Verdade ou mentira, Sembe cumpriu. Recebido com sobrados do repasto anterior, fez do estômago um saco elástico. Aliás, antes serviu uma aguardente para "matar as lombrigas".
_ É para abrir o apetite, manos. Não me olhem só assim. _ Argumentou.
Seguiu-se a pratada regada com vinho que degustou até ao fim. Quando o “mwene-a-bata” (dono de casa) chegou e se sentou à mesa da sala interior, o puto Sembe foi chamado também.
_ Come um pouco de funji. Ontem estavas muito ausente e quase ninguém te viu. _ Disse o comissário Sabalu, pai da noiva e tio de Sembe e Mangodinho.
Entre um dedo de conversa, uma garfada e um gole, tragou o que lhe fora apresentado. Uns copos de vinho e outros de aguardente que não o deixaram ébrio de momento.
Já no avião, máquina de ferro no ar, Sembe não se emporcou, mas no assento se transformou em pedra e roncador. Dormitou até que o pássaro poisou no chão da Ngimbi, não se dando conta que a sua carteira de documentos caíra para debaixo do banco.
Ao transpor a migração, mão no bolso, carteira com bilhete nada. Revista na pasta de mão, nada. Revista na pasta de roupa, nada.
_ Ai wê, môs docs! – Gritou.
Um polícia de fronteira se abeirou e sentiu o alambique em que sembe se tinha transformado.
_ O moço tem o canhoto da passagem?
- Sim chefe, tenho. Faxavor, me ajuda só ir nas aeromoças procurar debaixo do banco.
_ O moço tem certeza que veio com os documentos em mão?
_ Sim, sô polícia. Exibi o bilhete ao entrar no avião.
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Publicado pelo JA a 02.02.2025
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