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domingo, setembro 30, 2012

A QUESTÃO ENERGÉTICA NO NORDESTE ANGOLANO

O nordeste angolano (províncias da Lunda Norte e Sul) vive ainda enormes dificuldades em termos de geração e distribiição de energia eléctrica. Apenas duas barragens hidroeléctricas estão em funcionamento com um total de potência calculado em 24,8 MWatts distribuídos em 16 de potência máxima na hidro-Chicapa (Lunda Sul) e 8,8 de potência máxima na hiodro-Luachimo, Lunda Norte.
Albufeira da hidro-Luachimo

A esta ineficiente capacidade de geração se acresce ainda o facto de a Hidro_luachimo estar a funcionar apenas com metade da sua capacidade de geração, ou seja, 4,2 MWatts. Todos os outros complementos são fontes térmicas, por si só bastante honerosos em termos de mecânica e combustíveis e também muito poluentes.

Face à crescente necessidade energética na região, onde a exploração diamantífera é, no momento, a grande consumidora de electricidade, cogita-se a construção de uma nova hidroeléctrica denominada Chicapa II que deve ser erguida à montante da hidro-Chicapa I. Informações ainda por confirmar atestam a construção (já decorrente) de uma pequena hídrica na região do Luó que deverá atender aquela diamatífera e zonas contíguas.

Olhando para o arquivo encontrei o que o "governo da Diamang" projectava para o nordeste de Angola, nos ano ssessenta do séc. XX , como se pode ler numa placa ainda presente na Hidro-Luachimo:
- Construção da Hidro-Chicapa I, numa primeira fase e construção de uma linha de transporte para a interligação dos sistemas térmicos e hídricos da região.
- Construção, numa segunda fase da hidro-Chicapa II (que estava projectada a montante da primeira), de modo a aumentar a capacidade de geração e distribuição pelas zonas diamantíferas e população contígua.

Olhando para estes dados, fica-se a saber claramente, que nada do que se apregoa hoje é novo.Apenas as potências projectadas para Chicapa I e II é que eram modestas, calculadas com base naquela realidade.

sexta-feira, setembro 28, 2012

ZEDU MÓVEL "DESANIMA" LUANDENSES

Chamam-lhe "Zedu móvel" e faz-se passear pelas ruas de Luanda com altos "decibéis", fazendo estremecer as viaturas mais modestas. Senti-o na Deolinda Rodrigues, no sábado 8.09. A composição (um trailler equipado com potentes alti-falantes seguido de perto por um autocarro com vidros esfumados)  solta "charme" e música ruidosa pelas estradas da capital.
 
Alguém tem coragem para interpelar o seu condutor ou mentor?
E assim vai a vida na capital com mais essa barulherira a se juntar às já famigeradas festas de quintal, maratonas e outros atentados à sanidade mental do cidadão e aos bons costumes.

quarta-feira, setembro 26, 2012

A MAKA DO "SISTEMA" ENTRE OS PRESTADORES DE SERVIÇOS

Desconheço como andam as lojas das demais representantes de marcas de viaturas em termos de venda de acessórios.

O que se passa na Hyundai, Luanda, é de bradar aos céus. Ou não há sistema ou são as longas filas e a morosidade no atendimento. São 4 filas para uma mesma coisa: numa conferem a autenticidade da viatura. Noutra a existência em stock do material requerido. Na terceira fila faz-se o pagamento e, numa quarta fila aguarda-se pela chamada e consequente recepção do material requerido. Três a quatro horas em média, quando há sistema.

Por que não se abrem outras lojas da mesma marca?

sexta-feira, setembro 21, 2012

LUACHIMO: 59 DEPOIS

Inaugurada a 17 de Setembro de 1953 a barragem hidroeléctrica do Luachimo, erguida sobre o rio com o mesmo nome, junto a cidade do Dundo, é o mais notável ex-líbris da capital lunda-nortense.

