiga escola brasileira de comunicação havia um profissinal cuja tarefa era o
de arranjar os títulos mais incisivos.

Um bom título é mais do que 70 por cento de garantia de que a matéria será lida.

Anatólio Lima, editor Radio Nac. Cabo Verde.