Crónica 02
A chegada à casa do nosso anfitrião, no Luvangu, não foi difícil. A indicação que
levávamos era para “ir à polícia e pedir
ajuda”. Diligentes e atenciosos, os homens da farda azul cuidaram de nos acompanhar até à vivenda que
ocupa um dos nobres espaços da rua Nossa Senhora do Monte. Antes, pelo caminho,
o carro policial pára e recolhe um casal que caminhava sobre a chuva.
- Já não se fazem polícias como esses! – Exclamei.
Vim a saber que aquela rua tinha registado nos últimos dias alguns crimes
contra cidadãos que se fizeram a caminho no silêncio da noite. Era por aquela e
outras razões que merecia constante patrulhamento e atenção redobrada aos
cidadãos.
Cansado, devido a viagem, é debaixo da colcha que redijo a carta para o meu
avô Kazenza, cujo neto, destacado na Huila em missão de Estado, nos acolhia em
sua residência oficial.
Contaram-me.
Não te ouvi dize-lo, pois era infante, que apreciavas tanto o teu filho varão
que chegaste a descreve-lo como alguém tão culto, tão culto, que "escrevia
até debaixo de água". Também me contaram que dizias às pessoas que a tua
nora era tão linda e tão cabeluda que "estando na cozinha, a transa se
estendia até à sala".
Ouvi ainda que o avô Soares Kazenza, pai de Nzunba, a senhora que me cuidava nas ausências da minha progenitora e me defendia d...as porradas de Kilombo, também era um filósofo e curioso, chegando a desmontar um rádio para ver quem lá estava. Essa estória já a escrevi no meu "O sonho de Kaúia".
Ouvi ainda que o avô Soares Kazenza, pai de Nzunba, a senhora que me cuidava nas ausências da minha progenitora e me defendia d...as porradas de Kilombo, também era um filósofo e curioso, chegando a desmontar um rádio para ver quem lá estava. Essa estória já a escrevi no meu "O sonho de Kaúia".
Sou o filho daquela
tua filha (sobrinha) que por pouco te copiava na imaginaçao e ficção, a Kilombo
do Kitinu.
Avô, é verdade que quando ja velhinho, regressado ao Kuteka, metias milho na entrada da tua casota para apanhar a primeira galinha que procurasse encher o papo? Ouvi isso.
Disseram que o avô fechava de imediato a porta com a bengala que te ajudava a andar e os aldeões, que muito te amavam e respeitavam, apenas se apercebiam do sumiço do galináceo quando se deparassem com as penas.
Avô, é verdade que quando ja velhinho, regressado ao Kuteka, metias milho na entrada da tua casota para apanhar a primeira galinha que procurasse encher o papo? Ouvi isso.
Disseram que o avô fechava de imediato a porta com a bengala que te ajudava a andar e os aldeões, que muito te amavam e respeitavam, apenas se apercebiam do sumiço do galináceo quando se deparassem com as penas.
Partiste sem
que bebesse da tua fonte, avô. Seguiste o Kitinu sem que eu tivesse idade para
te ouvir e te retratar suficientemente nas minhas crónicas.
Tenho, porém, uma mensagem para te dar, avó, que será na variante do teu Kimbundu de Kuteka.
Tenho, porém, uma mensagem para te dar, avó, que será na variante do teu Kimbundu de Kuteka.
Omon'a, Nzumba,
wakiti. Manu Sabalu-a-Soba, uku amundumisa ku tuma, fuka yenene.
Kekayo! (A tua filha, Nzumba, tem um filho honrado. O mano Sabalo, filho do Soba, foi destacado para liderar numa terra enorme. Repara-a!)
Kekayo! (A tua filha, Nzumba, tem um filho honrado. O mano Sabalo, filho do Soba, foi destacado para liderar numa terra enorme. Repara-a!)
Desperto suado e rápido dou conta de que tinha
sonhado.
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