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domingo, novembro 15, 2020

DE LUANDA AO LIBOLO

Íamos pela estrada com pontes em alargamento no meu NISSAN Almera. Uma placa indicava desvio a 500 metros, quando na verdade eram 50. Por pouco caia num rio cuja passagem hídrica havia sido desactivada para ser substituída por outra mais larga. Travei a custo e fui chamar um "nervo" ao "capataz" da obra.

A minha progenitora, que ainda era visual, viu e ouviu calada. Recebera outra educação. Foram-lhe inculcados, no tempo colonial, outros valores: "mundele nzambi"¹.
Já no carro, quando retomámos a viagem, disse para mim.
- O papá, afinal, estudou mesmo. Preto a dar bafos a um branco?! Antigamente era só o contrário. Mesmo com tua razão, a razão passava para o branco.
Noutra viagem, tínhamos parado em um restaurante no Dondo e uma donzela magra, cabelos longos, olhos de gato e bom falar, atendia à mesa. Fui pedindo o que queríamos e ela, diligente e aprumada para o seu trabalho, ia atendendo sorridente.
- Eh! O país mudou. Branca mesmo, senhora que no tempo do kaputu só sabiam ofender "burra de merda" é que está a nos servir? Quem é que naquele tempo nos deixaria entrar naquele "bar" senão ir comer nos confins com os empregados pretos? Ainda bem que estudaste meu filho. Se ainda tiver mais estudos pela frente não pára. Continua!

Vim dar continuidade, mãe. Quero, no teu silêncio, a bênção. Vai correr bem. Sei.
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¹branco é deus

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