SUA EXCELÊNCIA…
DIGNISSIMOS ...
CAROS MEMBROS DO CORPO DOCENTE E DISCENTE
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES
É com elevada honra que saúdo suas
Excelências ...
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José Caetano, Fidel Manassa e Luciano Canhanga |
A vossa presença, nesta cerimónia, traduz
não só a importância que é dada por vós à formação das novas gerações mas
também a vontade e empenho em contribuir para a resposta aos grandes desafios
que se nos colocam na luta pelo desenvolvimento, quer na vertente técnica quer
na vertente cultural.
Com a permissão dos digníssimos membros da mesa de honra, gostaria
que me autorizassem a endereçar os meus agradecimentos a todos os presentes a
esta augusta assembleia.
Dirijo uma palavra de especial reconhecimento à direcção da
Escola Superior Politécnica da Lunda Sul pelo convite que me foi endereçado, e
também pela oportunidade singular, de
pronunciar algumas palavras, ainda que modestas, neste acto que assinala a constituição formal
do Núcleo de Amigos da Leitura e
Literatura desta província.
Os meus parabéns, e uma salva de palmas, a todos os autores
desta feliz iniciativa.
Agradeço ainda à Sociedade mineira da Catoca que tornou possível
a minha presença e em especial o meu ilustre amigo, o professor e escritor
Luciano Canhanga.
Por tudo o que a Lunda-Sul e a sua riqueza cultural representam
para Angola, para África e para o mundo, sinto-me orgulhoso e satisfeito por
estar entre vós e ser testemunha deste vosso compromisso para com o
desenvolvimento multiforme dos seres
humanos.
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Luciano Canhanga: Coordenador do Núcleo |
Confesso que o tema escolhido para comemorar a constituição
formal do Núcleo de Amigos da Leitura e Literatura da Lunda Sul, deixou-me um
pouco embaraçado.
Embaraçado, porque falar da importância da leitura na elevação
do nível académico de um estudante, pode parecer uma tarefa fácil, mas acaba
por ser complexo por tudo aquilo que somos chamados a dizer para corresponder às
expectativas de uma audiência tão distinta
e com tanto interesse, como é precisamente a áurea de convidados aqui
presentes.
Se, por exemplo, invertessemos as palavras e perguntássemos qual
é o nível académico dos nossos estudantes, em termos de qualidade, e
conhecimentos, comparativamente a outras épocas, ou a outros países, penso que
perceberíamos melhor a complexidade do nosso tema. Ou, então, se perguntássemos
aos vossos professores que respondessem, ainda que em segredo, se estão ou não
satisfeitos com o vosso desempenho académico?
A maioria está satisfeita? Não está satisfeita?
E quais as principais fraquezas ou pontos fortes que os
estudantes apresentam?
Não quero que respondam directamente. Gostaria apenas que
dissessem se mais hábitos de leitura podem contribuir, ou não, para a busca de
soluções para estes desafios.
Estou certo de que fazendo este pequeno exercício, será mais
fácil mostrar as inúmeros vantagens que uma leitura metódica e sistemática para
trazer para a nossa formação integral, o que equivale a defender, a sua
importância para o aumento dos nossos conhecimentos académicos.
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Plateia na ESPL-ULAN |
Acredito que falar-vos do papel que a leitura desempenha no
aumento constante do nível académico de um estudante, é falar também da importância do estudo em duas perspectivas
distintas, as quais considero ser:
Por um lado, o estudo metodológico das disciplinas curriculares
e;
por outro, uma segunda espécie de leitura, que chamaremos de
“Paralela”, e que consiste em cultivar mais conhecimentos, por acréscimo ao currículo
da nossa formação específica.
