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sábado, junho 01, 2013

AS MISS E A DEFESA DO INDEFENSÁVEL

Estou envolvido, há já cinco anos, na organização de concursos de beleza, nomeadamente Miss municipal e provincial. Tudo o que venho assistindo nestas andanças é que se tornou prática recorrente a assistência contestar a decisão do júri quando se trate de concursos de beleza ou similares. A priori, a decisão do júri, embora não agrade a todos, é inapelável. É ao júri que cabe julgar, de forma desapaixonada e equidistante, a postura das candidatas, de acordo ao regulamento e requisitos exigidos para o efeito.
O público, embora detentor do seu juízo de valor e capacidade analítica, nem sempre está por dentro dos instrumentos reguladores e requisitos exigidos, procedendo uma análise superficial. Até porque não convive com as candidatas durante a fase de treino.
Para quem está por dentro, e saibam-no aqueles que apenas têm acesso ao momento final, é que:
1-      Trabalha-se, muitas vezes, com jovens de tudo inexperientes a quem se ensina até sentar-se á mesa e manipular os talheres (etiqueta), coisas que a Miss eleita terá de utilizar todos os dias do seu mandato e pós-mandato, mas que não são julgadas na gala de eleição.
2-      O valor intelectual/cultural é medido pelo à vontade, expressão oral e facilidade de comunicação e não apenas pelo nível académico. A classe que frequenta, por si só, não define a intelectualidade da candidata. Esse aspecto é medido pelo júri durante o contacto antes da Gala.
3-      As perguntas que as candidatas a miss respondem durante a gala de eleição são estudadas e decoradas por todas durante semanas. Logo, não e a resposta mais complexa que determina a intelectualidade.
4-      Os concursos de beleza, sejam eles municipais, provinciais, nacionais ou internacionais, não são concursos de cultura geral ou testes de aptidão académica. Por isso, nem sempre a mais escolarizada está mais à vontade ou mais habilitada a exercer o papel de miss. Os conhecimentos de cultura geral e etiqueta são para ser aplicados durante o consulado, em contactos sociais que a miss eleita vier a manter.
5-      Ter boa postura na passarelle, não se incomodar com calçado de salto alto, demonstrar simpatia permanente (sorriso sempre presente), ser cordata e bem-educada, possuir modos correctos, simplicidade e clareza na comunicação, são aspectos fundamentais para quem se candidata a figura pública. Esses aspectos não são medidos durante a gala de eleição, mas sim durante a fase de preparação e entrevistas com o júri.
6-      Para concursos de MISS, possuir 1,70m ou mais é outra das exigências a que se acresce não possuir cicatrizes e ou tatuagens em partes do corpo visíveis.
Todos esses elementos acima descritos e outros subjectivos é que servem de base para o julgamento do júri, sendo normalmente desconhecidos pela plateia/assistência que, regra geral, procede a uma avaliação parcial e emocional.
Para a assistência, um papel que qualquer um de nós já exerceu, o voto vai para a a que atestar maior escolaridade, que nem sempre é proporcional ao conhecimento e expressão oral; a que responder  a pergunta aparentemente mais complexa; a que tiver usado um vestido ou roupa interior mais ousado;  a que tiver a maquilhagem mais aprumada; a que melhor dançar em palco, etc. Logo, entre o júri, a quem se confia a missão “ingrata” de julgar, e o público assistente há sempre quem, no final do concurso, defenda o indefensável.

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