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segunda-feira, julho 08, 2019

O SILÊNCIO E A PAZ DOS OUTROS

 Oitavo andar de um edifício hoteleiro, no pais que fica a sul da terra de Bismark. Pela enorme janela que acompanha a parede do quarto, dá para reparar o que se apresenta à frente, num ângulo de aproximadamente 90 graus, e dá também para ouvir o barulho inexistente, quando o relógio caminha apressado para as nove da manhã. É domingo.
Na banda, minha banda amada, pois não tenho outra, estaria o vizinho a afinar os altifalantes da sua igreja, com os seus "aleluia igreja, amém!".
Aqui, vi muitas kirtchen, sobretudo as Nova Apostólicas. Eles também oram muito e são fervorosos. Mas sabem que Deus, o altíssimo, ouve tudo "até os pensamentos dos nossos corações ", por isso, não gritam, não incomodam, nem montam "igrejas de dinheiro" em qualquer esquina. Cada coisa deve estar no lugar certo e sempre sob o olhar da autoridade competente.
Aqui, seria dificílimo aquele vizinho, que atravessou a fronteira norte de Angola, chegar, ocupar terreno e instalar, no meio do bairro civilizado, uma igreja construída apenas com simples folhas de chapas metálicas. De onde lhe sairia a coragem?
Os de cá, tal como amam o desporto, a exercitação física e o bem-estar entre os cidadãos, promovem o silêncio e respeitam o descanso alheio. Nada de kavwanzas como em Viana, Mabor ou Katambor. Viena é outra coisa! Preferem passear, andando ou pedalando. Os carros, poluidores por excelência, só mesmo quando necessário e vão dando lugar a outros movidos à energia eléctrica.
Entre nós, mwangolês, infelizmente, até se promovem concursos "do carro do mais barulhento do bairro, do cão que mais ladra, do galo que mais canta, do gato que mais mia, do filho que mais grita quando arreliado pelo pai e do batuque da igreja que mais incomoda o vizinho que queira dormir". E chamamos a isso e muito mais de "normal".
- Que se retirem os incomodados, nê?! Não é assim que nos respondem quando reclamamos?
Mas quem instituiu a convivência sadia, pensou e sabe porquê. Eles, os povos há muito civilizados, também tiveram uma vida parecida à selvageria. Tiveram de, durante muito tempo, reflectir e encontrar antídotos. Criaram campanhas de educação cívica a que se seguiram campanhas ou operações de repreensão e até repressão aos incumpridores do que ficou legislado e violadores do que ficou convencionado como "moral pública ".
E nós?
O tipo, come banana e joga as cascas na rodovia.
O carro de recolha de lixo, sem rede protectora por cima do amontoado sobre a carroça, espalha o quanto pôde pelo trajecto. A festa de aniversário do bebê conta com mais álcool do que sumos e é motivo para encerrar a rua que se torna local de festa. Ai do vizinho que pretenda sair com a viatura e "importunar" os convivas autoproclamados donos da rua.
- Tem inveja! Atestam.
Para mim, o nosso "Resgate" não devia ter tréguas para não engordar os vícios nem permitir que os inventores de más práticas produzam outros males sociais maiores do que já assistimos com o "quem de direito" ainda impávido.
Só opinei.

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