Cascatas ímpares e uma módica capacidade de geração de 8,4 Mega Watts de potência máxima, a barragem do Luachimo reclama por reparação da sua infraestrutura exterior como: pintura da grade de protecção, reposição das redes de vedação, limpeza do lixo e capim na zona adjacente, bem como a desobstrução das valetas de drenagem das águas pluviais.
Mais feliz será a parte técnica que conta já com trabalhos de reparação e modernização de duas das suas quatro turbinas geradoras de energia, devendo contar, num futuro que se espera breve, com uma nova central de geração de energia que elevará a sua capacidade para 20 MWatts.
Descarga da Barragem do Luachimo
“Quando for construída no actual pátio a nova centra, já orientada pelo Presidente da República, a antiga central, embora esteja a receber obras vai para o museu”, ironizou Responsável pela exploração.
Dado que duas turbinas estão fora de serviço, a hidroeléctrica do Luachimo produz neste momento metade da sua capacidade, ou seja 4.2 MW de electricidade, valor insuficiente para abasteceu uma cidade cada vez mais crescente e exigente, o que leva o Governo a instalar uma central térmica para compensar o deficit energético na capital da Lunda Norte.
Ainda no “tempo doutra senhora” havia um plano de construção de mais duas barragens hidroeléctricas sobre o rio Chicapa, sendo uma próximo de Catoca, designada por Chicapa I, e outra a jusante da primeira. Segundo o plano que se pode ler numa placa que faz história numa das salas de comandos da Hidro-Luachimo, a produção energética das três barragens estaria interligada, o que permitiria uma retro-compensação e optimização do recurso energético na região da Lunda (hoje Lunda Norte e Sul).


Com o Ch Dpto Exploração da barragem

Segundo ainda dados recolhidos junto do pessoal da barragem do Luachimo, uma hidro-eléctrica está neste momento em construção na Sociedade Mineira do Luó (Lunda Norte), a jusante de Chicapa I que fornece 16MWatts para Catoca e Saurimo (Lunda Sul).

terça-feira, setembro 18, 2012

DESCANCE EM PAZ, CAMARADA NETO!

Inaugurado a 17.09.2012
 
Aí está o mausoléu, onde doravante repousam condignamente os restos mortais do insigne filho de Angola, neto de libolense, António Agostinho Neto.
O mausoléu que o imortaliza, com mais de 120m de altura, faz alusão ao célebre poema de sua autoria "O caminho das estrelas" que vai permitir "os meninos, à volta da fogueira, cantar coisas de sonho e verdades e aprender o que custou a liberdade" (Sic. Mingas).
 
Trinta anos depois de terem iniciado as obras, na praia do Bispo, hoje "Nova Marginal", eis o mausoléu, as infraestruturas socio-culturais que lhe dão valor acrescentado e a praça contígua para os comícios que Neto continuará a "dar" no imaginário daqueles que o conheceram e que o admiram.

Honra e Glória ao filho de Catete!

sábado, setembro 15, 2012

UM PASSEIO PELO BAIXO CHICAPA

Leito alargado e pedregoso com pequenas cascatas que conferem beleza visual e areias nas bermas. Curso lento e águas turvas ao olhar distante do visitante. É assim que se descreve o Luachimo na região do Dundo.
Uma curiosidade:
- Por que será que a água é turva na albufeira e no curso inferior? - Questionei ao guia que não teve no memento resposta para a questão que lhe soou a um “tiro à queima roupa”.
- A água é turva mas há aí (apontava para a parte baixa do rio) pessoas a lavarem a roupa. - Descontraiu-se o guia.
Fazendo uma curta introspecção logo conclui:
- Não estamos em tempo de chuva, o que podia causar a turbidez da água. Só pode ser fruto de alguma eventual descarga ao seu leito de águas lodosas, resultantes da exploração diamantífera, a montante, ou devido às características erosivas do solo característico da região atravessada pelo rio.
Seja como for, o Chicapa, que não é navegável pelo menos até ao Dundo, é um rio belo com pequenas ilhas e bermas arenosas, propícias à prática de piquiniques e outros recreios fluviais, mas que se cobrem de água em tempo chuvoso.

quarta-feira, setembro 12, 2012

ELEIÇÕES 2012: BALANÇO FINAL

Depois do anúncio de Isaías Samakuva (UNITA) de que os eleitos do seu partido tomariam posse no Novo Parlamento, dou como terminado o processo eleitoral que dum TOTAL de 220 Deputados elegeu 175 para o MPLA, 32 para a UNITA, 8 para a CASA, 2 para o PRS e 2 para a FNLA, sendo o Cabeça de Lista do partido mais votado, José Eduardo dos Santos, declarado presidente da República.
 
