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terça-feira, julho 18, 2023

PERDIDOS & PROCURADOS

Oslo, Noruega, 23 de Junho - Sobre o reino escandinavo do Norte, mantinha guardadas parcas ideias sobre os prémios Nobel; sobre Alfred, o mentor das distinções; a exploração contínua e desenvolvida de óleo e gás e sobre a transparência que os noruegueses muito prezam e pregam ao mundo. Ao contrário de Agnalam que já lá esteve por uma vez, Rats vivenciava a sua primeira experiência e, por isso, tudo era novo: os mergulhos alegres num mar com a temperatura a rondar os 9 graus centígrados, as noites sem escuridão, as reentrâncias alternadas entre a água abundante e a terra, etecetera, ponto continuação.
Era já tarde avançada, os serviços públicos tinham encerrado as portas e os privados, sobretudo as superfícies comerciais, preparavam-se para fazê-lo também, quando dois cavalheiros decidiram partir para "um novo normal".
_ Epá, sabes que aqui não usam dinheiro europeu, nê? _ Atirou Agnalam ao amigo que levava os olhos à procurava de um primo de katula mbinza.
_ Ai é?! E se quisermos molhar a garganta, como faremos?
_ Pois é. Acho que temos de caminhar um pouco, até à "Sentralstation". Já estive lá uma vez e sei que tem casas de câmbio. É a única maneira para termos Nok.
Entre comentários sobre isso e aquilo e conversa de entreter e desafiar a distância, lá se meterem a passos, procurando registar na memória as curvas, as cores e as inscrições dos e nos edifícios, contornando, quando possível, a garoa preguiçosa que apontava à protecção encefálica.
Quase teriam logrado, se não se atrasassem os cinco minutos que o relógio marcava acima da hora sete.
- Please! We need change some money. _ Ainda insistiram, quase a suplicar, mas o rigor daquela gente, deixa estar...
Sem Koroas e, por isso, também sem chapéus-de chuva, os dois coroas puseram-se de novo à rua.
- Mano, é em direcção ao mar. Não nos pudemos distanciar da orla. _ Aconselhou Agnalam.
Caminharam. Quadruplicaram os três mil passos da ida e não viam o ponto de chegada. As curvas, os letreiros e até os edifícios que enxergavam eram distintos. Entreolharam-se. _ Agnalam, parece que tomámos a rota incerta. Não vejo o ponto de referência, a sede do Comité Nobel, e já andámos bastante. _ Constatou Rats, consultando a hora e os passos registados pelo relógio.
_ É verdade. Voltemos ao "Sentralstation" para nos reorientarmos. Sugeriu Agnalam.
_ Não. Se o fizermos, vamos andar muito. Precisamos de saber primeiro onde estamos e a que distância fica o nosso destino. É melhor procurarmos por quem nos indique o caminho.
Rats lembrou-se das fotos que fizera ao passar pelo largo Alfred Nobel e dirigiu-se a um agente de segurança e mostrou-lhas.
_ Please, Sir! Can you show me the way to this place?
Diligente, homem alheio, não perguntou quem eram, nem de onde vinham. Escreveu o nome do local no seu celular e falou num inglês de pôr inveja.
_ You are here (mostou o pontinho azul no telefone). You must go straigth agead until the fish market. Then, go right and straigth again.
Agnalam e Rats, puseram mudança de velocidade e força nos pés e, olhos no fish market, marcharam sobre a marginal serpenteante até ao largo Alfred.
Ofegante e quase sem forças, Agnalam, mãos na Ilharga, pediu ao companheiro que actualizasse os passos marcados.
_ Uff! Vinte e dois mil passos. O mano já imaginou se alguém da equipa deu conta da nossa ausência prolongada? É que aqui não se bate lata!
Publicado no JA de 23.07.23

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