Conheci Panguila no início da primeira
década do séc. XXI.
Primeiro, foi para alimentar a
curiosidade de conhecer o famigerado Kifangondo, onde "os mercenários
zairenses e outros tantos angolanos que pretendiam impedir a proclamação da
independência, pelo MPLA, a 11.11.1975, foram travados". Depois, foram as
"cacussadas" que o meu amigo AML me proporcionava de vez em quando, e
ainda idas à CAOP para ver os pais do meu compadre Martins.
O momento mais marcante dessas idas a
Cacuaco, Kifangondo, CAOP e Panguila foi quando a UNITA ATACOU Caxito. Eu tinha
acabado de receber o telefone "Repórter LAC". Xê, só banga?! Não vale
a pena!! Acabei fazendo um directo e exclusivo para o noticiário das 12 e 30.
Parece que uns tinham receio de informar o sucedido para não amedrontar o povo
de Luanda. As pessoas chegavam ao Panguila exaustas, sem saber dos seus
familiares e haveres. O clima era de medo e preocupação. Falei com alguns
deles. A má-nova não tinha ainda sido veiculada na emissora pública. Liguei ao
Director de Informação, "Zé Roda", e fiz o directo. Foi um
"show". Às vezes, "a inocência do repórter e a ousadia do
chefe" resultam em bons trabalhos. Fomos os primeiros a informar Luanda e
arredores daquele bárbaro ataque.
Nos últimos 15 anos, visitei o Panguila
(aldeia) só mais duas ou três vezes: o bairro em construção, onde esperava por
uma mão caridosa e um tecto (enquanto não tive casa, qualquer servia) e visita
a um casal amigo que lá mora.
Em abono da verdade, nunca tinha
adentrado o bairro. Nunca fui às zonas mais profunda daquela
"urbanidade"(?!), como o Sector Sete (de baixo e de cima), Sector
Oito, entre outros mais distantes da estrada Cacuaco-Caxito.
Se o mercado que acolhe os vendedores do
antigo mercado Roque Santeiro é um encanto, o mesmo não se pode afirmar, com
todas as letras, quanto ao bairro interior. Algumas casas a despencar por causa
da erosão da argila, traçados para ruas repletos de capim, lodo e buracos se
revezando aí onde se circula, etc.
Acho que o Panguila é uma "urbanidade" muito nova para ficar do
jeito em que os meus olhos o enxergaram. É também muito próximo de Luanda e não
devia se transformar numa aldeia rural (que pode vir a ser, caso aquele estado
se mantenha progressivo).
Texto publicado no Semanário Nova Gazeta.
Texto publicado no Semanário Nova Gazeta.
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