Em 2008 os resultados tinham sido 16 para a UNITA, 8 para o PRS, 3 para a FNLA e 2 para a Nova Democracia.
 Sem assento parlamentar e com extinção imediata ficam em 2012 o PAPOD, Nova Democracia (tinha 2 deputados no mandato anterior), FUMA e CPO.
Em 2012, Dos 90 deputados eleitos nos 18 círculos provinciais, à razão de 5 para cada província, o MPLA conseguiu 81, a UNITA 8 e o PRS 1, quando em 2008 os resultados eram: PRS=3; UNITA=2 e FNLA=1.
 
Quanto ao círculo nacional, dos 130 lugares na Assembleia Nacional 36 serão ocupados pela oposição ao contrário das eleições de 2008 em que todo o bloco opositor conseguiu apenas 23 assentos. Eis a distribuição para 2012: MPLA 94 (107 em 2008), UNITA 24 (14 em 2008), Casa 8, PRS 2 (5 em 2008) e FNLA 2 (2 em 2008).
 
Em 2012, de um total de 9757611 eleitores inscritos apenas 6124669 compareceram às assembleias de voto, elevando a abstenção para mais de 40%. Houve mais abstémicos do que votos em partidos da oposição o que deve merecer outras apreciações dos cientistas sociais, já que em 2008 a taxa de abstenção cifrou-se nos 12,54% (8.300.000 eleitores inscritos e 87,36% de participação).
 
BOCAS
 
O povo diz o que quer, mas "o que está na boca do povo tem um quê de verdade".
Em 2008 o Boletim de voto que tinha à cabeça o PRS, na posição 10 o MPLA, na pposição 11 a UNITA, na 9 a Nova Democracia e na 12 o PADEPA. Alguns partidos se terão beneficiado da posição que detiveram na Lista ou ainda da aproximação aos Partidos de maior expressão o que segundo analistas terá permitido a Nova democacia eleger 2 Deputados.
Para 2012, há também quem diga que o ascendente da Unita nas duas Lunda não foi apenas fruto da insatisfação dos eleitores em relação ao MPLA (governo) e PRS ou da investida que Samakuva fez pela região, mas também se deveu ao facto de muitos terem confundido a posição (nº 1) que o PRS detinha no Boletim de 2008 que desta vez foi ocupada pela UNITA.
Verdade ou mentira, são bocas mas com o seu quê de lógica.

terça-feira, setembro 11, 2012

UM DESABAFO AO MEU PARTIDO

Não abdico das minhas convicções políticas, desde os tempos da OPA, passei pela Jota (JMPLA), com responsabilidades políticas no Rangel, e sou militante de base do Partido a que não abdico. Mas tenho cada vez mais "medo". O Partido MPLA está entupido de lambe-botas e intriguistas que passam a vida a acotovelar os outros militantes com opinião própria.
 
Querem que deixemos de pensar e de emitir o que pensamos. E há os que, por saberem que nunca pensaram e jamais pensarão de suas próprias cabeças, julgam que o único discurso existente é o do "yesmanismo", o discurso de laboratório que vêm despejar em catadupas aos leitores, ouvintes e telespectadores.
 
Esses "sem cérebro" são os mais perigosos. Não deixam a ciência e a opinião livres progredirem. Vêem malícia em tudo. Não sabem julgar. Atacam mesmo quando não recebem ordens para tal. Querem agradar e estar sempre próximos dos dólares negados a muitos silenciados e carentes. Há muita gente que se alimenta de cheiro de pão, quando uns poucos tomam chá em chávenas de ouro e decoradas de diamantes.  
 
O Partido só crescerá muito mais se limpar os tímpanos e der ouvidos aos milhares que são marginalizados. Somos muitos, intelectuais, operários e camponeses, que demos o nosso contributo na hora certa e ,se calhar, mais difícil da vida do Glorioso e que somos simplesmente ignorados, apagados na hora das ideias. Substituídos por gente sem discurso, doutores de fato (não de facto) e de meia-tigela...