No primeiro caso, enquadramos o aluno num grupo avançado, mas
médio, e diremos que ele será tanto mais
aplicado quanto mais ler e investigar sobre os conhecimentos que o professor
transmitir para a aprendizagem de um curso específico;
No segundo caso, teremos
uma aluno que ultrapassa a média geral e não se preocupa apenas em ESTUDAR PARA TRANSITAR DE CLASSE , mas
que, antes pelo contrário, aumenta o seu nível de conhecimento e se preocupa em
alargar a sua cultura geral a outros horizontes.
Acho que estes dois exemplos são o que nos interessa trazer em
debate, hoje.
A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, no seu Vol. 10,
nas páginas 36 e 37, define o Estudante
como “aquele que estuda e é aplicado”, com interesse em áreas sociais e
associativas. E mostra ainda que ao lado do estudante existe o ESTUDANTECO que se define como o aluno
ordinário com fraco rendimento escolar.
Quando falei pela primeira vez em estudantes, realcei o exemplo particular dos que dedicam
uma percentagem das horas livres e dos momentos de lazer para investigar e
aumentar conhecimentos noutras áreas da vida económica, social, cultural ou
literária, através da leitura.
Antes de continuar,
queria que olhássemos um pouco para o interior, a realidade, do nosso país e
para aquilo que nós somos, como a principal riqueza de Angola.
Somos um país em crescimento, mas ainda pertencemos à categoria
dos países subdesenvolvimentos ou em vias de desenvolvimento. Em termos de
tecnologias, transformação da matéria prima, exploração e distribuição dos recursos naturais e
qualificação profissional dependemos, largamente da cooperação e da assistência
estrangeira.
Somos um país soberano e politicamente independente, mas do
ponto de vista do desenvolvimento científico não podemos dizer que temos
hegemonia! Numa classificação de 100
países, ocupamos a 80º posição mundial, segundo o relatório das Nações Unidas
sobre o desenvolvimento humano. Temos problemas básicos como o acesso e
distribuição da água potável e da energia. Também temos problemas de
organização social e administrativa.
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J.Caetano: numa turma de Dto. Inst. Sup. Lusíada da L. Sul |
O ensino em Angola está em desenvolvimento, nascem novas
universidades e cresce o interesse dos jovens em adquirir uma licenciatura, mas
falta-nos a excelência da qualidade, da pesquisa e da investigação.
A pergunta que eu quis fazer com esta pequena análise é a
seguinte:
O que se espera e qual o perfil que um estudante deve ter, para
que Angola possa reduzir esta dependência, em termos de uma maior qualificação
académica dos quadros, num futuro próximo? Quais devem ser as nossas
prioridades, metas e exigências no domínio do conhecimento geral?
Voltamos ao nosso tema sobre a importância, decisiva, da leitura
na elevação do nível académico dos nossos estudantes.
Dissemos explicitamente que cada estudante que não lê e não se
aplica no estudo, está a contribuir indirectamente para que Angola aumente a
sua dependência exterior; se atrase em relação ao exterior e perca a corrida
para o desenvolvimento;
Afirmamos sem receio de errar que cada estudante sem rendimento escolar,
é uma pedra a menos na nossa luta contra a fome e a pobreza; é um peso contra a
nossa capacidade de maior raciocínio e compreensão das politicas de
desenvolvimento. Em resumo, quero dizer que uma população sem hábitos de
leitura é uma população mais exposta á ignorância, à doença, às convulsões
sociais , ao comportamento bizarro e a toda a esta tragédia e violência que
testemunhamos através da rádio, da televisão e dos jornais.
Concluímos com as
vantagens da leitura, como fonte de solução dos nossos problemas. Considero que
através da leitura aprendemos novos conhecimentos e tornamos mais fácil a compreensão
da nossa realidade, por mais complexa que ela seja. A leitura, como pesquisa, é
meio caminho andado para a busca de
qualquer solução. Quem tem hábitos de
leitura, aprende a argumentar, corrige as suas fraquezas e melhora o seu raciocínio.
Muito Obrigado
José Soares caetano,
Saurimo, 06.06.2013