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terça-feira, junho 25, 2019

CONTANDO ESTÓRIAS PARA AJUDAR A CRESCER (II)



Ainda em meados da primeira década deste século, estávamos, por via da página www.mesumajikuka.blogspot.com, a fazer advocacia para que a aldeia de Pedra Escrita (Libolo, Munenga, EN 240) pudesse ter uma escola e uma Posto Médico. Para o efeito, gritámos alto (escrevendo) e apelamos, inclusive, a ONG como a ACM (liderada pelo Ernesto Cassinda) sem que tivéssemos logrado. Veio a pré-campanha para as eleições e a aldeia (com perto de... mil habitantes) foi inscrita no PIP (Projectos de Investimento Público) municipal, com escola de três salas, um Posto Médico e um fontanário (água não tratada).
Os aldeões contam que "naquele ano, rir era só rir" quando comparada a aldeia a outras que não tinham ganho nenhuma obra.
"As obras começaram juntas, mas só a escola e o chafariz terminaram", conta um dos anciães da aldeia.
A escola foi projectada para três salas de aulas, um gabinete, uma arrecadação e dois lavabos. Porém, não sendo a aldeia autónoma em termos de professores e técnicos de saúde, "demandava uma casa para professores e outra para enfermeiros", tão logo terminassem as obras, conta ainda o interlocutor.
Inaugurada em 2012, deparámo-nos com a falta de material de leitura para os alunos. Procurámos angariar livros, tendo recebido por parte do General Rui Ramos resposta promissora, "desde que a escola tenha espaço para guardar os livros e colocação de mesas e cadeiras".
Vimos que nada disso havia e fomos alimentando a ideia de construirmos (nós mesmos) uma sala para acolher os livros e os leitores e depois pedirmos os livros para as crianças e os adultos letrados que se vão transformando em analfabetos funcionais.
Entre a ideia e o início da sua materialização transcorreu algum tempo, pois a acção envolve dinheiro e uma caminhada (que pode ser) a solo.
Em Maio deste ano (2019), fizemos o anúncio público (Jornal de Angola e Face Book) da decisão de erguer naquela comunidade a "biblioteca comunitária" e já começamos a juntar os blocos, a que seguem a areia e o cimento para o início efectivo da obra. Antes disso, falámos com a comunidade, que acolheu a ideia, e endereçámos ao administrador comunal da Munenga uma carta a formalizar contactos orais. O terreno indicado é o adjacente à escola, devendo a "biblioteca" posicionar-se entre o Posto Médico (inconcluso) e a escola.
O projecto arquitectônico está sob responsabilidade de Mohamed Canhanga (finalista de Arquitectura e dono da Arquitect'Art 97).

Nota-se que a "área nobre" em que foram projectados os equipamentos sociais como escola, Posto Médico, Jango comunitário (também já existente) e fontanário carece de vedação ou delimitação que evitasse a sua ocupação pelos aldeões e consequente subaproveitamento. A invasão (in)voluntária do espaço na "zona nobre" da aldeia levou-nos a encarar alguma dificuldade em "assentar" o projecto da biblioteca já que era intenção do projectista que a biblioteca não prejudique visual e esteticamente o Posto que, ao ser concluído, ficará na parte traseira.

A aldeia de Pedra Escrita (Libolo, Munenga, EN240) clama ainda pela conclusão do Posto Médico, casas para enfermeiros e professores que fizeram dos lavabos da escola seus dormitórios e precisa também de educação ambiental, pois verificámos uma gritante ausência de arborização na comunidade.

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