Quem não tem conhecimentos sobre a
ciência jornalística/radiofónica e que oiça a rádio que se faz hoje em Luanda
pode vir a pensar que aquilo que se faz
se constitui no auge do bom radialismo.
Programas interactivos com
ouvintes, informação sobre o transito automóvel fornecida na hora pelos ouvintes
(lado positivo), deficiente componente formação e ausência de informação rigorosa, fracas
reportagens (quase todas eles de circunstância) e, às vezes, linguagem menos
cordata para com os ouvintes…
Nalguns casos, os radialistas chegam mesmo a ofender os seus ouvintes, tratando-os de acéfalos ou mentecaptos e outros epítetos, a meu
ver, agindo em contra-mão daquela que deve ser a linguagem urbana e cordata na rádio.
Infelizmente, é isso o que a
juventude ouve. São esses os elementos de referência para quem queira seguir
radialismo.
Se alguém hoje perguntar a uma
criança que queira ser jornalista “tu queres ser como Maria Luisa, Rui Carvalho ou como o ´fulano
da nova vaga´, com certeza que a resposta será: quero ser como o fulano da nova
vaga.
Se por um lado as inovações na
rádio são úteis e a tornam dinâmica, trazendo o ouvinte como actor do processo
de radiodifusão, é também de mister utilidade urbanizar a linguagem, apostar na
formação através da rádio e não deixar perder a vertente informação rigorosa,
porque a rádio não é apenas entretenimento.
Também entendo que devia haver, no
nosso caso, uma entidade ou instituição que velasse por corrigir os desvios,
ainda que sob a forma de apelos: uma provedoria dos ouvintes, se calhar.
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