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quarta-feira, fevereiro 08, 2017

A UNIÃO DOS REENCONTROS

Já foi assim no tempo de férias, quando frequentávamos o ensino médio no IMEL. Ir às tertúlias na União dos Escritores Angolanos era um dever quase sagrado. Primeiro, para atender a professora Gaby que fazia questão de lá ver os seus alunos. Depois, tornou-se moda e aqueles que, sem justificação plausível, faltassem aos debates na União eram alvo de chacota  entre os colegas. Assim, os do meu tempo ganharam o gosto.
 
O tempo foi passando. Corrida para conseguir emprego, empenho para convencer o empregador e o chefe, busca de maior e melhor remuneração, etc. e o tempo foi escasseando até às idas à União se tornarem numa intermitência. Mas a UEA está ali, no mesmo lugar, desde os anos subsequentes à emancipação de Angola. Ali, no largo das escolas.
 
E foi numa dessas idas intermitentes, quando do lançamento do "Economia informal: o caso de Angola" e "O homem que cultivava pedrinhas", livros de Francisco Queiroz e F. Tchikondo, que partilham o mesmo homem intelectual, que voltei a sentir o sabor do reencontro. Reencontro com o tempo e com os amigos.
 
Um rapaz, bem vestido e bom falante, exibindo sólidos conhecimentos sobre economia e aparentando não ter andado em uma universidade qualquer abordou-me dizendo que eu era tio dele e devia recorda-me do seu nome. Um trabalho de memória. Supliquei que reconhecia o rosto mas não me vinha o nome. Mas ele, meio teimoso, não se apresentava. Passados minutos de debate e abrir o guardador de memórias Lá descobri que é o primo Vaticano, filho do meu tio "Gasolina" (Augusto João, já finado).
 
Depois foi o Bino Carlos, meu professor na Universidade Privada, a tratar-me por confrade. 
 
- Das letras (ele também é escritor) ou do professorado? - Interroguei-me em silêncio enquanto aprontava o merecido kandandu. Professor Bino, muito prazer em estar contigo!
E ele, sempre bem disposto e esbanjar charme e sorrisos.
 
Sentado no meio da "floresta humana", reparo à frente: carnes, um pouco avantajadas, de um antigo colega do ISCED.
 
-"Olha ainda atrás, ó sô tor". - Disparei para ele uma mensagem telefónica, ao que me mandou, no seu lugar, "um cumué, Fixe?~
 
Quando parecia ter revisto todos os amigos e conhecidos, eis que me aparece um dos mais cotados juristas da actualidade com suas "memórias do IMEL"
-Star, estás bem? 
 
Naquele lugar e naquela hora só podia ser alguém do "meu tempo".
 
Virei o pescoço e lá estava o bom do Solano, o nosso Varito, que agora é doutor Evaristo Solano. Soltou um kandandu apertado e cheio de recordações.
 
Quem me dera poder estar em todas as quartas na União?!

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