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quinta-feira, outubro 15, 2015

UM OLHAR ENGENHOSO E PRAGMÁTICO AO FUTURO

A crise económica e financeira que afecta as nossas instituições e famílias é hoje tema de conversa em todos os cafés e paragens de transportes colectivos. Apesar de estarmos quase todos inconformados, uns lutam para contorná-la ou mesmo revertê-la, ao passo que outros não passam dos lamentos.

A nossa atitude em relação à forma como encaramos os desafios que se nos são impostos determina os êxitos e ou OS fracassos na caminhada e desenham o nosso futuro.
Estabelecendo paralelismos entre a vida humana e o mundo animal, verificamos que o futuro de um herbívoro depende da existência de água, relva ou pasto e sagacidade em fugir dos predadores. O futuro dos carnívoros depende da sua perspicácia e coragem em atacar, até os animais mais corpulentos, e da resistência e persistência. Diria mesmo, resiliência. Assim também é o futuro das pessoas e das organizações que precisam de explorar as crises e os desafios, fazendo deles oportunidades, contornando com galhardia cada obstáculo que surja.

Como você encara os desafios que se lhe são impostos no seu dia a dia? Cruza os braços como o cordeiro cansado de fugir dos seus predadores e que se entrega à fome do lobo? Faz da presença do um perigo uma oportunidade para ensaiar a sua velocidade, destreza e resistência!
Pois, então imagine o que acontece com os corpulentos elefantes quando a sua manada se depara com a presença de um faminto e franzino leão. Imagine agora o tamanho, a força e o peso de um elefante, perante um leãozito franzino e faminto.
Apesar de toda a sua imponência, acontece que o elefante, encara a presença do leão como um perigo à sua integridade física e, em vez de enfrentar o intruso de forma frontal, vira de costas, acusa o complexo de inferioridade, acobarda-se e sai correndo em debandada.

- Ali está o rei. – Diria o elefante, se fosse um ser pensante e dialogante.

O leão, vendo os elefantes em retirada, acusa o complexo de superioridade e logo aponta uma oportunidade para saciar a sua fome.

- Comida! – Gritaria ele, se fosse racional.

É exactamente o que acontece na selva. A cobardia de uns, mesmo beneficiados em tamanho, redunda em oportunidade de saciar a fome para outros ainda que de menor compleição física. A crise para uns é oportunidade de melhoria para os sagazes, inovadores e resilientes.

E  como você encara então a falta de material de escritório, a falta de transporte de recolha, a perda do poder de compra dos salários, entre outras dificuldades derivadas da falta de dinheiro nas instituições e nas famílias?

Ao se deparar com os desafios que se colocam à frente de si, você diz que ali está uma oportunidade de melhoria? Busca soluções inovadoras, produtos e saídas alternativos para fazer o que sempre fez em tempos de fartura, ou usa a táctica do elefante que se põe em fuga, perante a presença de um filhote de leão, deixando desprotegidas as suas crias?
Como dizia um pregador duma igreja protestante em Angola, “nada está perdido, enquanto não nos comportarmos como o fugitivo elefante”. Não acantonemos a mais bela e mais rica ferramenta de que somos possuidores, o cérebro.

Quantas vezes você desistiu, por falta de um pouco mais de coragem ou desconhecimento, quando estava próximo de atingir a meta? Você vai repetir a dose? Pense, inove, resista até ao limite de suas forças. É consabido que a necessidade aguça a arte ou o engenho. Encontremos então, todos os dias, ideias novas e soluções inovadoras para a crise financeira e material que nos assola. Refinemos também os laços de solidariedade institucional e pessoal para que a nossa locomotiva caminhe sempre sobre os carris. De que nos adianta andarmos aparentemente cómodos no vagão de trás de um comboio se noutro vagão, que vai em frente, as rodas estiverem calcinadas? De repente, elas podem deixar de deslizar sobre os carris e afectar também a nossa viagem.
O homem é um ser gregário e solidário que necessita da associação, cooperação e interdependência com os seus semelhantes para realizar os seus intentos e da colecttividade em que estiver inserido. Se é inteligente nos unirmos em momentos de fartura, tal deve  ser mais ainda nos tempos de carência. Busquemos, então, aliviar as dificuldades e os sofrimentos dos outros que menos têm com aquilo que sobra do suprimento de nossas necessidades e que podemos dispensar ou ceder.

Já imaginou quantos vivem de descartados ou mesmo em descartados? Já pensou que os seus descartados podem ser materiais úteis e utensílios de grande valia para aqueles que pouco ou quase nada têm? O melhor ensino é o exemplo (Nelson Mandela). Demonstre isso em casa, no serviço e onde quer que esteja e verá que os beneficiários das suas acções solidárias exibirão um outro sorriso mais luminoso. Ficar-lhe-ão imensamente gratos e você seguirá em frente com a alma mais reconfortada.

Tal como as carruagens de um comboio que fazem parte de uma mesma composição locomotiva, assim são também os nossos órgão institucionais que são partes de um mesmo Departamento ou Organização que deve funcionar de forma integrada e harmoniosa e com a mesma velocidade entre os seus componentes. As distintas áreas de uma organização estão tão interligadas que se parecem às engrenagens de um relógio. Bastará que um dos carretos de uma engrenagem se quebre para que o relógio deixe de marcar as hortas certas.
Já pensou no que vai fazer hoje, de diferente, para que a sua jornada laboral não sofra quebra?
Erga o rosto e diga aos desafios que atravessarem o seu caminho que eles serão como o elefante fugitivo: comida para o leão faminto. São uma oportunidade para a melhoria contínua dos seus processos.
Obs: Texto Publicado no Semanário Angolense a 30.10.2015

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