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segunda-feira, agosto 29, 2022

A FRONTEIRA E A FARTURA

O Luvili e a fenda por onde se encaixa a estrada que nos leva ao Alto Hama são a fronteira entre o Kwanza-Sul e Huambo.
À sombra do gigante monolítico está uma aldeia que fez, na rodovia EN120, um mercado que expõe produtos campestres.
Lay é uma das meninas que ajuda os pais, comercializando o que a lavra dá, e aprendendo com as manas mais velhas como se solta o pregão e se contam as moedas da comercialização.
- É importante tocar a alma do potencial comprador e saber dar troco.
Foi mais ou menos com essas palavras que ela me respondeu, quando a abordei sobre o que estava a fazer.
O mercado é dominado por senhoras que se dizem (algumas) solteiras e que "precisam de alimentar os filhos".
Algumas relegaram as enxadas para hobby, dedicando-se, a tempo inteiro, à compra de produtos aos camponeses por dedicação exclusiva e sua revenda aos viajantes.
Lay estuda a quinta classe e já sabe que "o Luvili é fronteira entre Kasonge e Londwimbali" e, na continuidade das palavras que trocámos, foi ensinando outras meninas e rapazes, seus coetâneos, ao mesmo tempo que insistia comigo:
- Ó pai, por favor, me compre só mangas!
Sem mais poder aquisitivo, pequei a moeda que tinha no bolso e dei para ela.
- Não é para me dares mangas. É mesmo para ti, Lay.
Na fronteira entre o Kwanza-Sul e Huambo e em diversas outras áreas do interior do nosso país estão a diferença do que faz quem todos os dias diz alto "NÃO À FOME!"



Texto e foto de 16.12.2021

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