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quinta-feira, março 23, 2006

A "banalização" da notícia nas FM's



Diz o B+a=ba do jornalismo que é um dos critérios de valorização da notícia ou de noticiabilidade de um facto, a sua proximidade (geográfica, ideológica, cultural, enfim). Geografia significa a identificação entre o homem/receptor e o facto.

À medida que a distância se for prolongando, mais a importância se dilui no espaço, restando apenas pequenas ilhas (exemplo: alguém do Huambo residente em Luanda ou de Luanda com familiares no Huambo se interessar por questões domésticas de lá).

No caso das rádios em FM este que seria um elemento de apego no alinhamento das notícias, há muito se perde. É só ouvir noticiários abertos com reparação de uma estrada terciária em Cabinda ou sobre um seminário qualquer no Lubango, ou roubo de carro no Moxico, e outras "coisinhas" em Benguela, quando em Luanda, onde está a Rádio, os marginais ensaiam todos os dias técnicas para “receber” telemóveis, mas não se diz aos ouvintes que precauções tomar. Quando as estradas se tornam picadas e não se noticia, quando assaltantes fogem da cadeia e também não é notícia.

Neste gritar para quem não nos ouve, uma coisa me ressalta à vista. As FM's de Luanda foram nos últimos tempos “assaltadas” por jovens oriundos das províncias de Benguela, Cabinda e Huila, possuidoras de congéneres. Estes, como que puxando a brasa para a sardinha vão, nos seus alinhamentos, priorizando factos relacionados com as suas zonas de origem em detrimento de notícias locais, repletas de interesse público.

Note-se que que "o ouvinte interessa-se mais em saber sobre o vidro quebrado da casa do vizinho do que a queda de uma casa longe de si".

Perante o facto estaremos a viver um desconhecimento das regras elementares do jornalismo ou apenas uma “banalização ” do que é notícia?
Uma pergunta que abre o debate.



Por: Soberano Canhanga

5 comentários:

Anónimo disse...

Não ignoro a soberania dos teus conceitos perfeitos de jornalismo moderno ou contemporânio se quisermos, mas em nenhum momento penso que cada um de nós se interessaria mais com a falta de água em bucuzau sabendo que nasceu na Humpata e de lá recebe os mesmos relatos. Soberanamente diga-me será que começaríamos por bucuzau se NASCEMOS EM kALULU? Não quero fazer do meu comentário alvo de regra porque até posso ser um dos mais desregrados. Agora sobre o facto da comunicação social Sobretudo radiofónica receber mais amadores E PROFISSIONAIS de Cabinda, Huila e K. Sul é como se diz Deus conhece as necessidades do seu povo e não lhe dá o que ele não precisa. Agradessamos porque tais amadores ou profissionais desfalcaram e deixaram órfãos muitas emissoras, chegando mesmo alguns a enlutarem muitos bons ouvidos.

Anónimo disse...

Eu penso que o soberano Canhanga tem toda razão,mas não deve esquecer-se que a LAC a um ano atras priorizava informações do estrangeiro,algumas das quais sem nenhuma ligação com Angola e com Luanda particularmente.
Acredito que na altura em que o soberano era editor também seguiu esta rotina que durante muito tempo preencheu as emissões da Comercial.
Como se pode explicar tal situação?

Anónimo disse...

Oi amigo.
Acho um debate interessante, mas as coisas não podem
ser vistas assim. A valorização dos factos obedecm a
critérios editoriais, alguns dos quais avançaste, mas
saiba que todos eles são muito subjectivos, e estão
sempre na cabeça do editor. Mas nem sempre o edtir que
veio de cabinda ou da huila é que define a
hierarquização ou valorização dos factos. Não me
lembro de ter ouvido algo que exemplicou nas FMS,mas
não te esqueça que as FMs de Luanda agora viraram de
âmbito nacional, têm até corresponentes em todo o
lado.
A origem dos jornalistas não define a estratégia nem a
política editorial de qualquer FM. Há outras questões
a ter em conta.

Sousa Simbo

Anónimo disse...

É uma pena que os órgãos de comunicação social continuam admitir pessoas pelo simples facto de terem uma boa voz e falarem muito. E continuando assim, não temos outras opções senão ter este mau serviço público. já não estamos na idade do imperismo. O jornalismo é uma ciência, por isso, é necessário que as pessoas a estudem.

Anónimo disse...

Ao
Amigo Paulo Fuete (Duda)

A afirmação profissional é uma eterna luta, variações e intercämbios. Confesso-lhe que quando vim do IMEL conhecia as regras, mas não as podia aplicar, porque era apenas um estagiário.

Não as tendo esquecido, tive de esperar a minha vez, de liderar, para as implementar, o que não faz desaparecer as resistëncias.

Sabes que há pessoas que pouco sabem sobre teorias da Comunicação, mas pensam que são especialistas.

Aprenderam o ofício na tarimba. Tëm as vezes vinte e cinco anos de prática sem terem passado pela escola de jornalismo ou Comunicação Social.

Também é verdade que teoria sem prática é oca tal qual a prática sem teoria é bruta.

Tive de aprender as duas coisas e esperar pela minha vez de poder aplicá-las.
Agora que estou polido, é chegada a minha vez, e como docente de formação que sou, não quero que os mais novos passem pelos caminhos sinuosos que atravessei para poderem fazer jornalismo.


Espero të-lo explicado ao mínimo o porquë da minha reflexão.