Está dito.  
Que venha a guilhotina!

sábado, setembro 08, 2012

O DUNDO E O DESENVOLVIMENTO À VELOCIDADE DA ESTRADA

Ainda por reabilitar. Proximo do Dundo
É indubitável. O desenvolvimento passa pelas estradas!
Há alguns anos, fruto do conflito armado e da destruição das vias ferro e rodoviárias o país era visto como demasiadamente logo. Tudo ficava distante.
Esta distância que podia durar uma semana de percurso ou mesmo insuperável por terra é hoje superada em horas, nalguns casos.
Saurimo e Dundo, cidades do nordeste Angolano estão separadas por pouco mais de 370 Km percorridos hoje entre 5 a 6 horas. Ainda é muito tempo que se perde a contornar pequenos obstáculos, numa rodovia que varia entre o bom e o mau. Porém o início das obras de requalificação e alargamento da Estrada Nacional 180 é um bom passo. E a distância começa a encurtar-se, uma vez que ela já foi bem maior.
De Saurimo à ponte sobre o rio Pelenge, passando pelo desvio de Catoca, os trabalhos permitiram já o alargamento da plataforma para 11 metros. O sinuoso troço até ao Luó ganhou um “tapa buracos” embora o material usado na empreitada (empréstimos pedregosos) impeça um transito rápido. É de entender que a característica geomorfológica dos solos não ajuda muito por ser arenosa e de fácil decomposição uma vez aplicada na rodovia, razão pela qual se recorre ao material supracitado.
Troço reabilitado e alargado
Do desvio do Lucapa ao Kamissombo, cerca de 60 km, o tapete é recomendável. Novo e em boas condições, acontecendo o mesmo já à chegada ao Dundo onde o trabalho de alargamento e resselagem da estrada progride em direcção ao Sul.
Para quem faz o percurso pela primeira vez, uma chamada de atenção: a estrada está num espaço intermédio entre os rios Luachimo e Chicapa que correm paralelos em direcção ao norte. Há poucos rios que cortam a estrada, pelo que a água para o radiador ou outras necessidades tem de ser levada a bordo. Num espaço de 370 km há apenastrês rios que interceptam a estrada e em intervalos bastante prolongados.

quarta-feira, setembro 05, 2012

NJAMBELA: UM BOM EXEMPLO QUE VINCA



Há um ano era apenas uma senhora da aldeia de Kaikanga que vendia batata-doce junto à estarada que liga Catoca a Saurimo, na Lunda Sul.
 
Oriunda de Benguela, a Srª Njambela contou-me que era "invejada" pelas vizinhas que "não viam com bons olhos" o seu apego à agricultura diversificada (aqui o povo pratica apenas a monocultura da mandioca).
"Até o terreno que o soba me tinha dado me receberam com ele", contou entristecida. Porém,  insistente como é, Njambela continuou com as "nakas" onde produz tomate, repolho, cebola e outras hortícolas que vende junto à estrada.
Como o bem sempre venceu o mal, as "invejosas" começaram a seguir o seu exemplo e hoje são várias as mulheres da aldeia que produzem e vendem hortícolas no local.
 
A aldeia de Kaikanga é já referencia para quem quer comprar tomate ao nível do municipio de Saurimo, sendo notáveis os visitantes que para lá se dirigem em busca de tomate fresco a bom preço.
 
Njambela, única ovimbundu na aldeia, é procedente de Benguela onde se juntou ao marido que foi cumprir "a vida militar". O seu exemplo está e deve ser seguido por mais mulheres das Lundas.

domingo, setembro 02, 2012

CHEGOU A HORA DA PROBIDADE

Noticiou o Jornal de Angola, na sua edição de 23 de Agosto de 2012, que a presidente da Libéria, Ellen Johnson, suspendeu mais de 40 titulares de cargos públicos, incluindo o seu filho, por não terem, em tempo oportuno, feito a declaração de bens.

Grande medida!

Já que quase todos os partidos concorrentes às eleiçoes ninguem se debruçou a fundo sobre a questão da probidade durante a campanha eleitoral, que tal se essa fosse uma chave da governação do MPLA nos próximos 5 anos que, pelo andar da contagem, tem as eleições de 31 Agosto último ganhas?
 
Não seria um grande favor se a oporunidade fosse usada para moralizar a sociedade e aplicar-se a tão propalada Probidade.

Gostaria de ver o presidente José Eduardo dos Santos a exigir no momento da nomeação a declaração de bens aos futuros titulares de cargos públicos. Não interessa como os conseguiram, mas, doravante, devem ser controlados para não levar ao bolso aquilo que o orçamento destina a benfeitorias sociais e públicas. É preciso passar a pente-fino a questão das empreitadas que são adjudicadas às empresas de governadores, ministros, membros do CC, do Bureal Político, seus vices e pessoas à volta do poder político.
 
Estou crente que os Cdas lá no CC e BP estão atentos e não deixarão cair em saco roto esta sugestão dum militante (embora de base) mas que já deu outras ideias nos níveis em que milit(a)ou.