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quinta-feira, junho 15, 2023

"MIL CURVAS"

- A quem pertencem?

Habitualmente oiço que "a estrada do Wiji", referindo-se à rodovia que nos leva de Kaxitu à Ponte sobre o Dande, "é estreita em demasia, tem muitas curvas e ribanceiras", recomendando evitá-la. 

Analisando com os pés no chão, verificamos que as temidas curvas e contra-curvas não se encontram em terras wijenses. É mesmo no Mbengu.

O alívio do automobilista é ao chegar à fronteira entre o Mbengu e Wiji, na ponte. Daí em frente, "é outra categoria", apressando a marcha até à Aldeia Viçosa onde o PA da TEMA, as cantinas geridas por "mamadus" e a carne de caça dão as boas-vindas a quem vai à antiga cidade que ganhara o nome do general Carmona.

_ Temos carne de burro-do-mato, de pacaça, de veado e de seixa. _ Assim fui recebido, levando para casa, a tarefa de descodificar que animal é o tal burro-da-mata ou como o burro/cimbulu (para os ovimbundu que abundam o Wiji) foi parar à mata, deixando de ser o dócil doméstico de carga?

Outra constatação é sobre o que o buta muntu Alcides Gomes chama de "nossa preguiça congénita". Deixamos de ir às fazendas de café, desde que enxotamos os donos portugas. Não ficámos com elas, o que devia ser normal. As casas deixadas nas vilas e nas fazendas também não ficámos a viver nelas e preferimos desmontar as portas, janelas e telhas para encobrir nossas palhotas. Noutros casos, até desmontámos tijolos para fazer campas de nossos ancestrais, quando devíamos experimentar o conforto de uma casa erguida com o nosso suor a favor do forasteiro explorador. Que gente somos nós, afinal de contas? Será que casa deixado pelo portuga colono, explorador de homem negro, é imprópria à habitação? Como se não bastasse, até as cantinas demos aos expatriados oeste-africanos que as exploram com prazer e se desgrudam lazerentos. Porquê que os mwangolês não tiram proveito? Por que não reconstroem as casas sem tectos e portas deixadas pelos colonos, porém mais seguras do que as palhotas de "manteiga"?

Numa "digressão mineira" que me levou até Kibokolu, Makela do Zombo e que, mais uma vez, foi regalo aos olhos, o regresso à capitalíssima fez-se pela estrada Negaje-Lukala, onde a geologia foi menos impiedosa aos automobilistas ou os construtores encontraram os melhores traçados.

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